Direitos Humanos

Primeira ouvidora trans eleita no PR: “Quero dar visibilidade à população da qual faço parte”

Foi na luta por um ambulatório para população trans que Karollyne reconheceu a importância da Defensoria Pública

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Karollyne Nascimento, 47 anos, mulher trans, foi eleita ouvidora da Defensoria Pública do Paraná para o mandato 2021/2023. - Arquivo Pessoal

Karollyne Nascimento, 47 anos, mulher trans, foi eleita ouvidora da Defensoria Pública do Paraná para o mandato 2021/2023. É a primeira mulher trans a ser eleita para este cargo. Concorreram também ao cargo a líder popular e do movimento negro, Andreia Lima, e a advogada Eliza Ferreira. Durante a eleição (transmitida via YouTube), as candidatas tiveram a oportunidade de contar sobre suas trajetórias junto aos movimentos populares, além de responderem a questões levantadas pelos conselheiros sobre suas propostas.

A trajetória de Karollyne é marcada pela forte atuação em prol dos direitos de travestis e transexuais. De 2018 a 2021, foi coordenadora geral do Transgrupo Marcela Prado. Ao Brasil de Fato Paraná, ela disse que foi nesta entidade que ampliou relações e começou a se interessar pelo trabalho junto à Defensoria Pública. “Dentro desta instituição, tive a oportunidade de participar de vários espaços de representações e discussões de diversos movimentos dos quais hoje tenho muita proximidade e boa comunicação”, contou Karollyne.

No meio do caminho, Karollyne se envolveu na luta para conseguir implementar um ambulatório trans no Hospital de Clínicas. “Minha aproximação com a Defensoria se deu através das discussões para garantir o ambulatório. Desde então, permaneci em contato com a Defensoria para outros projetos”, disse.

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Para ela, concorrer à vaga de ouvidora da Defensoria também teve como objetivo dar visibilidade às lutas especifica da população trans e travesti. “Eu resolvi me inscrever para me somar à luta das mulheres e também dar visibilidade à população da qual faço parte, que jamais imaginou poder ocupar tal espaço. Pretendo, em parceria com movimentos sociais, sociedade civil e com a estrutura da defensoria, garantir o atendimento ao público mais vulnerável e garantir seus direitos”, explicou.

A ouvidora eleita destaca que sabe que também há problemas a serem enfrentados. "A Defensoria tem um papel relevante no que se refere ao acesso à justiça, sendo um órgão muito importante, principalmente, para a população de baixa renda. Mas como órgão público que é, entendo que tem suas deficiências e que acabam por refletir no atendimento ao público", argumentou Karollyne

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Ativista de Direitos Humanos, Karollyne Nascimento também integrou o Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná (COPED), representando o Transgrupo Marcela Prado, é conselheira Municipal de Saúde, conselheira Municipal dos Direitos da Mulher, membra consultiva da CDSG/OAB, membra consultiva da CEVIGE/OAB, membra do Comitê LGBTI da Sejuf, membra do GT LGBTQI da SESP e membra da Marcha Mundial das Mulheres, além de atuar também no grupo Desencarcerar PR e Pastoral Carcerária.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini