arte e denúncia

Exposição "Desastre Pandêmico" inicia nesta quarta no Centro de São Paulo

Evento busca refletir a conjuntura social e denunciar a catástrofe governamental na gestão da pandemia no Brasil

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Para Gabriel Prado, um dos curadores da exposição, retirar essas artes do seu local íntimo e pessoal e colocá-las em diálogo com o mundo pode servir como um processo historiográfico de compreender o que foi a pandemia no Brasil - O feijão é nossa arma / Mulambö

Terá início às 14h desta quarta-feira (12), a exposição “Desastre Pandêmico”, que busca refletir a conjuntura social e denunciar a catástrofe governamental na gestão da pandemia, a partir da condução negacionista determinada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). 

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Sob curadoria de Gabriel Prado e Christopher Kapáz, a exposição ocorrerá no espaço UM55, localizado no bairro da República, Centro de São Paulo, e ficará em cartaz de quarta-feira a domingo das 13h às 22h, até o dia 13 de fevereiro, data em que, há 100 anos, estreou a Semana de Arte Moderna. 

Para Kapáz, "o início do modernismo no Brasil ocultou a participação de indígenas, negros e grupos de fora de São Paulo. Nada mais simbólico acabarmos a exposição nessa data". No lançamento, que contará com a presença dos artistas e da curadoria, haverá a leitura do manifesto "Desastre nos Trópicos". 

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Segundo nota divulgada pela organização, “a exposição parte de diferentes abordagens artísticas para analisar os desafios, fracassos e sucessos no combate nacional à pandemia de Covid-19. A exposição, através da diversidade regional, racial e de gênero dos artistas, desvelará diferentes perspectivas de uma pandemia que atravessou grupos de forma tão heterogênea”.

Gabriel Prado, que compõe a curadoria artística e foi o idealizador da exposição, explica que os 12 artistas foram convidados a compor essa diversidade de significados a partir da pergunta: “Como essas produções estéticas e sensoriais podem refletir os sentimentos mais conflitantes que a gente tem durante uma crise sanitária sem precedentes?”. 

A exposição é dividida em quatro eixos temáticos complementares: 1. A chegada do vírus e seus efeitos no cotidiano do país; 2. O esgarçamento dos tecidos sócio-raciais; 3. Gestão governamental omissa e ineficiente; e 4. Combate ao vírus e perspectivas de futuro. 

Para Prado, retirar essas artes do seu local íntimo e pessoal e colocá-las em diálogo com o mundo pode servir como um processo historiográfico de compreender o que foi a pandemia no Brasil. 

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“A maior contribuição da exposição, na minha opinião, é ser uma resposta contemporânea para um evento histórico que vai ser analisado em outras dimensões. Do porquê que a gente passou de meio milhão de mortos em um país com um Sistema Único de Saúde e com um histórico impecável de vacinação em massa. É muito importante dar uma resposta artística e estética para este período que nunca precisou tanto construir subjetividades sobre o que nós estamos vivendo.”

No momento, ainda não há perspectiva da realização de uma exposição online ou itinerante. Prado afirma que, “por se tratar de uma exposição completamente independente, precisamos sentir a resposta do público tanto para ampliar o projeto quanto para agregar mais artistas. Acreditamos que 2022 é um ano decisivo e que cada contribuição política, artística e social é fundamental. No momento, a exposição como foi pensada é a nossa contribuição”. 

Confira o trabalho dos artistas que estarão apresentando suas obras na exposição:

Caetano Costa @_caetanocosta | Beto Oliveira @margemdorio | Camila Nunes @camila.rbnunes | Denilson Baniwa @denilsonbaniwa | Heitor Dutra @hetoir | Joyce Pereira @joy_pills | Moara Tüpinåmbá @moaratupinamba | Mulambö @mulambeta | Rafael Amorim @germedemundo | Rodolfo Camelo @camelosilva | Vanessa Pataxó @nessa_pataxo | William Maia @owilliammaia.

Edição: Vinícius Segalla