VITÓRIA

Comerciantes atingidos pelo crime da Vale em Brumadinho (MG) conquistam reparação

Trabalhadores de região comercial de itens de pesca começaram a receber pelo programa de transferência de renda

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Estima-se que com o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão os trabalhadores tiveram 70% da sua renda prejudicada - Foto: Marcos Oliveira / Nacab

Cerca de 300 trabalhadores, entre comerciantes, artesãos e produtores de minhoca, do Shopping da Minhoca – localizado às margens da BR-040, entre Caetanópolis e Sete Lagoas, em Minas Gerais –começaram a receber neste mês de abril o auxílio do programa de transferência de renda concedido às comunidades atingidas pelos impactos socioeconômicos do crime da Vale na Bacia do Paraopeba.

O Shopping da Minhoca existe desde 1930 e é um tradicional ponto de parada para os pescadores do Rio Paraopeba. Com a proibição da pesca em fevereiro de 2019, o comércio na região ficou abandonado. O Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (Nacab), assessoria técnica independente que presta serviço aos atingidos da região, estima que com o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão os trabalhadores tiveram 70% da sua renda prejudicada.

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“Sem o rio não tinha como vender para ninguém, porque não passava ninguém. Nós tínhamos cinco pessoas que nos ajudavam aqui e nós tivemos que dispensar”, relata a comerciante Marilei Aparecida Alves.

A dificuldade financeira também afetou a saúde física e mental dos trabalhadores. Marilei, por exemplo, teve que fazer uso de antidepressivo para conseguir enfrentar a situação.

Desde o rompimento, os trabalhadores lutam pelo direito à reparação. No entanto, a mineradora só reconhecia como atingidas as comunidades que estivessem cerca de um quilômetro de distância do Rio Paraopeba. Com a negativa, a comunidade tentou conquistar o benefício judicialmente, porém, esse pedido também foi rejeitado.

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A reparação veio após o acordo firmado em fevereiro de 2021, entre a Vale, o governo estadual e as instituições de Justiça. A produtora de minhoca Silvana da Silva relembra que o reconhecimento da comunidade como atingida só foi conquistado por causa das inúmeras mobilizações dos trabalhadores. Hoje, ela comemora a vitória.

“É uma retomada do que a gente fazia, o dinheiro fez falta para comprar esterco para produzir, fiquei praticamente sem minha produção. Agora se Deus quiser é o recomeço”, celebra.

Além do benefício atual, os trabalhadores do Shopping da Minhoca também receberão os valores retroativos aos três anos sem o benefício.

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa