Saúde

Mesmo após vacinação, casos de covid 19 voltam a subir no Paraná

Omissão de governos, sensação de falsa de normalidade e variante Delta estão entre as causas

Paraná |
Casos de Covid-19 voltam a crescer no estado por descaso governamental e sensação de volta à normalidade - Giorgia Prates

O Paraná tem, neste momento, novo crescimento do número de casos do coronavírus. Na terça-feira (24), foram registrados 1.911 novos casos de pessoas contaminadas. Maior que no início do mês de agosto, com 481 casos confirmados. Já a média móvel de mortes está em 72 por dia. Para piorar, o Paraná está há mais de uma semana como o estado com a maior taxa de transmissão do vírus, com R.T de 1,11, cada 100 pessoas transmitem para outras 111. 

São números preocupantes, já que a expectativa era de que com o avanço da vacinação houvesse queda. O Brasil de Fato Paraná conversou com especialistas para entender as causas dessa situação. Uma delas é que, com o avanço da vacinação, mesmo lento, uma “sensação de normalidade” começou a ser gerada na população pelos próprios governos. 

Para o Professor Emanuel Maltempi, presidente da Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus, da Universidade Federal do Paraná, “A culpa também é dos governos que começaram a passar para a população uma sensação bastante falsa de normalidade por causa de alguns dados que vieram pós-vacinação. Mas, com 25 a 70 mortes diárias e os casos aumentando, ainda é pandemia no pico. Não é situação normal”, explica. 

Variante Delta 

A outra causa apontada por Maltempi é o maior nível de transmissibilidade da nova variante, a Delta, que teve sua transmissão comunitária confirmada no Paraná no final de julho. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) confirmou na segunda-feira (23) mais dois casos e um óbito dessa variante no Paraná. Agora, o estado soma 58 casos e 19 óbitos da cepa. 

“É preciso olhar para países que tiveram o avanço da Delta muito rápido, justamente porque flexibilizaram os protocolos de prevenção por causa da vacinação. Inclusive descartando o uso de máscara. O resultado foi uma explosão de casos no Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo”, diz Maltempi. O professor destaca ainda que nesses países a vacinação está mais avançada que no Brasil, e assim mesmo houve aumento de casos. “A vacinação quanto mais rápida acontecer, mais ela protegerá a população desta nova cepa. Mas, ela sozinha não é suficiente. Os governos precisam alertar sobre isso: você, vacinado, pega Covid 19 e transmite, por exemplo, para pessoas que não tenham ainda completado seu ciclo vacinal”, diz. 

A agência de saúde pública da Inglaterra divulgou levantamento acerca dos imunizantes e a eficácia contra a Delta. Na média, a efetividade ficou em 35% para casos sintomáticos da doença com uma dose, e em 79% com duas. 

Para a médica epidemiologista Denise Garrett, a tendência é que a onda provocada pela Delta seja curta, mas alerta para a demora na vacinação. “O grande problema é que no Brasil a grande maioria das pessoas ainda não completou o ciclo vacinal, o que garantiria maior proteção – entre os vacinados (duas doses ou dose única), o risco de infecção é três vezes menor e o de morte, no mínimo, dez vezes menor”, explica. O Paraná alcançou 66,67% (6.963.580) de vacinados com a primeira dose e 25,39% (2.651.981) com o esquema vacinal completo. 

Liberou geral 

Na mesma semana da confirmação da transmissão comunitária da variante delta no Paraná, o governo estadual começou o que se pode chamar fase “liberou geral”, autorizando o retorno presencial das aulas nas escolas públicas, com professores apenas com uma dose da vacina, além de outras flexibilizações, como a autorização de eventos para 500 pessoas. Já em Curitiba, a Prefeitura autorizou o retorno do público aos estádios de futebol e manteve a bandeira amarela, que indica menor risco que nas fases anteriores. 

Fonte: BdF Paraná

Edição: Frédi Vasconcelos