Violência Policial

Após caso Genivaldo, movimento negro reforça pedido para fechamento de curso Alfacon

Instrutores de curso preparatório para policiais aparecem em vídeos estimulando técnicas de tortura em pessoas detidas

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Vídeo mostra professor de cursinho ensinando práticas de tortura aos alunos - reprodução

A Uneafro Brasil e o Instituto de Referência Negra Peregum entraram com uma denúncia-crime no Ministério Público do Estado do Paraná contra o proprietário da empresa de cursos preparatórios para carreiras policiais Alfacon, Evandro Bittencourt Guedes. O documento pede o fechamento da escola e a investigação dos crimes de racismo e incitação ao crime. 

A Alfacon ganhou notoriedade após o assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba (SE). Ele morreu após ser torturado em uma câmara de gás montada por policiais rodoviários federais no porta-malas de uma viatura.

Após o crime, diversos vídeos dos cursos da empresa, que incitavam a tortura de pessoas detidas, repercutiram na internet. Uma das “técnicas” ensinadas é a mesma aplicada em Genivaldo. 

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No Twitter, Douglas Belchior, da Uneafro Brasil, diz que a entidade pediu o fechamento do curso para “fechar essa fábrica de psicopatas Bolsonaristas”. 

A denúncia traz a transcrição de um dos vídeos que trazem a incitação de tortura:  

“Nesse interim que a gente ficou lavando procedimento e ele estava na parte de trás da viatura ele ainda tentou quebrar o vidro, o que a polícia faz, abre um pouquinho, pega o spray de pimenta, foda-se é bom pra caralho, a pessoa fica mansinha, de repente só escuto “ah eu vou morrer, eu vou morrer”, ai fiquei com pena abri de novo e disse “torturaaaa” e fechei de novo”. 

Acusações antigas 

Essa não é a primeira denúncia contra a empresa. Após denúncias semelhantes em 2020, a bancada federal do PSOL protocolou uma representação no Ministério Público do Estado de São Paulo requisitando informações ao MP sobre o andamento das investigações relacionadas aos instrutores do Alfacon sobre os mesmos crimes. A representação não recebeu resposta do MP-SP. 

Por conta da morte de Genivaldo, a Liderança do PSOL na Câmara protocolou nesta terça-feira um aditamento à denúncia, pedindo à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) que o MPSP abra investigação. O aditamento também solicita que a PFDC determine a investigação pelo Ministério Público Federal, considerando os agentes públicos federais envolvidos. 

 

Edição: Vivian Virissimo