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Pandemia

Sem máscaras, Europa enfrenta alta de casos e acende alerta para o Brasil

Para Comissão de Enfrentamento à Covid da UFPR, flexibilização no Paraná é precoce

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Após liberação do uso de máscaras, Europa enfrenta alta de casos de Covid19. Cenário pode se repetir no Brasil, segundo especialista - Giorgia Prates

O governador do Paraná, Ratinho Junior, sancionou a terça, 29/3, decreto que derrubou a obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre e em locais fechados no Paraná. No dia anterior, a Prefeitura de Curitiba já havia decretado a liberação. Ambos os decretos mantêm o uso obrigatório em unidades de saúde, hospitais e transporte público.  

No entanto, a medida é considerada precoce para especialistas que olham a situação de países europeus que enfrentam aumento de casos e mortes após a flexibilização de normas para prevenção da Covid. Nesses países, após a redução ou abolição de medidas restritivas, houve nova onda de casos de coronavírus. Na maior parte das nações, o número de mortes ainda não cresceu, mas as unidades de terapia intensiva (UTI) voltaram a ser mais demandadas. Além disso, novas variantes e subvariantes ameaçam a saúde pública. Na Alemanha, por exemplo, a subvariante BA.2 da Ômicron já é responsável por 48% dos novos casos. Alguns governos chegaram até a decretar o fim da pandemia e anunciaram que a Covid passaria a ser encarada como uma endemia. 

 

Um ou dois meses depois 

Para a Comissão de Enfrentamento e Prevenção ao Covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Brasil poderá repetir esse cenário europeu. Segundo o professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular Emanuel Maltempi de Souza, o padrão que se consolida é que o quadro no Brasil repete o da Europa cerca de 1 a 2 meses depois. “Os números de casos e mortes começaram a subir há cerca de 1 semana, em particular no Reino Unido e Alemanha, coincidindo com a eliminação da obrigação de uso de máscaras em todos os ambientes. As causas para esse aumento podem incluir também o surgimento de novas variantes (Ômicron BA.2 ou Deltacron) e a queda da imunidade conferida pela vacina. Enquanto o clima na Europa vai se aquecendo, no Brasil vai esfriando, facilitando a propagação de doenças respiratórias,” diz. 

Para ele, depois da vacina, a máscara é a principal forma de conter transmissão da Covid-19, portanto deveriam ser utilizadas enquanto a circulação do vírus é alta. “Temos ainda média diária de aproximadamente 40 mil casos diagnosticados no País. E, no Estado do Paraná, mais de 2.500, o que é considerado um cenário de risco. Diante disso, considero que o uso opcional de máscaras em ambientes externos nos quais não ocorre aglomeração é adequado e aceitável. Em ambientes internos, especialmente onde não há possibilidade de manter distanciamento adequado, o uso de máscara, no meu entender, continua essencial no presente nível de circulação viral.” 

Maltempi, ao analisar a liberação do uso para crianças menores de 12 anos, disse que é uma medida arriscada. “No caso das crianças, penso que seria uma oportunidade para criar e consolidar o hábito de uso de máscaras, mostrando a importância que nosso comportamento e atitudes podem ter para proteção da comunidade. Por isso acho a decisão do governo estadual lamentável, porque esse é o público, atualmente, menos protegido”, conclui. 

Edição: Frédi Vasconcelos