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A Luta do Povo é o nosso lugar!

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Um movimento que busca sua força na articulação das lutas do povo não pode titubear e, por isso foi chamado de Movimento Brasil Popular - Guilherme Gandolfi
O ano de 2022 é aquele que não admite vacilo, ou seja, “a partir de agora é papo reto sem rodeio”

“Não tem dor que perdurará
Nem o teu ódio perturbará
A missão é recuperar
Cooperar e empoderar
Já foram muitos anos na retranca
(...)
Foco e atenção na nossa ascensão
Fuck a opressão
Não tem outra opção
Até estar tudo em pratos limpos, sem sabão
A partir de agora é papo reto sem rodeio.”

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(Eminência Parda, Emicida)

 

Foi no meio das montanhas mineiras, que centenas de militantes populares resolveram alterar a rota política da própria história e, em alguma medida, da história da esquerda brasileira. A realização de uma Assembleia batizada de Luis Gama, advogado abolicionista, renova a mística de libertação do povo em prol de um projeto transformador de realidades e, por isso, revolucionário.

O caminho que leva a este objetivo perpassa por pontos cruciais trabalhados por diversos/as militantes em cadernos de debate e, presencialmente, ao longo da Assembleia Luis Gama como: desafio organizativo, desenvolvimento, democracia, feminismo, racialidade, concepção de poder, dentre outros.

A epígrafe deste artigo, declamada por Emicida, nos traz a leitura de que o ano de 2022 é aquele que não admite vacilo, ou seja, “a partir de agora é papo reto sem rodeio”. Além de uma crise econômica capaz de aprofundar o caráter subordinado e dependente do capitalismo nos países latino-americanos, vemos a política internacional permeada por uma guerra e a tentativa de expansão do imperialismo via OTAN. Na política nacional uma piora significativa da vida do povo brasileiro carreada por um projeto anti-popular e autoritário do governo Bolsonaro. Tudo isso potencializado pela pandemia mundial da covid-19.

Um ponto deve ser considerado nesta conjuntura: talvez seja a última vez que teremos a oportunidade de levar à presidência, estimulando a organização e a mobilização da sociedade civil, uma pessoa com o peso histórico e simbólico junto aos trabalhadores/as como Lula.

A palavra de ordem é “conjugar”. No atual contexto conjugar a luta social com a luta institucional na construção de uma unidade capaz de triunfar não só na esfera eleitoral, mas, sobretudo, no fortalecimento das organizações do campo popular. A alteração da correlação de forças no Brasil compreenderá, portanto uma atuação parlamentar que incida nas bases populares da sociedade como fermento de bolo para garantir a sua organização e crescimento. Por outro lado, serão estas organizações populares que darão vida à institucionalidade e terão o condão de permitir que as mudanças estruturais sejam viabilizadas no mundo real.

O termo conjugar também vale para reivindicar a nossa trajetória histórica na construção de um projeto popular para o Brasil, como foi na Consulta Popular, e atrelar a uma ferramenta organizativa que, além de manter o socialismo como horizonte, deverá cumprir tarefas imediatas, tais como: se construir enquanto um movimento político, social e cultural, de caráter nacional e de massas; construir, em todos os territórios onde estamos inseridos, os Comitês Populares da candidatura Lula; e fortalecer a unidade do campo democrático e popular.

Não disse ainda no texto, mas não teria como ser diferente, um movimento que busca sua força na articulação das lutas do povo não pode titubear e, por isso foi chamado de Movimento Brasil Popular.

 

*Gladstone Leonel Júnior é Professor Adjunto da Faculdade de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense. Doutor e Pós-Doutor em Direito pela Universidade de Brasília. Realizou o estágio doutoral na Facultat de Dret, Universitat de Valencia, Espanha. Membro da Secretaria Nacional do IPDMS – Instituto de Pesquisa, Direitos e Movimentos Sociais. Leia outros textos.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Rodrigo Durão Coelho