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Na CUT, Lula diz que movimento sindical deve ajudar a eleger parlamentares progressistas

Ex-presidente diz que movimento sindical tem a “missão heroica” de esclarecer a população para não “votar em pilantra”

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Lula durante encontro com direção nacional da CUT - ROBERTO PARIZOTTI/CUT

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda-feira (4), em reunião na sede nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que o movimento sindical tem a “missão heroica” de ajudar a eleger um Congresso Nacional de maioria progressista, com deputados e senadores voltados à defesa dos interesses da classe trabalhadora.

“O que fazer para não deixar eleger pilantra? Esta é uma tarefa que os comitês terão de fazer. Temos de fazer algo diferente para colher algo diferente”, disse Lula, destacando a participação dos sindicatos nos comitês populares.

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Os comitês são uma rede que envolve movimentos sindicais e sociais, partidos progressistas e a população, com atuação em fábricas, comunidades, favelas e bairros das periferias, assentamentos rurais, comunidades quilombolas e vilas de pescadores, entre outros locais.

“Qualquer coisa que quisermos fazer vamos ter de passar pelo Congresso. Se não mudar o Congresso, não vamos conseguir fazer a contrarreforma que precisamos fazer. E se a gente ganhar e tiver minoria? Não adianta chorar”, disse.

Para o ex-presidente, a sociedade ainda não aprendeu a cobrar os parlamentares. “A gente precisa ensinar a cobrar, a fazer pressão na cidade onde onde moram os deputados, onde tem sindicatos. Não ir na porta e xingar, mas conversar”.

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Direitos

Segundo Lula, as representações sindicais também precisam sair na frente com uma narrativa capaz de ganhar as massas, ampliar espaço no Congresso e garantir a defesa e o respeito aos interesses dos trabalhadores. Ele citou como exemplo a ser combatido a falácia “empreendedorismo”, que leva trabalhadores a se tornarem, entre outras ocupações desprotegidas, motoristas de aplicativo. Praticamente sem direitos trabalhistas, são trabalhadores vivendo em regime “quase um escravo”, disse

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O ex-presidente lembrou que essas narrativas reverberadas na imprensa alinhada aos governos neoliberais levaram à atual situação de informalidade e precariedade do emprego.

“Atualmente, apenas 7% das categorias profissionais conseguem reajuste salarial acima da inflação. Quem consegue a inflação dá graças a Deus. Inventaram o trabalho intermitente. E não conseguimos construir outra narrativa”, disse, enfatizando que os sindicatos precisam aprender a conversar com a população, não apenas com os trabalhadores da sua base. “A gente vai ter de reconstruir tudo isso”, acescentou.

Energia

Lula defendeu também o fortalecimento da mobilização em defesa da Eletrobras pelas centrais sindicais. O ex-presidente teme os efeitos da privatização da estatal de energia, sobretudo para as famílias pobres que foram beneficiadas pelo programa Luz para Todos. “Quando privatizar, empresário vai levar luz para essas pessoas?”, questionou. “É hora de juntar os cacos. A gente tem um legado para mostrar que somos melhores. Mas vamos ter de conversar com todo mundo”.

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