FORÇAS ARMADAS

Novo comandante do Exército chefiava setor que supervisiona Polícias Militares

General escolhido por Bolsonaro chefiava o Coter, setor que mantém intensa relação com policiais e bombeiros

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Freire Gomes é o terceiro a comandar o Exército Brasileiro durante o governo Bolsonaro - Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu o general Marco Antônio Freire Gomes como novo comandante do Exército, em decisão publicada na quinta-feira (31), em edição extra do Diário Oficial da União.

General de Exército (quatro estrelas), Freire Gomes estava à frente do Comando de Operações Terrestres (Coter), um dos principais cargos dentro da estrutura do Exército, desde setembro do ano passado.

O Coter engloba, desde o início dos anos 90, a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), um órgão do Exército cujo objetivo é coordenar e conduzir ações de controle sobre as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares.

:: 58 anos do golpe: sob Bolsonaro, militares apostam em aprofundamento de relação com EUA ::

Em entrevista ao Brasil de Fato, o pesquisador Rodrigo Lentz, do Observatório da Defesa e Soberania Nacional do Instituto Tricontinental, comentou a escolha de Bolsonaro por Freire Gomes como comandante do Exército.

De acordo com Lentz, é importante notar que a escolha ocorre em ano eleitoral e que pode ser uma forma de intensificar a relação do governo com policiais militares para a candidatura de Bolsonaro nas eleições presidenciais.

"Isso ocorre num ano eleitoral, o que também pode vir a favorecer o Bolsonaro em relação à mobilização eleitoral dos militares estaduais em torno da candidatura presidencial", declarou o pesquisador.

:: Após 58 anos do golpe, Forças Armadas ainda atuam como "Partido Militar" no Brasil, diz dossiê ::

Freire Gomes substitui o general Paulo Sérgio Nogueira, que estava à frente do Comando do Exército há quase um ano e que agora será o novo ministro da Defesa. Nogueira entra no lugar de Braga Netto, que deixou o cargo para concorrer como provável candidato à vice-presidente na chapa de reeleição de Bolsonaro.

Ao longo da carreira, Freire Gomes serviu em Bela Vista (MS), Recife (PE) e Bayeux (PB), foi instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), adido na Espanha e comandante do 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia (GO).

:: Análise | A transição que nunca fizemos: 64 é aqui ::

Como general, foi secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandou a Brigada de Operações Especiais (Goiânia) e a 10ª Região Militar (Fortaleza). Ainda foi comandante Militar do Nordeste (Recife).

Edição: Vivian Virissimo