Crise

Macron na Rússia e chanceler alemão nos EUA: discussões sobre Ucrânia movimentam diplomacia

Tensão na Europa oriental e diretrizes das tropas da Otan continuam em discussão

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Olaf Scholz e Joe Biden discutem sobre a Ucrânia na Casa Branca - Brendan Smialowski / AFP

O impasse entre Rússia, Ucrânia e Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) movimenta a diplomacia mundial nesta segunda-feira (7). O presidente da França, Emmanuel Macron, está em Moscou e tem agenda com seu homólogo russo, Vladimir Putin. Já o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, está nos Estados Unidos, onde deverá ser pressionado pela Casa Branca por uma postura mais agressiva contra os russos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirma que a Rússia reúne mais de 100 mil militares perto da fronteira ucraniana para invadir o país. Moscou nega qualquer intenção bélica e diz que as movimentações de tropas, que incluem exercícios militares com caças russos de última geração na Bielorrúsia, são atividades rotineiras.

A Rússia se opõe à entrada da Ucrânia na Otan e pede que a organização militar pare de se expandir rumo às suas fronteiras. Washington, todavia, rejeita as demandas russas, e as negociações se arrastam. O assunto já foi discutido no Conselho de Segurança da ONU. Rússia e China emitiram nota conjunta na semana passada destacando a posição conjunta de Moscou e Pequim sobre a Otan.

“Este diálogo é absolutamente essencial, mais do que nunca, para garantir a segurança e a estabilidade do continente europeu", afirmou o presidente francês no Kremlin ao se encontrar com Putin.

Macron disse ao jornal francês Journal du Dimanche que não acredita que a Rússia pretenda invadir a Ucrânia, e sim "clarificar as regras de coabitação" com a Otan e a União Europeia.

Paris faz parte do Formato da Normandia, um fórum que também conta com a participação de Rússia, Alemanha e Ucrânia e que tenta fomentar um cessar-fogo na Ucrânia com os Acordos de Minsk. Tanto o Formato da Normandia, quanto os acordos de Minsk foram citadas na nota da presidência da Rússia sobre o encontro entre Putin e Macron.

Após deixar Moscou, o presidente francês viajará para Kiev e encontrará o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na terça-feira (8).


O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cumprimenta o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, antes de reunião em Genebra, em 21 de janeiro de 2022. / ALEX BRANDON / AFP

Alemães pressionados

A postura de Berlim frente a Moscou e o gasoduto Nord Stream 2 estarão entre os assuntos debatidos pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, e Joe Biden na Casa Branca. A Alemanha tem sido mais relutante nas declarações públicas sobre sanções que seriam aplicadas contra a Rússia em caso de uma hipotética invasão à Ucrânia. Um dos motivos seria o importante projeto de energia de Berlim em parceria com Moscou: o gasoduto Nord Stream 2.

O gasoduto que levará gás russo para a Europa sem passar pela Ucrânia está construído, mas ainda não obteve a licença final para entrar em operação. O economista russo Vassily Koltashov já afirmou ao Brasil de Fato que, enquanto a Casa Branca coloca seu peso contra o projeto, os alemães o enxergam como uma importante ferramenta para influenciar a Europa e fazer oposição ao poder de Washington na região.

Em entrevista, um membro sênior da Casa Branca, que não teve seu nome revelado, afirmou que os EUA sempre foram contrários ao Nord Stream 2 e que esse tópico será discutido por Biden e Scholz.

"Se a Rússia invadir a Ucrânia, de uma forma ou de outra, o Nord Stream 2 não avançará", disse o integrante do governo dos EUA.

Edição: Rodrigo Durão Coelho