ARTE URBANA

Porto Alegre: muralismo sobre natureza será inaugurado na próxima segunda (10)

Estarão presentes os artistas responsáveis, a suíça Mona Caron e o paulista Mauro Neri, artistas locais e apoiadores

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Pintura está visível para quem transita do Centro Histórico em direção à Zona Sul pelo Viaduto dos Açorianos - Reprodução / Facebook Marcelo Sgasbossa

O muralismo de 65 metros de altura feito na lateral do prédio do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER-RS) e da Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Sul (PGE-RS), em Porto Alegre, será inaugurado na próxima segunda-feira (10). O evento vai contar com a presença dos dois artistas responsáveis pela pintura, a suíça Mona Caron e o paulista Mauro Neri, além de entidades e parcerias que apoiaram o projeto de arte urbana.

A pintura, visível para quem transita do Centro Histórico da Capital em direção à Zona Sul pelo Viaduto dos Açorianos, retrata a planta nativa Justicia Gendarussa, também conhecida como "quebra-demanda", "quebra-tudo" ou "vence tudo", que cresce entre os braços de uma mulher negra.

O projeto foi idealizado pelo Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus) e também foi um espaço de troca de saberes artísticos e estímulo à arte urbana local. Diretor da entidade, Marcelo Sgarbossa conta que a ideia surgiu em 2013, na 2º edição do Fórum Mundial da Bicicleta.

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“A Mona Caron, artista suíça e cicloativista ficou encantada quando conheceu esse prédio porque ele é quase um totem na cidade, sem obstáculos visuais e em localização estratégica”, explica.

Segundo ele, a artista pinta, em cidades de diversos continentes, essas plantas espontâneas, chamadas de ervas daninhas, que nascem em meio ao concreto. “É uma espécie de homenagem a essas plantas como uma forma poética de dizer que apesar do nosso desenvolvimentismo, a natureza vencerá”, afirma.


Artistas pintaram a obra em uma plataforma presa no topo do prédio com um sistema de contrapeso / Reprodução / Facebook Marcelo Sgasbossa

Troca de saberes com artistas locais

Júlia da Costa, integrante do Lappus, destaca a oportunidade do convite de Marcelo para a população periférica participar do projeto. Ela saudou a confiança e o convite às comunidades, “principalmente as comunidades quilombolas, para estarem aqui presentes e se reconhecerem neste desenho”.

Durante sua realização, artistas locais participaram de oficinas onde acompanharam de perto o trabalho de Mona e Mauro. Um deles, Luiz Flávio Trampo, disse que a troca de experiências foi um intercâmbio fundamental que qualifica ainda mais o movimento que existe na cidade há um bom tempo.

No mesmo sentido, Fábio Eros destaca a importância para a cena local em receber os artistas de renome. “Mostra que a gente faz parte do circuíto, tem arte, tem artistas aqui para contribuir, já que o trabalho deles não é solo e tá reunindo muita gente da comunidade, do grafite, da pintura”.Na avaliação de Andressa Lawish, a oportunidade foi de muito aprendizado. “A gente aprende muita coisa porque ou a Mona ou o Mauro nos ensinam vários macetes para uma pintura desse tamanho. Muito enriquecedor”, conclui.

Sobre os artistas

Mauro Neri também conhecido como "Veracidade", tem origem na periferia de São Paulo, é educador, artista plástico, co-responsável pelo movimentos Imargem, Cartograffiti e Infograffiti, projetos multidisciplinares de arte e educomunicação sobre meio ambiente e direito à cidade. Formado em licenciatura em Artes Visuais, frequentou a Academia de Belas Artes na Itália. Expõe nas ruas e instituições no Brasil e no mundo.

Mona Caron é uma artista suíça, residente em São Francisco (EUA), com foco em pinturas murais de grande escala em espaços públicos. Ela tem sido convidada a realizar encomendas de arte pública para prefeituras de cidades nos EUA, Europa, Ásia e América do Sul, e é contratada também por instituições culturais, escritórios de arquitetura e incorporadoras. Mona também faz obras gratuitas para comunidades populares, em contextos de ajuda a sensibilização a problemas vigentes. Ela abriu mão de pagamentos pelo trabalho realizado em Porto Alegre e propôs a inclusão complementar da obra de Mauro junto com a sua.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Marcelo Ferreira