Eleições no Chile

Revolta de 2019 ajuda a explicar os favoritos das eleições chilenas, diz pesquisadora

País escolhe neste domingo presidente, deputados e senadores

Brasil de Fato | São Paulo |
Cabine eleitoral no Chile - Martin Bernetti / AFP

Chilenas e chilenos vão às urnas pela quinta vez em dois anos neste domingo (21). Dessa vez, os votos serão para escolher o novo presidente, não há reeleição no país, e 127 deputados e outros 27 senadores para renovar metade do Senado.

Das outras vezes, a população, no período, votou no plebiscito pela realização de uma Constituinte, escolheu os constituintes, votou em dois turnos para eleger governadores e nas primárias presidenciais.

Com a ressalva de que as últimas pesquisas eleitorais realizadas no país passaram longe de fazer um retrato fiel do que viria a ser apurado nas urnas nos casos acima citados, o pleito deste domingo tem dois favoritos para um segundo turno: o candidato de extrema direita José Antonio Kast e o esquerdista Gabriel Boric.

::  Chile: Ultradireita e esquerda chegam como favoritas a semana decisiva das eleições ::

Para Denilde Holzhacker, professora do curso de Relações Internacionais da ESPM-SP, a revolta popular registrada no Chile em 2019 ajuda a explicar o quadro. As manifestações começaram como um repúdio ao aumento da passagem do metrô em Santiago, expandiram suas pautas e abriram caminho para a Constituinte em curso.

Milhares de pessoas foram presas e feridas pelas forças de segurança — e outras dezenas foram mortas.

A professora da ESPM avalia que o descontentamento com o atual regime político demonstrado no estallido social pode ser enxergado nos eleitores de Boric e Kast: nos primeiros, o questionamento sobre a falta de bens e serviços públicos como saúde e educação; já no segundo, um temor pela mudança do papel do Estado e um aumento dos impostos.

"Nas duas pontas, você tem um questionamento sobre a capacidade do modelo, do modelo político tradicional, de responder às demandas, tanto por um grupo quanto por outro", diz Holzhacker ao Brasil de Fato.  "São duas posições antagônicas que mostram como o Chile está nesse debate, e a gente está vendo isso também no debate da Constituição. Qual modelo que o país vai ter? Qual é a lógica de inserção futura do país? A eleição também traz esse debate."

:: Chile decreta Estado de Exceção em área revindicada por índios mapuches ::

Como nenhum dos candidatos deve alcançar os 50% mais um dos votos para vencer no primeiro turno, os dois mais votados deverão disputar o segundo turno em 19 de dezembro.

* Com informações de ARG Medios.

Edição: Arturo Hartmann