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Conmebol investigará novo caso de racismo na Argentina; episódios são comuns também no Brasil

Torcedores do Ceará foram vítimas de atos racistas em jogo contra o Independiente na Argentina

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Torcedor do Independiente (ARG) imita um macaco e simula estar comendo banana em ato racista direcionado a torcedores do Ceará - Reprodução

A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) abriu nesta sexta-feira (27) um processo disciplinar para investigação de atos racistas de torcedores do Independiente, da Argentina, contra torcedores do Ceará, em partida realizada na última quarta-feira (25) na cidade de Avellaneda, na Grande Buenos Aires.

A informação foi confirmada junto à entidade pela CNN. No episódio, um torcedor do clube argentino foi flagrado fazendo gestos imitando um macaco para os torcedores do time brasileiro ao final da partida – vencida pelos cearenses por 2 a 0. A ação foi gravada em vídeo por torcedore do time brasileiro.

Só neste ano, pelo menos seis clubes estrangeiros foram investigados após atos racistas de torcedores em partidas contra clubes brasileiros. Torcedores de clubes como Bragantino, Corinthians, Flamengo, Fluminense e Palmeiras já foram vítimas dos insultos em partidas contra equipes de diferentes países, como Chile, Equador e Paraguai, além da Argentina.

Em um dos casos, um torcedor do Boca Juniors, da Argentina, foi detido no estádio do Corinthians, em São Paulo, após imitar macacos durante a partida entre os dois clubes. Ele foi identificado pela polícia após denúncia de torcedores corintianos.

A frequência de casos semelhantes fez com que a Conmebol decidisse mudar o código disciplinar, prevendo punições mais duras contra atos de discriminação em estádios. A multa mínima para os clubes, por exemplo, passou de US$ 30 mil (R$ 142 mil, na cotação desta sexta) para US$ 100 mil (R$ 473 mil). Pelo novo regulamento, os times podem até ser obrigados a jogar com portões fechados.

Casos comuns também no Brasil

Os episódios registrados por torcedores de times de países vizinhos contra brasileiros chamam atenção, mas o Observatório da Discriminação Racial alerta: os casos são comuns também aqui no Brasil. Foram mais de 50 registros só no ano passado, segundo dados do próprio Observatório. Em 2022 os casos continuam em alta.

"Estamos no quinto mês do ano, não temos cinco meses de futebol, e o Observatório já monitorou 33 denúncias no futebol brasileiro. Os racistas estão se sentindo cada vez mais à vontade, cada vez mais confortáveis pra ir pra estádio de futebol e expressar sua intolerância", afirmou o diretor do Observatório, Marcelo Carvalho, em entrevista ao Brasil de Fato (confira a entrevista na íntegra clicando aqui).

Edição: Rodrigo Durão Coelho