O Conselho Supremo Eleitoral da Nicarágua publicou o 3º relatório preliminar das eleições com a apuração completa confirmando a reeleição de Daniel Ortega para a presidência, com 75,87% da votação. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) também manteve seu favoritismo no Legislativo, ganhando 74% das cadeiras na Assembleia Nacional e 73% dos votos para representantes ao Parlamento Centro-Americano.
Com 2,9 milhões de votos, a participação geral foi de 65% do eleitorado. Os resultados finais devem ser divulgados no dia 15 de novembro. Daniel Ortega e Rosario Murillo iniciam seu 5º mandato a partir de 2022.
#EleccionesSoberanas2021🇳🇮| Tercer Informe con 100% de Juntas escrutadas y computadas Elección: Presidente/a Vicepresidente/a🗳
— Consejo Supremo Electoral de Nicaragua 🇳🇮 (@cse_nicaragua) November 10, 2021
🏫𝑱𝒖𝒏𝒕𝒂𝒔 𝑹𝒆𝒄𝒆𝒑𝒕𝒐𝒓𝒂𝒔 𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍𝒆𝒔 13,459
☑️𝑱𝒖𝒏𝒕𝒂𝒔 𝑬𝒔𝒄𝒓𝒖𝒕𝒂𝒅𝒂𝒔 100%
👫🏻P𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎𝑐𝑖ó𝑛 𝑐𝑖𝑢𝑑𝑎𝑑𝑎𝑛𝑎 65.26% pic.twitter.com/I2LZjbTYxv
Algumas horas depois, como forma de represália, o presidente dos Estados Unidos emitiu novas sanções unilaterais contra a Nicarágua. Na última quarta-feira (10), Joe Biden assinou a Lei de Fortalecimento da Aderência da Nicarágua a Condições para a Reforma Eleitoral de 2021 (RENACER - siglas em espanhol), que prevê restrição de crédito internacional e barreiras para emissão de vistos para combater a "corrupção".
Embora tenha recebido apoio bipartidário no Congresso dos EUA, a medida foi promovida por parlamentares de origem cubano-estadunidenses do partido Republicano, como María Elvira Salazar, que foi casada com um dos pré-candidatos opositores detidos antes das eleições na Nicarágua.
Já em 2018, durante a gestão Trump, o Congresso havia aprovado o Nica Act, que dava carta branca para o Estado usar sua "influência" para impedir que organismos internacionais financiassem instituições públicas nicaraguenses.
Junto à Venezuela, na América do Sul, e Cuba no Caribe, a Nicarágua é considerada o outro foco de resistência à influência dos Estados Unidos na região centro-americana, considerados o "triângulo socialista" pelo setor mais conservador da política estadunidense. Ao longo do último século, apoiando intervenções e golpes de Estado, a Casa Branca conseguiu ter governos aliados em todos os vizinhos dos nicaraguenses.
Agora Biden também impôs exigências de maior "transparência" da Nicarágua sobre suas importações de tecnologia militar russa. O governo russo foi um dos primeiros a manifestar seu reconhecimento da legitimidade das eleições nicaraguenses.
A ministra de Defesa Rosa Barahona qualificou as sanções emitidas durante a pandemia de covid-19 de "crimes de lesa humanidade, que são inaceitáveis, rechaçamos e reiteramos nossa condenação permanente".
O chanceler russo Serguéi Lavrov qualificou as novas medidas impostas pelos EUA como "inaceitáveis". Da mesma forma, a porta-voz da chancelaria, María Zajárova afirmou que "o objetivo foi declarado, ninguém o ocultou, criar novos problemas para o governo sandinista que segue seu rumo independente".
Na América Latina, os governos de Cuba, Bolívia e Venezuela também apoiaram a legitimidade do resultado das urnas. Enquanto Argentina, Peru afirmam que faltaram "condições democráticas" e o México irá esperar os resultados oficiais para se manifestar.
Outros 40 ex-chanceleres, reunidos em Washintgon, durante a 51ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) tacharam as eleições de uma "farsa". Em resposta, o embaixador nicaraguense na OEA, Arturo McField Yescas, afirmou que o processo aconteceu "em liberdade e sem chantagens".
As principais acusações recaem sobre a detenção de 20 opositores, entre eles pré-candidatos presidenciais, em julho deste ano, acusados de lavagem de dinheiro, terrorismo, conspiração e incentivo à intervenção estrangeira.
Na maioria dos casos, os políticos recebiam financiamento de agências de cooperação ou ONGs com sede nos EUA.
* Com informação de Telesur, DW e Últimas Notícias
Edição: Arturo Hartmann
