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Pressão: Randolfe anuncia "série de visitas" a órgãos que receberam relatório da CPI da Covid

Parlamentar e outros senadores vivem acirramento com Aras por inoperância diante de provas coletadas pelo colegiado

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

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Mentor da criação da CPI, Randolfe atuou como relator dos trabalhos do colegiado, que operou entre abril e outubro de 2021 - Jefferson Rudy/Agência Senado

Em manifestação feita pelas redes sociais neste domingo (6), o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou que os órgãos públicos que receberam o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid serão visitados nesta semana. 

“Nesta semana, iniciaremos uma série de visitas às instituições que receberam o relatório da CPI. E, como já anunciei, pedirei o impeachment do Sr. Augusto Aras”, disse o senador, ao citar uma letra de Milton Nascimento e alfinetar o procurador-geral da República.

Mentor da criação do colegiado, Randolfe Rodrigues atuou como relator dos trabalhos da CPI, que operou entre abril e outubro de 2021.   

A oposição vive um momento de acirrada disputa com o chefe do Ministério Público Federal (MPF) porque considera que, para tentar blindar Bolsonaro, Augusto Aras tem feito pouco caso dos materiais elaborados pela CPI. 

Um levantamento publicado neste domingo (6) pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que, após cem dias de apresentação do relatório final do colegiado, ainda não há inquéritos abertos para apurar condutas de membros do alto escalão do governo.

A CPI chegou a indiciar não somente o presidente da República, mas também o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o ex-ministro Eduardo Pazuello, o ex-secretário-executivo da pasta, Élcio Franco, e outras mais de 70 pessoas. Empresas também foram enquadradas pelos parlamentares no relatório por condutas criminosas observadas durante a crise sanitária. 

Entre outras coisas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) chegou a pedir recentemente que o Supremo Tribunal Federal (STF) mandasse o Senado explicar o conjunto dos procedimentos de provas apresentadas pela CPI para sugerir o indiciamento do presidente da República e dos demais nomes apontados.

Também pleiteou que a Corte impusesse à Casa a necessidade de prestar esclarecimentos sobre se “houve qualquer espécie de recorte” na relação de provas colhidas contra membros da gestão.  

Na ultima sexta (4), a ministra Rosa Weber negou o pedido da PGR, que, entre outras coisas, causou maior animosidade entre a gestão Bolsonaro e membros da oposição.

A atuação de Aras e sua gestão levanta suspeitas dos opositores porque, além de ter tentado rechaçar os materiais levantados pela CPI, o procurador-geral foi alçado ao cargo por iniciativa de Bolsonaro, em 2019 e em 2021, e sem que estivesse na lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).

O rol é uma tradição que tem sido respeitada pelos chefes do Poder Executivo no Brasil desde 2003. Criada por iniciativa da oposição, a CPI foi hegemonizada por parlamentares grupo, que duelaram com senadores bolsonaristas durante todo o percurso do colegiado.  

O líder da oposição inclusive tem defendido uma espécie de continuidade da CPI da Covid. Em meados de janeiro deste ano, ele protocolou um pedido de retomada dos trabalhos para que sejam apuradas práticas do governo Bolsonaro verificadas após a finalização do relatório da comissão.

Entre outras coisas, Randolfe pede a investigação de episódios como o apagão de dados que atingiu e comprometeu a pasta de Queiroga e o atraso do calendário para a imunização de crianças no país.

Edição: Vivian Virissimo