reforma agrária

Artigo | Existência do MST é a melhor política pública possível para combater a fome no Brasil

Num país com as dimensões do Brasil, a única justificativa para a fome é a alimentação ser vista como negócio

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Entrega de cestas no bairro Porecatu, em São Paulo (SP) - Foto: Igor De Nadai/MST-PR

Saúde! Uma palavra curta, apenas cinco letras, mas que traz mil significados. 

Dizemos saúde quando brindamos, desejamos saúde aos familiares, amigos, colegas de trabalho e, principalmente, lutamos por um mundo mais saudável.

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Entendemos a saúde, não como a ausência de doenças, mas como a busca por uma vida melhor, com mais qualidade e cuidados. E entre os cuidados para uma vida melhor, a qualidade dos alimentos que consumimos tem importância fundamental.

Nós, do PT, sabemos bem disso, tanto que o primeiro programa do presidente Lula se chamou Fome Zero e levou o Brasil a, em 2014, sair do mapa da fome da FAO, ou seja, a fome deixou de ser considerada um problema estrutural, na época.

Infelizmente, a volta à insegurança alimentar é mais uma marca dos retrocessos que temos vivido e o resultado é o retorno ao mapa da fome. Basta olhar ao redor para vermos os efeitos da pobreza e do desemprego crescentes no país.

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Como se não bastasse a crise política e sanitária, os governos federal, estadual e municipal de São Paulo, ao invés de estimularem a alimentação saudável, criam alternativas para atender a outros interesses que não a necessidade alimentar da população.

Lembram da ração para as crianças comerem de merenda? Ou do corte no Programa Leve-leite? Das restrições às merendas a que foram submetidos alunos que basicamente só se alimentavam na escola, durante o auge da pandemia? Ou do encerramento, em dezembro último do programa Cozinha Cidadã, mesmo havendo recursos - e principalmente - necessidade, para a sua continuação?

Saúde é cuidar do outro! 

Quando Fernando Haddad (PT) estava na prefeitura de São Paulo, a cidade foi parabenizada pela FAO por iniciativas como a Lei 16.140/2016, que obrigava que 30% da alimentação escolar fosse proveniente da agricultura familiar. A gestão Haddad também recebeu o prêmio Mayors Challenge 2016, que reconhece iniciativas municipais que promovam o desenvolvimento urbano sustentável, pela criação de projeto para conectar agricultores rurais orgânicos da cidade com restaurantes e mercados.

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Hoje, recebemos denúncias de merendas vencidas entregues em escolas públicas e creches municipais, ou de que as crianças estão sendo alimentadas com bolachas e suco de caixinha.

Sabemos todos que, num país com as dimensões do Brasil, a única justificativa para que se passe fome é a alimentação ser vista como um produto, um negócio, nas mãos dos grandes proprietários de terras e empresários. Mas somos um povo que descobre - ou inventa - maneiras de criar o próprio futuro. E entre as grandes criações do povo brasileiro está o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Saúde é um bem coletivo!

Presente em 24 estados nas cinco regiões do país, o movimento que já assentou cerca de 450 mil famílias faz da plantio um ato de compromisso com a saúde, de respeito à terra, ao clima, ao meio ambiente e, especialmente, de respeito aos seres humanos.

O resultado só poderia ser este: alimentação saudável, orgânica, com o que de melhor cada alimento pode oferecer, a preços justos e a criação de uma economia que respeita quem produz.

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 Ou seja, tudo o que nossas crianças e adolescentes precisam para se desenvolverem bem e o que nós, adultos de qualquer idade, precisamos para podermos dizer: SAÚDE!

 

 

Juliana Cardoso é vereadora (PT/SP), membro da Direção Nacional do PT e conselheira do Instituto Lula

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Lucas Weber