Solidariedade

Comunidades carentes do Paraná recebem 80 toneladas de alimentos da Reforma Agrária

Cestas serão entregues entre os dias 3 e 5 de novembro, na capital e em mais sete cidades da região Centro Sul do Paraná

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Alimentos foram produzidos por camponeses da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar - Foto: Jaine Amorin/MST-PR

Entre os dias 3 e 5 de novembro, 2667 famílias de oito municípios do Paraná vão receber 80 toneladas de alimentos produzidos por camponeses e camponesas de áreas da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar. A ação é realizada pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro) em parceria com a Fundação Banco do Brasil, por meio do projeto “Brasileiros pelo Brasil”.

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O público atendido pela ação faz parte das 116,8 milhões de pessoas que vivem em situação de insegurança alimentar no Brasil, sem o suficiente para se alimentar ou em situação de fome - segundo pesquisa da Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar), de dezembro de 2020. 

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“A pandemia contribuiu para agravar as contradições e problemas históricos da sociedade capitalista, como a falta de acesso aos direitos humanos fundamentais básicos como acesso à moradia, à saúde, trabalho e renda e à alimentação adequada e de qualidade. No campo e na cidade os trabalhadores e a população que vive em situação de vulnerabilidade social sentem os principais efeitos dessa crise estrutural que se agravou com a pandemia, a pobreza e a fome”, avalia Thaile Lopes, integrante da coordenação do Ceagro e produtora agroecológica do Assentamento 8 de Julho, de Laranjeiras do Sul.

Cada cesta terá arroz (5kg), feijão (2kg), fubá (1kg), folhosa (1 unidade de alface, almeirão, escarola, rúcula ou couve), brássica (1 unidade de brócolis, couve flor ou repolho), raízes/tubérculos (2kg de mandioca ou batata doce), ovos (1 dúzia), fruta (2kg), leite integral (2 litros), açúcar mascavo (1kg), chá mate (250gr), banha suína (1kg), limão (500g), tempero verde - cebolinha/salsinha (500g) e farinha de trigo (5kg).

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Das 80 toneladas, 20 toneladas são in natura e as outras 60 agro-industrializadas/processadas. Também será entregue um sabão em barra para higiene pessoal.


Bananas são produzidas pelo Grupo de Agroecologia e Associação de Produtores Rurais Orgânicos Nova Alternativa de Laranjal, e da Associação Filhos da Terra, de Antonina / Jaine Amorin/MST-PR

Ao todo, 3.715 agricultores e agricultoras familiares vinculados a grupos de agroecologia, associações, cooperativas, agroindústrias destinaram alimentos para a ação. As cestas terão cerca de 30 quilos cada, com mais de 70% dos itens produzidos de forma agroecológica ou em processos de transição, sem uso de agrotóxicos e com relações justas de trabalho e cuidado com o meio ambiente.

Cada item simboliza também o esforço de famílias camponesas na produção de alimentos saudáveis. O feijão, por exemplo, vem direto do Grupo de Agroecologia e Associação de Produtores Rurais Orgânicos Nova Alternativa, de Laranjal, da Associação dos Produtores Rurais da Comunidade do Xaxim/Grupo Palmeirinha, de Palmital, e da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (COPACON), localizada no assentamento Eli Vive, em Londrina.

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Em maio de 2020, a Ceagro e a Fundação BB já haviam partilhado 80 toneladas de alimentos pelo estado (em 2 etapas). Agora, serão 80 toneladas em apenas uma etapa.


O único item vindo de fora do Paraná é o leite integral, produzido pela Cooperativa Regional de Comercialização do Extremo Oeste de Santa Catarina / Foto: Jane Amorin/MST-PR

Solidariedade permanente 

Thaile Lopes explica que, para organizar a campanha de aquisição e doação de alimentos nesse atual cenário pandêmico, o Ceagro tomou como base a experiência dos movimentos populares, especialmente a do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Desde o início da pandemia, o MST realiza uma campanha para produção, doação de alimentos e marmitas, entre outras ações de solidariedade com o objetivo de amenizar os efeitos sociais da crise estrutural que se agravou com a pandemia da covid-19.

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Ao todo, mais de 790 toneladas de alimentos foram partilhadas desde abril de 2020 por famílias da Reforma Agrária de todo o Paraná. Cerca de 85 mil marmitas também foram produzidas e partilhadas em Curitiba e região metropolitana pelo Coletivo Marmitas da Terra, coordenado pelo MST. 

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini