ATUALIZAÇÃO

Brasil tem quase 900 mortes por covid-19 em um dia, e média é a maior desde agosto

Explosão de casos pressiona sistemas de saúde e aumentam as chances do surgimento de novas variantes

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Dose de reforço é fundamental para reduzir riscos de óbito e internação - José Cruz/Agência Brasil

O Brasil registrou nesta quarta-feira (2) mais 172.903 casos e 893 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. Com isso, a média móvel diária de óbitos reconhecidos ficou em 650 nos últimos sete dias, a maior desde o fim de agosto. Por outro lado, a média móvel de casos foi próxima de 180 mil, com ligeira queda em relação ao recorde de ontem. Esses números não incluem os dados do Ceará e de Goiás, que não enviaram os dados até o fechamento do boletim do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ao todo, o país tem 628.960 mortes pela covid-19 oficialmente registradas, aproximando-se da marca dos 25,8 milhões de casos.

A alta no índice de mortes pela covid-19 é resultado da explosão de casos que a variante ômicron vem causando desde o fim do ano passado. Oito estados e o Distrito Federal já estão com mais de 80% dos leitos de UTI para a covid ocupados.

“Não podemos nos contentar com a situação atual”, tuitou a neurocientista Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19. “Ontem mesmo quase retornamos à marca de mil óbitos diários”. Para ela, enquanto a transmissão estiver alta, maiores são as chances de surgirem novas variantes de preocupação.

Diante desse cenário, Mellanie reforçou o apelo para que as pessoas se vacinem. Além disso, mantenham os devidos cuidados para conter a transmissão do vírus. “Não custa usar máscara (de alta proteção, preferencialmente) ao sair de casa, buscar um lugar aberto para dar uma volta e combinar com mais cuidados. É sobre prezar por sua vida e pela vida do próximo.”

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No PR, reforço reduz risco de óbito

Levantamento da Secretaria da Saúde do Paraná indica que os não vacinados com a dose de reforço têm 23 vezes mais chances de morte pela covid-19 do que os não imunizados. Os casos analisados vão de 1º de dezembro a 31 de janeiro.

Entre os não vacinados, o “potencial de mortes” entre as pessoas de 12 a 59 anos ficou em 6,59 por 100 mil habitantes. Com apenas uma dose, esse índice cai para 096 a cada 100 mil, e 0,75 a cada 100 mil, com duas doses. Com o esquema vacinal completo e a dose de reforço, essa taxa ficou em 0,29 por 100 mil pessoas.

Entre os idosos, acima de 60 anos, a taxa de óbitos entre não vacinados ficou em 216,32/100 mil. Por outro lado, com as três doses da vacina, o indicador cai para apenas 7,84/100 mil. Ou seja, 27,6 vezes menos chances de morrer.

Para os internados, os dados também revelam a eficácia da vacinação. Entre os não imunizados de 12 a 59 anos , 6,39 a cada 100 mil precisaram de internação. Já entre aos vacinados com a dose de reforço o índice ficou em 0,59/100 mil, número 10,8 vezes menor. Entre os idosos, os não imunizados foram internados 16 vezes mais do que aqueles que receberam duas doses e reforço.

Os números do Paraná corroboram com os da cidade do Rio de Janeiro. Na capital fluminense, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, entre os pacientes internados com covid, apenas 12% estão com o esquema de vacinação completo e sem sintomas graves da doença. Por outro lado, 9 em cada 10 internados não tinham tomado vacina ou estavam com doses em atraso.

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Casos de síndrome respiratória em alta

Boletim InfoGripe, divulgado hoje pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta forte tendência de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Esse aumento foi percebido tanto no longo prazo – últimas seis semanas – como no curto – últimas três semanas. E atinge 23 estados. Das 118 macrorregiões de saúde do país, 76 apresentam níveis de casos semanais de SRAG considerado muito ou extremamente alto.

Somente neste ano, já foram notificados 35.279 casos de SRAG. Desse total, 47% deram resultado positivo para algum vírus respiratório. Outros 23,7% deram negativo e 21,6% aguardam resultados dos testes. Dentre os positivos, o novo coronavírus responde por cerca de oito a cada 10 casos (79,5%). Outros 10,6% são Influenza A, 2,3% vírus sincicial respiratório (VSR) e 0,1% Influenza B. De acordo com a Fiocruz, o crescimento de casos de SRAG atinge todas as faixas etárias da população adulta, desde o final do ano passado, menos a a faixa entre 20 e 29 anos.

Para Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, esse aumento atual dos casos de SRAG está fundamentalmente associado à covid-19. Por outro lado, o surto de gripe causado pelo vírus Influenza parece ter passado na maioria dos estados. “Os dados relativos ao final de dezembro e primeira semana de janeiro já apontam para a retomada do cenário de predomínio da covid-19 e manutenção do crescimento até o momento”, afirmou.