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EUA ignoraram vacina sem patente e financiaram imunizantes de grandes marcas, diz pesquisadora

Equipe de María Elena Bottazzi desenvolveu Corbevax, vacina contra covid-19 que já está em uso na Índia; leia entrevista

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Pesquisadora da Escola Baylor de Medicina de Houston, María Elena Bottazzi é uma das criadoras da Corbevax, vacina sem patentes contra a covid-19 - Reprodução/ Baylor College of Medicine
População não precisa se converter em cientista, mas entender a base dos medicamentos

Apesar das seguidas tentativas de organizações internacionais e de alguns entes governamentais de quebrar as patentes das vacinas contra a covid-19 e facilitar sua aquisição por países que não dispõem de recursos, os monopólios dos grandes laboratórios farmacêuticos se impuseram ao bem comum.

Contudo, nadando contra a maré, uma equipe de cientistas do Hospital Infantil da Escola Baylor de Medicina de Houston, no Texas, Estados Unidos, desenvolveu uma vacina não patenteada contra a covid-19, a Corbevax. 

Os cientistas criaram a fórmula do insumo, que pode ser distribuída a qualquer laboratório interessado. As células produtoras são como uma receita que permite produzir a vacina em uma escala de dez litros. Vários países, a maioria do sudeste asiático, já adquiriram a fórmula. 

Um dos principais aquisitores do insumo foi a Índia, que já começou a aplicar a Corbevax na população. O imunizante tem mais de 80% de eficácia contra a covid-19 e 50% menos sintomas adversos do que a Covishield, também aplicada na Índia. 

“Estamos há dez anos trabalhando com vacinas contra o coronavírus com o propósito justamente de fazer protótipos e tê-los prontos para uma eventual emergência. Nossa experiência com a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, da sigla em inglês) e com a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, da sigla em inglês) foi que nos permitiu ter esse protótipo para a covid-19, e agora já estamos no processo de transferência de tecnologias”, explica a cientista María Elena Bottazzi.

Bottazzi, que é a convidada desta semana no BDF Entrevista, é reitora associada na Escola Baylor de Medicina e é uma das desenvolvedoras da vacina Corbevax, ao lado do cientista Peter Hotez. Nascida na Itália, a cientista foi criada em Honduras e hoje vive nos Estados Unidos. 

Ela explica que, ainda em seus primeiros passos, a pesquisa da vacina chegou a ser financiada pelo governo dos Estados Unidos, mas foi preterida pelas vacinas produzidas pelos grandes laboratórios, que receberam investimentos robustos das nações mais ricas do planeta. 

“Quando recomeçamos nosso programa do coronavírus para SARS-2, para a covid-19, utilizamos principalmente fundos provenientes da filantropia, de fundações e de indivíduos que nos patrocinaram para avançarmos na investigação e pesquisa”, disse.

“As novas tecnologias e as de vírus inativados eram mais rápidas, mais fáceis em termos de avaliação e pesquisa. Sabemos que foram muito importantes, felizmente funcionaram, mas não tinham a capacidade de produção em massa, em escala quando percebemos que se tratava de uma pandemia global”, completa Bottazzi.

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Segundo a cientista, “é preciso trazer outras soluções que possam ser produzidas em larga escala e que tenham um ecossistema de produção global. Elas são feitas de proteínas recombinantes, que é muito similar à produção de proteínas como na vacina da hepatite B, que é amplamente utilizada”.

Na conversa, Bottazzi fala sobre os monopólios do mercado farmacêutico, o desenvolvimento do vírus da covid-19 e a descrença entre sociedade e comunidade científica.

“Acredito que nós, cientistas, em parte temos culpa, porque temos que aprender a falar mais, a explicar, a escutar os problemas do povo. A população não precisa se converter em cientistas, mas tem que poder conversar e entender a base das soluções tecnológicas, como os medicamentos e o uso de ferramentas como as máscaras”, defende.

Confira a entrevista na íntegra.

Brasil de Fato: Você é uma das criadoras de uma vacina não patenteada contra a covid-19, a Corbevax. Mas o teu trabalho com vacinas contra o coronavírus vem de muito tempo atrás. Como foi o desenvolvimento dessa nova vacina? Como chegaram até a Corbevax? 

María Elena Bottazzi: Nosso centro de pesquisa para vacinas já tem 20 anos de trabalho com doenças tropicais desatendidas, como, por exemplo, esquistossomose, leishmaniose, doença de Chagas e ancilostomose.

Há muita pesquisa no Brasil também, muitos trabalhos que fazemos com o Instituto René Rachou, Bio-Manguinhos, Butantã. Então nosso modelo é esse, não ter nenhuma patente, ter nossas publicações, fazer essas pesquisas para poder transferir nossa tecnologia a muitos fabricantes ou pesquisadores.

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Estamos há dez anos trabalhando com vacinas contra o coronavírus com o propósito justamente de fazer protótipos e tê-los prontos para uma eventual emergência. Nossa experiência com SARS e com MERS é que nos permitiu ter esse protótipo para a covid-19, e agora já estamos no processo de transferência de tecnologias.

Já estamos na Índia trabalhando com a Indonésia, Bangladesh. E temos a esperança de poder também fazer pesquisas no Brasil. 

Como foi o caminho até que o coronavírus se tornasse esse que nos afeta hoje, o SARS-COV 2?

Nós sabemos que há transmissão de diversos coronavírus entre animais, obviamente muito parecidos com a transmissão do SARS e do MERS. Acreditamos que o SARS-2, que causou a covid-19, foi transmitido de animais na Ásia. Nós pesquisamos especificamente a proteína, a subunidade da proteína spike. 

Sabemos que os anticorpos do nosso sistema imunológico podem neutralizar o vírus fazendo anticorpos contra essa proteína spike.

Vocês chegaram a tentar o financiamento das pesquisas junto ao governo dos Estados Unidos?

Sim. Nós começamos nosso programa do coronavírus com os fundos do “National Institute of Health” para SARS e MERS, mas depois não tiveram interesse, sem a ocorrência de uma emergência, não havia fundos para fazer essas pesquisas. 

Quando recomeçamos nosso programa do coronavírus para SARS-2, para a covid-19, utilizamos principalmente fundos provenientes da filantropia, de fundações e de indivíduos que nos patrocinaram para avançarmos na investigação e pesquisa. 

Como funciona a priorização dos grandes laboratórios sobre que vacina desenvolver? Foram desenvolvidas vacinas com RNA Mensageiro, e outra variantes, mas a Corbevax, por exemplo, não ganhou incentivos. Por quê?

Sua pergunta é muito interessante porque vimos dois tipos de reações. Há grupos que focaram principalmente em tecnologias novas, especialmente organizações nos EUA e na Europa, onde priorizaram vacinas novas com RNA mensageiro, com o adenovírus.

Mas também temos o grupo, por exemplo na China, que focou em vacinas com vírus atenuados ou inativados. Mas ninguém deu a devida atenção em trazer ao portfólio vacinas usando proteínas recombinantes, que é muito interessante, porque já tínhamos pesquisas do SARS e do MERS que afirmavam que esse tipo de vacina também poderia funcionar.

Acredito que seja pelo fato de que as novas tecnologias e as de vírus inativados eram mais rápidas, mais fáceis ,e rápidas em termos de avaliação e pesquisa. Sabemos que foi muito importante, felizmente funcionaram, mas não tinham a capacidade de produção em massa, em escala quando percebemos que se tratava de uma pandemia global.

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Agora, o problema é que as tecnologias novas são caras, outras não tiveram muita aceitação pela população, as vacinas inativadas e atenuadas agora, com as novas variantes, parecem não ser tão efetivas.

Então é preciso trazer outras soluções que possam ser produzidas em larga escala e que tenham um ecossistema de produção global

Então é preciso trazer outras soluções que possam ser produzidas em larga escala e que tenham um ecossistema de produção global, como são as proteínas recombinantes, que é muito similar à produção de proteínas como na vacina da hepatite B, que é amplamente utilizada.

Acreditamos que essas tecnologias convencionais possam corrigir um pouco a disparidade em nível mundial, pois há muitos países e populações sem acesso à vacina.

Os grandes laboratórios, que de alguma maneira detêm o monopólio do mercado de saúde, impuseram essa tecnologia aos governos?

Também é uma pergunta interessante, porque o senso comum, o que todos pensam, é que as vacinas devem ser produzidas por multinacionais, que possuem experiência e capacidade de fazer esse tipo de desenvolvimento e pesquisa.

Mas as pessoas não possuem uma boa memória ou não sabem que há um grupo de fabricantes que possui um nome, “Developing Vaccine Manufacturing Netwok”. O Brasil, inclusive, pertence a esse grupo de países fabricantes, bem como a Índia e países da Ásia e América Latina.

Eles foram verdadeiramente desconsiderados pelas organizações mundiais, não foram convidados a participar de fato e tiveram que esperar a transferência de tecnologia, em vez de criar tecnologias endógenas, locais.

E o nosso modelo é que, teoricamente, os produtores locais possam fazer não só a produção de uma tecnologia já transferida por multinacionais, mas também possam fazer sua própria pesquisa e tecnologia local para estarem preparados e poderem reagir de maneira rápida em uma situação de emergência.

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Portanto, a esperança é que os modelos mudem esse paradigma e que os fabricantes, presentes em muitos países e regiões, possam verdadeiramente contribuir desde o começo, desde a investigação e pesquisa, fazendo seus próprios produtos endógenos. 

É claro que é preciso aprender a criar novas tecnologias, mas ao mesmo tempo também ter um portfólio de tecnologias diversificadas

Sabemos que há capacidade para isso. É claro que é preciso aprender a criar novas tecnologias, mas ao mesmo tempo também ter um portfólio de tecnologias diversificadas, inclusive com tecnologias convencionais.

A Corbevax começou a ser utilizada na Índia. Você tem acompanhado os resultados da aplicação da vacina por lá? Já há resultados de campo para análise?

Sim, na nossa colaboração com a Índia, o que fizemos foi criar o protótipo da vacina e transferir a eles, digamos assim, um “starter kit”, “les cellules blanches”, as células produtoras, com uma receita para fazer o processo em escalas de dez litros.

E eles fizeram todo o desenvolvimento de produção, criaram sua própria vacina. Nós só contribuímos com os estudos pré-clínicos, mas eles depois fizeram junto com a regulação da Índia um programa para o avanço dos estudos clínicos.

Fizeram a fase 1, fase 2 e depois um estudo de superioridade, fazendo uma comparação entre Corbevax e Covishield, a vacina da AstraZeneca produzida na Índia. E demonstraram uma maior eficácia contra o vírus delta, beta e o original. 

E também encontraram, além de mais de 80% de eficácia, que os sintomas adversos eram 50% menores que os observados nas pessoas vacinadas com Covishield.

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Agora já possuem a autorização de emergência para uso na Índia e já estão distribuindo a vacina ao governo indiano, e estão trabalhando com a Organização Mundial da Saúde, com outros órgãos reguladores. Acredito que estejam se comunicando com outros países para poder registrar e autorizar a vacina e distribuí-la para o resto do mundo.

A Corbevax já foi testada com a nova variante ômicron? 

Quando finalizaram os estudos de fase 3, não existia a ômicron, então agora estão analisando novamente contra a ômicron para ver o nível de proteção. Estamos todos esperando notícias da companhia. 

Você acredita que as vacinas contra a covid-19 farão parte da nossa rotina daqui em diante?

Sim, é uma pergunta difícil, porque se continuarmos tendo tantas pessoas no mundo sem acesso à vacina é muito provável que a ômicron desapareça e que uma nova variante apareça. E vamos continuar esse ciclo sem poder parar essa infecção, a covid-19.

Mas tenho a esperança de que não apenas nós, como também nossos parceiros, Biological E., Biopharma e eventualmente outros, possamos produzir e incrementar o acesso a vacinas e aí, sim, poderemos ver uma redução e a contenção da aparição dessas variantes.

É importante desenvolver novas vacinas, vacinas universais, vacinas que possam nos proteger de outros tipos de coronavírus

Depois é ver se é necessário fazer mais imunizações, talvez a cada ano ou dois, três anos, não sabemos. Por isso, é importante também fazermos já pesquisas para poder desenvolver novas vacinas, por exemplo, vacinas universais, vacinas que possam nos proteger de outros tipos de coronavírus, que ainda não conhecemos, com base nos coronavírus que circulam entre animais.

Agora estamos fazendo pesquisas para uma vacina betacoronavírus, uma estratégia universal. Obviamente não sabemos qual pode aparecer no futuro, mas é melhor ter pesquisas proativas e não reativas em situações de emergência.

Alguns lugares têm, de fato, uma cobertura vacinal muito baixa. O continente africano, por exemplo, tem pouco mais de 11% de sua população vacinada com as duas doses. Em alguns países, esse índice não chega a 1%. Há falta de dinheiro para comprar as vacinas, há má gestão da pandemia. Mas existia também a esperança, por parte desses países, de que o consórcio Covaxin fosse mais efetivo, não é?

É interessante. A ideia do consórcio é muito interessante. Claro que é uma boa ideia, o problema é, como você disse, que não havia vacinas suficientes, produção suficiente, são caras para eles, não tinham dinheiro para poder comprar, e também tiveram que tomar uma decisão, que foi distribuir a mais ou menos 10% da população mundial, mas temos os outros 70, 80, 90%, que são países que também precisam continuar adquirindo a vacina.

Então era um programa para começar no princípio da pandemia, tentando minimamente vacinar a população de alto risco, mas depois os países tinham que buscar também outros mecanismos para poder complementar, ao mesmo tempo em que o preço dificultava, a produção não existia e a preferência sempre foram países com mais poder aquisitivo e acesso às vacinas.

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E, no fim, não foi possível obter a equidade de acesso e nem de distribuição. E também, vocês sabem, como você disse, os sistemas de saúde não estavam preparados para fazer uma campanha de vacinação adulta. Foi a primeira vez que tiveram que fazer esse tipo de campanha tão grande dentro dos países, não tinham capacidade e nem armazenamento para poder conservar as vacinas.

E, por último, a comunicação, a percepção da população. Muitos não aceitaram receber certos tipo de vacina, tinham medo, um pouco de… E aí limitaram a possibilidade de distribuição da vacina. Muitos países tiveram problemas de distribuição das vacinas que receberam porque havia pessoas que não queriam se vacinar.

Então acredito que aí o problema é de comunicação, em como explicar, há muita desinformação, muita informação incorreta que circula especialmente em muitos desses países. 

Aqui no Brasil já se fala em uma 4ª dose da vacina. Não seria importante que as vacinas excedentes fossem destinadas aos países que ainda não completaram seu primeiro esquema vacinal e evitar a proliferação de novas variantes?

Realmente é um equilíbrio. As pessoas querem proteger sua própria população e, claro, se há acesso à vacina queremos nos beneficiar e ainda mais sabendo dessas novas variantes e que com certas vacinas a imunidade caiu.

Mas, ao mesmo tempo, há toda uma população que ainda precisa receber a primeira dose de vacinação. E aí é que está o benefício de rapidamente poder aprovar e trazer mais vacinas às opções que já temos.

E as proteínas recombinantes trazem esse benefício, uma capacidade de produção muito alta. Por exemplo, a Biological E., na Índia, pode produzir 140 milhões de doses mensalmente. Estamos falando de mais de 1.2 bilhão de doses ao ano, um número importante.

E há outros que também contribuem, além da produção de outras vacinas. Eu acredito que, se há um esforço global, em 2022, o ideal é poder incrementar a vacinação onde ela não existe e continuar com o esquema de reforço nos países que já receberam as vacinas.

Você vive nos Estados Unidos, mas foi criada em Honduras. Lá, são pouco mais de 43% de vacinados. Vi que você comentou sobre a tua vontade de priorizar a América Latina com essa vacina. Como lidar com essas raízes, tanto tempo longe de casa?

Eu sou apaixonada pela América Latina, é claro. Vejo a capacidade que nós, latinos, temos. Muitas pessoas em nossos países possuem o conhecimento, a possibilidade de criar colaborações científicas. Há muitos exemplos. Vocês, no Brasil, têm muita capacidade tecnológica, científica e têm muito interesse em compartilhar regionalmente.

Trabalhamos na América Central para também criar relações regionais. E acho que é possível nos capacitarmos mais para nós mesmos solucionarmos problemas na nossa região, centro e sul trabalhando juntos, também com o México e talvez capitalizar a proximidade com os EUA e o Canadá, para que eles possam ajudar e fazer essas colaborações Norte-Sul.

Na América Latina, temos a capacidade de romper essas barreiras fronteiriças

E, acima de tudo, incluir países do Caribe. Sabemos que temos Cuba fazendo esforços, mas, às vezes, são deixados de lado por motivos políticos. Mas nós, na América Latina, temos a capacidade de romper essas barreiras fronteiriças. Essa é a minha aspiração: poder representar, ajudar e conectar grupos, fazendo a função de diplomacia, de colaboração para poder de fato reforçar nossas capacidades.

Porque somos capazes, temos muitas riquezas de todo tipo, riquezas científicas, climáticas, econômicas. É questão de melhorar no âmbito político, para que seja mais colaborativo, mas acredito que seja possível.

Esse talvez seja um dos momentos mais complexos na relação entre ciência e sociedade. Apesar dos avanços, que são muito claros, a gente ainda está longe de um número ideal de cobertura vacinal e há muita descrença. Ao que se deve, na sua opinião, esse choque entre sociedade e ciência?

Acredito que nós, cientistas, em parte temos culpa, porque temos que aprender a falar mais, a explicar, a escutar os problemas do povo. A população não precisa se converter em cientistas, mas tem que poder conversar e entender a base das soluções tecnológicas, como os medicamentos, e o uso de ferramentas como as máscaras.

Temos também a responsabilidade de fazer a população entender que a ciência não é exata. Aprendemos e estudamos, podemos descobrir uma coisa hoje e depois mudar porque alguém descobriu outra informação. Então não é como dizem: "Primeiro eles disseram uma coisa e agora estão mudando..."

É porque, à medida que estudamos, entendemos mais a situação, a situação muda. O vírus mudou durante a pandemia, então as estratégias têm que mudar. No começo, acreditávamos que poderíamos controlar com contato, com diagnóstico, mas depois vimos que era mais difícil, então tínhamos que trazer outras tecnologias.

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Para mim, é uma conversa, um diálogo. Não é uma imposição. É uma situação um pouco difícil, mas por isso acreditamos que as evidências e os dados podem demonstrar que as vacinas são seguras e eficazes.

E, novamente, talvez uma tecnologia convencional traga um pouco de otimismo e o fato de que são vacinas já aplicadas em muitas pessoas, como, por exemplo, a vacina da hepatite B, possam restaurar um pouco a confiança nessas tecnologias. E acredito que é necessário um pouco mais de transparência entre pesquisadores, entre fabricantes.

Agora vimos que os cientistas compartilham mais os dados entre si, as publicações, há mais ciência aberta e isso é o que nós sempre buscamos fazer, uma ciência aberta, eliminar as barreiras de propriedade intelectual para poder realmente compartilhar e transferir esses conhecimentos.

Acho que isso eventualmente irá ajudar as pessoas a confiar mais, pois os processos são mais abertos e mais transparentes.

Edição: Rebeca Cavalcante