65 dias de guerra

Reino Unido envia 8 mil soldados ao leste europeu; Otan fala em "conflito a longo prazo"

Europa e EUA alimentam ucranianos com armas para guerra contra Rússia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cerca de 18 mil soldados da Otan realizam exercícios militares - Yasuyoshi Chiba / AFP

Após mais de dois meses de guerra, o conflito continua numa escalada militar. Nesta sexta-feira (29), o Reino Unido confirmou o envio de 8 mil soldados para realizar exercícios militares no leste europeu. O comandante do Exército britânico, tenente-general Ralph Woods afirma que a ação do Reino Unido busca "impedir a agressão em uma escala nunca vista na Europa neste século".

Já estão sendo realizados exercícios com cerca de 18 mil efetivos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Finlândia, Estônia, Letônia e na Polônia, países vizinhos à Rússia.

:: Conflito Rússia x Ucrânia | Veja cobertura especial ::

A União Europeia já enviou cerca de 1,5 bilhão de euros (aproximadamente R$7,5 bilhões) em armamentos a Kiev. A Alemanha confirmou o envio de 50 tanques de defesa antiaérea Gepard e prevê a liberação de 100 veículos de combate de infantaria Marder e 88 Leopard 1A5, enquanto a Polônia enviou 50 tanques T-72 e cerca de US$ 1,6 milhões em armas.

"Os aliados da Otan estão se preparando para dar apoio durante um longo período de tempo e também ajudar a Ucrânia a fazer a transição, passando de antigos equipamentos da era soviética para armas e sistemas mais modernos da Otan que também exigirão mais treinamento", declarou o Secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na última quinta (28). 


Moscou e Kiev acordaram a abertura de uma dezena de corredores humanitários no território ucraniano / Ed Jones / AFP

Questão energética

Após a suspensão de venda de gás russo para a Polônia e Bulgária pela falta de pagamento dos contratos em rublos, a Alemanha pode ser o próximo país a suspender a compra de combustível da estatal russa Gazprom. 

Há pelo menos um mês o país já ativou o plano de contingência, agora o chanceler alemão Olaf Scholz disse que os cidadãos devem preparar-se.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, emitiu um decreto em março estabelecendo que a partir do dia 1º de abril todas as vendas da Gazprom a uma lista de 45 países considerados hostis deveriam ser realizadas em rublos. A União Europeia publicou um comunicado se negando a adotar a medida, afirmando que representaria ruptura de contrato. 

Veja também: Rússia inicia fase decisiva da guerra na Ucrânia para consolidar uma conquista até 9 de maio

No entanto, o bloco se dividiu. A Áustria já disse que irá pagar em rublos, enquanto a empresa de energia Uniper, maior importadora de gás russo na Alemanha, informou nesta quinta-feira que está examinando a possibilidade de pagar pelo gás em euros para uma conta na Rússia.

"É um desafio que muitos países europeus, inclusive a Alemanha, dependam da importação de combustíveis fósseis da Rússia", declarou Scholz na última quinta-feira (28), em viagem ao Japão.

A Rússia, dona da maior reserva de gás natural do mundo, fornece cerca de 40% da demanda deste combustível na União Europeia.

Acordo Ucrânia - União Europeia

A Ucrânia assinou um novo tratado comercial com a União Europeia que prevê a inserção de cobrança de impostos sobre os produtos ucranianos importados pelo bloco. 

O presidente Volodymyr Zelensky descreve o acordo como "um gesto sem precedentes de apoio para aliviar a situação dos produtores e exportadores ucranianos".

Saiba mais: Conflito entre Rússia e Ucrânia pode gerar escassez de trigo no mundo 

A Ucrânia é o quarto maior exportador de trigo do mundo, mas também fornece milho, aço, óleos e resíduos vegetais à Europa.

Por outro lado, a Rússia decidiu limitar suas importações de cereais e açúcares para priorizar o mercado interno.

Kiev e Moscou são responsáveis por exportar cerca de 30% do trigo consumido globalmente, 19% do milho e 80% do óleo de girassol.

Além dos impactos econômicos a nível mundial, como aumento do preço do barril de petróleo, gás, minérios e produtos alimentícios, o conflito entre Rússia e Ucrânia tem um saldo de 5,2 milhões de refugiados e 7,7 milhões ucranianos desalojados, segundo as Nações Unidas.

* Com informações de The Guardian, DW, RT e Sputnik 

Edição: Thales Schmidt