SAÚDE

Casos de síndrome respiratória grave crescem e ano tem 22 mil mortes de crianças

Nas últimas quatro semanas, 83,4% dos óbitos por síndrome respiratória aguda grave estão relacionados com a covid-19

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Casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave crescem entre crianças - Bruno Esaki / Agência Saúde DF

O boletim Infogripe, divulgado semanalmente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), traz um alerta para o aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças. Segundo a edição, publicada nesta quarta-feira (13), os contágios estão ligados majoritariamente ao vírus sincicial respiratório (VSR) na faixa etária 0 a 4 anos. Mas entre crianças de 5 a 11 anos os casos decorrem principalmente da covid-19 e das infecções com o rinovírus.

Ao todo, foram registradas 22.645 mortes de crianças associadas a casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2022. O número de casos registrados no ano é de 112.087. Deste total, 55,7% tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. A Síndrome Respiratória é uma complicação associada muitas vezes ao agravamento de alguma infecção viral. O paciente pode apresentar desconforto respiratório e queda no nível de saturação de oxigênio, entre outros sintomas.

Segundo a Fiocruz, as ocorrências em crianças estão com sinal de ascensão significativa em diversos estados desde fevereiro. No entanto, a curva de casos indica a possível formação de um platô, isto é, um quadro de estabilização em níveis altos.

As notificações de SRAG no país aumentaram nos últimos anos em decorrência da pandemia de covid-19. Em 2020, a disseminação da doença chegou a responder por 97% dos casos com resultado positivo para algum vírus respiratório. Esse percentual atualmente é menor, mas não menos preocupante: em 2022, 86,1% das ocorrências estão associadas à covid-19.

No recorte das últimas quatro semanas, a covid-19 foi relacionada com 41,6% das notificações de síndrome respiratória. Nesse mesmo período, o vírus sincicial respiratório contribuiu com 36,7% dos casos. No entanto, quando se observam apenas os quadros que evoluíram para óbito nessas quatro semanas, 83,4% estão relacionados com a covid-19 e apenas 7,4% com o VSR.

O levantamento ainda traz uma análise para as próximas três semanas (curto prazo) e para as próximas seis semanas (longo prazo). Das 27 unidades federativas, nove registram sinal de crescimento na tendência de longo prazo: Acre, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Piauí, Paraná, Roraima, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Os demais apresentam sinal de queda ou de estabilidade.

“Em todas as localidades que apresentam algum sinal de crescimento, os dados por faixa etária sugerem tratar-se de cenário restrito à população infantil (0 a 11 anos)”, afirma a Fiocruz. Mesmo nos estados onde não há sinal de crescimento para a população em geral, é possível observar um aumento de casos entre crianças.