Coluna

O papel da política de solidariedade no Movimento Brasil Popular

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Um dos maiores marcos da fundação do Movimento Brasil Popular é o reconhecimento da luta abolicionista como a primeira luta popular do país - Comunicação Campanha Periferia Viva
Uma Política de Solidariedade visa a garantia de uma vida digna para todo o povo

Nas últimas duas semanas, o nosso esperançar de luta tomou forma na criação e divulgação do Movimento Brasil Popular, organização política com caráter de movimento fundada em Minas Gerais, durante a Assembleia Nacional Luis Gama, realizada entre os dias 17 e 21 de março.

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E é com orgulho que a Campanha Periferia Viva retoma a sua coluna aqui no Brasil de Fato proseando sobre aquilo que mais gosta: Política de Solidariedade no contexto da educação e organização popular. Agora, também inserida em um movimento que coloca a luta do povo como o seu principal lugar de atuação.

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Somos parte fundante do Movimento Brasil Popular e com ele caminharemos nas diversas combinações das lutas sempre alicerçando o caminho com base nas vivências, experiências e conhecimentos que adquirimos nesses dois anos de atuação. Com o pé no chão e os olhos atentos à realidade do povo brasileiro, consolidaremos a nossa Política de Solidariedade como parte estruturante do trabalho de base realizado pelos movimentos populares que compõem a Periferia Viva e o Movimento Brasil Popular.

Mas, como pretendemos fazer e como já estamos realizando esses processos? Essa é uma conversa que se inicia hoje e que seguirá conosco por muito tempo aqui neste espaço.

As análises sobre a realidade do povo brasileiro da Periferia Viva e do Movimento Brasil Popular dialogam e se complementam. Com a chegada da pandemia da covid-19 que acarretou o aprofundamento das crises econômica e política, somando a elas o caráter de crise sanitária, encontramos na Política de Solidariedade novas possibilidades de abertura de portas na relação com o povo e os diversos territórios Brasil afora.

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Nesse passo, nossas perspectivas a respeito do povo e das periferias do país também se transformaram. Nos deparamos e conseguimos compreender de maneira mais ferrenha que o Projeto Popular para o Brasil que queremos fazer acontecer só será possível se ressignificarmos nosso leito histórico e teórico, nossas referências políticas, históricas e sociais e o nosso fazer trabalho de base.

Um dos maiores marcos da fundação do Movimento Brasil Popular é o reconhecimento da luta abolicionista como a primeira luta popular do país. Em cada ação da campanha nos deparamos com uma periferia que é em sua maioria negra e enfrenta cotidianamente as expressões do racismo institucional e do racismo que estrutura o sistema capitalista em que vivemos.

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Entendemos que debater a fome, a soberania alimentar, o direito à moradia e à terra sem falar de antirracismo não seria justo e nem construtivo. Debater o direito à saúde e defender o Sistema Único de Saúde (SUS), em que a população negra representa a maior parte de usuários desse sistema, sem debater raça no Brasil está longe de ser revolucionário. E, da mesma forma, repensamos o lugar do Feminismo Popular.

Nas trincheiras em que nos colocamos no último período, companheiras lutadoras do povo, que muitas vezes ainda não se reconhecem dessa maneira, estão na linha de frente. Fosse chefiando seus lares, enfrentando o desemprego ou a sobrecarga de trabalho na injusta divisão sexual do trabalho. Fosse compondo a maioria esmagadora de agentes populares formadas, fosse consolidando as hortas, cozinhas e bancos populares de alimentos.

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No próprio fazer, a nossa Política de Solidariedade foi absorvendo a necessidade de reconstrução dos pontos de partida. A mochila militante foi sendo carregada por perspectivas que há tempos estavam nas nossas frentes, mas precisavam de um olhar solidário para serem encaradas como fundamentais e terem real incidência na nossa prática.

O que seria uma Política de Solidariedade se não uma política que visa a garantia de uma vida digna para todo o povo? E o que seria um Projeto Brasil Popular se não um projeto de país que garanta essa mesma dignidade para todas, todos e todes? E quem são todas, todos e todes?

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É nesse sentido que nós, Periferia Viva e Movimento Brasil Popular, dialogamos. Precisamos de espaços, de táticas e estratégias que contemplem de fato a população feita em sua maioria por negras e negros, por mulheres. Que está na periferia ou no campo, ainda sem garantia dos direitos básicos. Mas que anseia por se ver na luta. Precisamos trazer e popularizar as pautas LGBTQIA+ como lutas que estão também entranhadas em nosso dia a dia, no nosso anticapitalismo que é antipatriarcal.

Os princípios que hoje norteiam esse movimento que nasce com a anunciação de novas primaveras bebem também dos processos da Periferia Viva e a nossa campanha enxerga no Movimento Brasil Popular o espaço de construção de uma força social que gere identidade no povo brasileiro. Tendo como primeiro desafio a derrota do bolsonarismo, nos colocamos lado a lado, antirracistas, feministas e em solidariedade pelo povo brasileiro.

Nós queremos a Periferia Viva!

A luta do povo é o nosso lugar: Movimento Brasil Popular!

 

 

*O Periferia Viva nasce como resposta ao governo genocida com sua política de morte que nos deixou a própria sorte em uma pandemia. A ideia é conectar iniciativas, campanhas e demandas da sociedade que podem contribuir e fortalecer essa rede de solidariedade. Leia outros textos.

**Para conferir mais conteúdo sobre a nossa Política de Solidariedade, você pode baixar as nossas cartilhas do Curso Trabalho de Base é Educação Popular

***Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

 

Edição: Vivian Virissimo