Manifestação

Arquidiocese de Curitiba pede que vereador não seja cassado por participar de ato antirracista

Em carta enviada ao relator do pedido de cassação, procuradora confirma que entrada na igreja ocorreu após missa

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Renato Freitas (PT) tem sofrido onda de ataques após ato antirracista que pedia justiça por Moïse - Foto: Reprodução/Facebook

A Arquidiocese de Curitiba enviou carta a Sidnei Toaldo, relator do pedido de cassação do vereador Renato Freitas (PT), em que afirma que o protesto do vereador e outras pessoas pela morte do congolês Moise Kabagambe, em frente à Igreja do Rosário, “abreviou a missa iniciada às 17h”, mas “somente após o término da missa adentraram à Igreja com palavras de ordem e bandeiras”.

Leia mais: Curitiba: Conselho de Ética da Câmara vota pela continuidade de processo contra Renato Freitas

Na carta, a diocese disse ainda que a movimentação contra o racismo era legítima: “A causa é nobre e merece respeito”. O documento afirma que no dia houve “certos excessos, como desrespeito ao lugar sagrado...”, mas que o vereador “procurou as autoridades religiosas, reconheceu seu erro e pediu desculpas”. 

Por fim, a carta afirma que a Diocese se manifesta em favor de medida disciplinadora proporcional ao incidente e que: “Não se adote a punição máxima contida no Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba.” Traduzindo, a arquidiocese defende que não haja a cassação do mandato do vereador. Veja a íntegra da carta na imagem abaixo.

 


Carta da Diocese à Câmara de Curitiba defende que vereador mantenha mandato / imagem de carta da Diocese de Curitiba

Entenda o caso

Desde 5 de fevereiro, quando participou do ato por justiça a Moïse Kabagambe, o vereador Renato Freitas (PT) é alvo de um processo de cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar. O vereador Sidnei Toaldo (Patriotas) é o relator do processo, tendo como vice a vereadora Maria Leticia (PV). 

:: Vereador de Curitiba é alvo de ameaças após participar de protesto antirracista ::

Como mostra vídeo feito ao vivo pelo Brasil de Fato PR, no dia do ato, após a missa, um grupo de manifestantes entrou na igreja do Rosário. Renato Freitas estava entre eles. "Pacificamente, assim como entramos na igreja, saímos e seguimos com a manifestação, reivindicando políticas públicas para imigrantes e de combate ao racismo", afirmou o vereador, à época.

Leia também: "Igreja é um lugar sagrado, mas é também um lugar político", afirma padre de Curitiba

Desde então, Freitas tem sido acusado de liderar uma invasão à igreja, que teria interrompido de forma violenta a missa. O local do ato foi escolhido por sua relação histórica com a população negra curitibana. A Igreja, inaugurada em 1737, foi construída por e para pessoas escravizadas, uma vez que negros e negras não poderiam entrar em outras igrejas da cidade.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Pedro Carrano