QUASE TRAGÉDIA

Rompimento de esgoto causou cratera na obra do Metrô em São Paulo, diz Sabesp

Governo de São Paulo nega choque com “tatuzão” e determina apuração

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Túnel do metrô foi inundado por esgoto após pista da marginal Tietê desmoronar - Reprodução Globonews

A cratera que se abriu na Marginal Tietê, na manhã desta terça-feira (1º) em São Paulo, foi causada pelo rompimento de uma supertubulação de esgoto, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). O incidente ocorreu por volta das 9h, ao lado de um canteiro de obras da Linha 6-Laranja do Metrô, na Freguesia do Ó, zona norte da capital paulista. Um trecho do asfalto cedeu e a via foi interditada, causando mais de 20 quilômetros de engarrafamento na região.

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Como consequência, o poço do Metrô e a cratera foram inundados pelo material saído da adutora. Cerca de 50 operários que atuam nas escavações da obra estavam no túnel, mas ninguém se feriu. Quatro operários que tiveram contato com a água contaminada foram internados por precaução. 

A Sabesp, no entanto, não informou o que teria causado o rompimento do duto de esgoto. Disse apenas que a tubulação, de 3,4 metros de largura e 2,65 metros de altura, faz parte do projeto de despoluição do rio Tietê.

Investigação 

Pelas redes sociais, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que determinou apuração imediata das causas do acidente. Além disso, também falou da necessidade de um plano para a normalizar o tráfego na região, em conjunto com a concessionária responsável pela obra e a prefeitura . 

Por sua vez, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou que o episódio é mais um que mostra “descaso” do governo e da prefeitura. “Solidariedade aos trabalhadores e aos moradores. Essencial a TRANSPARÊNCIA no esclarecimento do ocorrido para evitar novas tragédias”, tuitou. O líder do MTST e ex-candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, também se manifestou: “A população de São Paulo não aguenta mais tanto erro e tragédia.”

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O secretário de Transportes de São Paulo, Paulo José Galli, esteve no local e negou que o “tatuzão”, máquina que faz a escavação dos túneis do metrô, tivesse se chocado com a tubulação. Ele afirmou que o equipamento está trabalhando três metros abaixo da adutora rompida. 

“Os empregados saíram rapidamente. O que começou de maneira leve acabou rompendo. O solo não suportou o peso da galeria. A toneladora (tatuzão) passava três metros abaixo dessa galeria, então não é um choque da toneladora com a galeria”, disse Galli, em entrevista coletiva.

Em função do ocorrido, as pistas local e central do sentido oeste da marginal estão interditadas. Por outro lado, a pista expressa está totalmente liberada.

Avaliação

À Globonews, o especialista em gerenciamento de risco Gerardo Portella apontou a possibilidade de eventuais falhas no “monitoramento das condições do terreno”. Nesse sentido, as fortes chuvas dos últimos dias podem ter encharcado o solo, comprometendo a integridade do terreno do canteiro e provocado a abertura da cratera.

Para o ex-presidente do Metrô Sérgio Avelleda, é “improvável”, mas não impossível, que a rompimento da adutora tenha ocorrido por um acidente nas obras da estação. “As adutoras estão cadastradas (em sistemas oficiais, do estado). Quando você vai fazer o projeto, você sabe onde elas estão”, disse Avelleda ao portal Uol.

Tragédia em 2007

Há cerca de 15 anos, em 12 de janeiro de 2007, outro desabamento em obra do Metrô, na linha Linha 4-Amarela, provocou a morte de sete pessoas. Elas foram soterradas quando uma cratera de 80 metros de diâmetro se abriu no canteiro de obras da estação Pinheiros. 

Na ocasião, ao todo 14 pessoas foram denunciadas por responsabilidades no desabamento. Um laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), feito a pedido do Metrô, apontou falha nas análises e sondagens do terreno, que começou a ceder com o avanço das escavações cerca de um mês antes da tragédia.

No entanto, em 2016, a Justiça absolveu os acusados. Os desembargadores da 7ª Câmara de Direito Criminal disseram haver dúvidas sobre a possibilidade dos técnicos preverem a tragédia, apesar dos indícios apontados no laudo do IPT. As famílias das vítimas e os metroviários classificaram a decisão como mais um caso de impunidade