100% brasileiro

Araticum complementa renda de agricultores e é rico em antioxidantes

Araticum cresce de forma espontânea na área de Cerrado de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Minas Gerais

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Apesar de todos os benefícios, araticum ainda sobre preconceitos entre os consumidores - Arquivo/EBC
É conhecido por possuir propriedades antioxidantes, que previnem a ação dos radicais livres

Muito doce, de sabor marcante e com um aroma que perfuma o Cerrado na frutificação. Estamos falando do araticum, também chamado de cascudo, marolo ou manolo, um fruto da família da fruta do conde, nativa do Cerrado brasileiro, que cada vez mais garante renda extra para comunidades tradicionais e nutrientes importantes para quem o consome.

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Tradicionalmente, o araticum cresce de forma espontânea na área de Cerrado de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Minas Gerais. Famílias de pequenos agricultores de comunidades tradicionais coletam os frutos, em processos de extrativismo sustentável, e comercializam em feiras, cooperativas e pequenas agroindústrias, como o Sítio Boca do Mato, localiza em Mambaí, em Goiás, que transforma essa delícia 100% brasileira em um saboroso licor.

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“Normalmente as famílias moram nas proximidades onde o fruto é farto então elas caminham alguns quilômetros ou possuem em seus quintais. Elas vendem nas feiras locais e para quem solicita”, diz Iasminy Berquó, uma das proprietárias só Sítio Boca do Mato, uma indústria de alimentos de produtos do Cerrado, que trabalha em parceria com os pequenos extrativistas.

“Na região ele é pouco utilizado comercialmente, mas seu potencial é comercial gigantesco no ramo de sorvetes, sobremesas, alta gastronomia e sucos.”

Foco de pesquisas

E se o alimento é um velho conhecido dos pequenos agricultores de Goiás, Mato Grosso e do Norte de Minas, recentemente ele tem conquistado a curiosidade de cientistas. O foco de algumas das pesquisas tem sido a casca do fruto, normalmente descartada.

Recentemente, um estudo da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, identificou que o extrato da casca do araticum ajuda a diminuir os danos causados pelos radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento e por doenças como o câncer, a catarata, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.


Estudo da Universidade Federal de Uberlândia aponta que casca do araticum é aliada no tratamento do Mal de Alzheimer / Divulgação/ ICMBio

Na mesma linha, uma tese de doutorado da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) aponta que a casca do fruto é um aliado no tratamento do Mal de Alzheimer. Isso porque ela é rica em compostos chamados alcaloides aporfínicos, que já apresentaram resultados promissores no tratamento da doença.

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O engenheiro de alimentos José Fabio Soares explica que não apenas a casca, mas também a poupa, é rica em nutrientes fundamentais para saúde, entre eles a vitamina A, com grande potencial antioxidante.

“É conhecido por possuir propriedades antioxidantes, que previnem a ação dos radicias livres no organismo, que são responsáveis pelo envelhecimento precoce, principalmente da pele”, diz Fabio, que é o responsável técnico pela Cooperativa de Agricultura Familiar Grande Sertão, em Montes Claro (MG), que beneficia o araticum para a produção de poupas congeladas. “A poupa em si é muito saborosa, tem sabor adocicado, rico em nutrientes como ferro potássio, cálcio, vitamina C a vitamina A e vitaminas do complexo B.”

Apesar de todos os benefícios, o fruto ainda sofre alguns preconceitos entre os consumidores, como conta o analista ambiental Sandro Raphael Borges.

“Existem vários mitos em relação a esse fruto. Falam que não pode tomar com pinga, não pode tomar a noite porque é remoso, gorduroso, de sabor mais marcante”, diz. “É uma árvore de porte médio a alto. As folhas são muito brilhosas, arredondadas, os frutos são grandes, na forma de pinha e ele não gosta do Cerrado de campo limpo, mas de ter árvores companheiras. A primeira forma de conhecer é pelo cheiro porque é muito cheiroso no período de frutificação e tem sabor muito acentuado”.

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Esta delícia do Cerrado, além de ser muito saudável, é a base de sorvetes, pães, rocamboles e até petit gateau e muffin, pratos da alta gastronomia com um toque brasileiro. Confira as receitas:

Petit Gateau de Araticum

Ingredientes

10 gemas
5 claras
100g de farinha de trigo
250g de doce de araticum passado pela peneira
250g de manteiga

Modo de preparo: Peneira as gemas e junte às claras em um pirex. Mexa bem e misture a farinha. Depois acrescente o doce de araticum e a manteiga. Se necessário, aqueça para incorporar bem. Despeje em forminhas untadas e asse por sete minutos no forno a 300°C.

Muffin de araticum

Ingredientes

3 colheres de sopa de manteiga sem sal derretida
250g de farinha de trigo
2 colheres de chá de fermento em pó
½ colher de chá de canela em pó
½ colher de chá de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal
120g de açúcar mascavo
1 xícara de polpa de araticum
castanha de baru picada a gosto
uva passa a gosto

Modo de preparo: Comece pré-aquecendo o forno a 190°C. Depois misture os ingredientes secos em uma tigela grande e faça um buraco no meio. Bata os ovos e o açúcar à mão e leve ao fogo baixo até incorporar. Acrescente à mistura o leite, a manteiga e o araticum e misture até formar um creme. Depois junte o creme aos ingredientes secos, mexa suavemente até agregar, despeje em forminhas untadas e leve para assar por até 30 minutos.

Edição: Letícia Viola