Direitos Humanos

Chile decreta Estado de Exceção em área revindicada por índios mapuches

Sebastian Piñera fez o anúncio no dia que marca a chegada dos espanhóis na América

São Paulo (SP) |

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Manifestante mapuche é reprimido pelas forças de segurança em Santiago durante protesto no dia 10 de outubro - Martin Bernetti / AFP

O presidente do Chile, Sebastian Piñera, determinou na terça-feira (12) Estado de Emergência na Macrozona Sul por 15 dias. O anúncio foi feito no "Dia dos Encontros do Mundos", data comemorativa do Chile e outros países em referência à chegada de Cristovão Colombo em 1492 na América, episódio que deu início à colonização.

De acordo com Piñera, o objetivo é enfrentar “os graves e repetidos atos de violência ligados ao narcotráfico, terrorismo e crime organizado, cometidos por grupos armados". Com a medida, serão escolhidos "chefes da Defesa nacional" por um período de 15 dias, renováveis por mais 15 dias.

Com o Estado de Exceção, as Forças Armadas poderão fornecer apoio logístico, tecnológico, de comunicações, vigilância, patrulhamento e transporte "a todos os procedimentos policiais que se desenvolvem nas províncias declaradas em Estado de Exceção”, disse o presidente do Chile. 

A região sul do Chile é marcada por conflitos por terras reivindicadas por mapuches, o maior grupo indígena do país.

Leia mais: Policiais sitiam mapuches em recuperação de terras ancestrais na patagônia argentina

Na mesma terça-feira (12) do anúncio de Piñera, uma marcha de indígenas mapuches foi reprimida em Santiago.

A estudante de direito e ativista indígena Denisse Cortés acompanhava a marcha para garantir a segurança legal dos participantes e foi morta. De acordo com a polícia, ela foi atingida por fogos de artifício que partiram da manifestação.

Já os manifestantes afirmam que Cortés foi atingida no pescoço por um projétil de gás lacrimogênio disparado pelas forças de segurança. Ao menos 12 pessoas foram presas e outras 20 foram feridas pela repressão.

Piñera é um dos presidentes flagrados no Pandora Papers. O líder chileno usou uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas para vender sua participação em um projeto de mineração.

O negócio de cerca de R$ 745 milhões também estaria condicionado à suspensão do título de unidade de preservação ambiental na zona onde a mineradora pretendia extrair cobre e ferro. A oposição apresentou um pedido de investigação contra Piñera.

O Chile escolherá seu próximo presidente no dia 21 de novembro. Os favoritos para o segundo turno são o líder de esquerda Gabriel Boric e o candidato de extrema direita José Antonio Kast.

* Com informações de Peoples Dispatch e Telesur.

Edição: Leandro Melito