Paraná

Justiça

Artigo | E querem crucificar novamente Renato Freitas

A defesa de Renato não é apenas do vereador, mas sim dos que estavam na manifestação

Curitiba (PR) |
Renato Freitas (PT) tem sofrido onda de ataques após ato antirracista que pedia justiça por Moïse - Foto: Reprodução/Facebook

É possível discordar de ações do vereador Renato Freitas (PT), mas é claro que as reações são desproporcionais. Seja a perseguição pelas polícias militar e municipal, e até mesmo pedidos em série de cassação de mandato, por uma ala da Câmara que não suporta a diversidade.

E isso ocorre novamente depois da manifestação em Curitiba contra o racismo e a morte do congolês Moïse Kabagambe. O ato aconteceu no dia 5, em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário (dos pretos), construída por negros e para os negros num tempo em que a escravidão era oficialmente admitida.

No fim, os manifestantes decidiram entrar na igreja. A transmissão ao vivo do Brasil de Fato Paraná, disponível em suas redes sociais, sem edição, mostra que várias pessoas tentam entrar na igreja. O padre, depois de conversar, fecha a porta principal, faz gestos para os manifestantes. Fica evidente, ainda, que pessoas entram por uma porta lateral numa igreja vazia, sem missa, e Renato não está entre os primeiros. Dentro, o vereador e outras pessoas fazem discursos contra o racismo e o fascismo e saem da igreja logo depois.

O pedido de cassação encaminhado pelo vereador Eder Borges (PSD) é mais um capítulo da perseguição a um vereador negro e de esquerda.

A fotojornalista Giorgia Prates estava cobrindo a manifestação pelo Brasil de Fato Paraná. Para ela, "a decisão de entrar na igreja foi de ‘todes’ que estavam lá". Ela complementa que viu "o padre zombar e se dizer racista mesmo."

É mais um capítulo na história de quem insiste em silenciar os negros e impedir que assumam lugares de poder. Dias depois, a vereadora Carol Dartora (PT), presente também ao ato, recebeu ameaças racistas nas redes sociais.

A defesa de Renato não é apenas do vereador, mas sim dos que estavam na manifestação. É uma igreja construída por negros, os mesmos que, como Moïse, são assassinados e sofrem com preconceito todos os dias.

*Frédi Vasconcelos é jornalista e editor do Brasil de Fato Paraná.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato

Edição: Lia Bianchini