VIOLÊNCIA

Adolescente e padrasto são mortos em ação da Polícia Militar no bairro de Anchieta (RJ)

Caso aconteceu no sábado (25) e outras duas pessoas ficaram feridas; Corregedoria da PM está na investigação

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Testemunhas afirmam mortos não tinham envolvimento com o crime - Voz da Comunidade

No último sábado (25), uma ação do 41º BPM (Irajá) no bairro Anchieta, na zona norte do Rio de Janeiro, matou duas pessoas e deixou outras duas feridas. Willian Vasconcellos da Silva, 38 anos e o enteado, Samuel Vicente, 18 anos, morreram após serem alvejados por disparos de arma de fogo na saída de um baile funk na comunidade do Chapadão. 

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Segundo uma amiga da família de um dos baleados, Samuel e Camily da Silva Apolinário eram namorados e estavam em um baile funk, na comunidade do Chapadão. A jovem teria passado mal e desmaiado. Samuel ligou para o padrasto, que foi ao local de moto a fim de levá-la até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ricardo de Albuquerque.

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No caminho, os três, que estavam na motocicleta, foram surpreendidos por uma equipe de policiais militares que já teriam atirado. Os três e mais uma quarta pessoa, ainda não identificada, foram baleados e levados para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes.

Camily está internada no Hospital Getúlio Vargas e apresenta quadro de saúde estável. A família diz que a jovem aguarda por cirurgia. A moça não está sob custódia.

O que diz a PM?

Por meio de nota, a PM diz que foi atacada a tiros por criminosos armados enquanto estavam em patrulhamento pela Rua Alcobaça. Após cessar o confronto, a equipe diz ter encontrado três suspeitos feridos. Com eles, a corporação afirmou ter encontrado duas pistolas, carregadores, munições, um conversor para submetralhadora, dois rádios comunicadores e drogas. 

Em entrevista ao Bom dia Rio, da TV Globo, na manhã desta segunda-feira (27), o porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Ivan Blaz, informou que a Corregedoria da corporação investiga as mortes de Samuel e William. Segundo Blaz, a Corregedoria da PM já está no caso desde sábado, por determinação do secretário Luiz Henrique Pires.

"É muito importante deixar claro que tanto a nota produzida pela assessoria de imprensa da PM quanto as informações repassadas ao noticiário foram baseadas nas declarações dos policiais do 41º BPM (Irajá). Esses agentes, que fizeram o registro na delegacia, apontam que após esse confronto, várias pessoas apareceram ali feridas e foram encaminhadas para o hospital", disse o porta -voz da PM que ainda caracterizou a região do Complexo do Chapadão como "complexa" e com forte domínio do tráfico.

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Blaz também destacou a importância das câmeras nos uniformes dos agentes de segurança.

“Essas câmeras serão ferramentas fundamentais na sustentação das alegações e nas defesas dos policiais. Os equipamentos farão toda a diferença, uma vez que irão registrar aquilo que só o policial e o teatro de operações consegue observar. Alegações em juízo e na mídia serão sustentadas por essas imagens", explicou. 

Família contesta

A dona de casa Sonia Bonfim, que teve o marido e o filho mortos na ação, contesta a versão apresentada pela polícia. Ao jornal O Dia, ela informou que os documentos de William desapareceram após as mortes.

"Não havia operação, eles entraram atirando. Chegaram para matar", desabafou Sônia, afirmando que os documentos do marido ainda não foram localizados. "Eu quero os pertences e documentos do meu marido. Eles (policiais) falaram que bandido não tem documento. Ali não tinha nenhum bandido", ressaltou. 

As armas dos policiais envolvidos na ação foram apreendidas pela Polícia Civil. O caso é investigado na delegacia de Vicente de Carvalho.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister