“Saia!!!”

Às portas da eleição, Lira se diz revoltado com preços e pede saída de presidente da Petrobras

Estatal anunciou reajuste de 5% da gasolina e 14% do diesel a partir de sábado (18)

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Deputado federal Arthur Lira à frente do presidente Bolsonaro - Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

Apoiador fiel de Jair Bolsonaro (PL), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi ao Twitter nesta sexta-feira (17) para pedir a renúncia do presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, horas depois de a estatal anunciar um novo reajuste no preço dos combustíveis.

“O presidente da Petrobras tem que renunciar imediatamente”, escreveu ele, no twitter. “Saia!!! Pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo.”

A Petrobras vai reajustar em 5,1% o preço da gasolina vendida em suas refinarias a distribuidoras de combustível. A estatal também informou que o preço do diesel subirá 14,2%. O aumento vale a partir de sábado (18). Só em 2022, a gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 31%. Já o diesel, 68% de aumento.

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O reajuste desta sexta foi discutido numa reunião emergencial do conselho de administração da estatal realizada na quinta-feira (16). O governo federal, sócio-controlador da Petrobras, tem seis dos 11 membros do conselho – ou seja, a maioria.

Foi o próprio governo, do qual Lira é aliado, quem colocou José Mauro Ferreira Coelho na presidência da Petrobras. Ele assumiu o cargo há dois meses, depois que o general Joaquim Silva e Luna foi demitido por Bolsonaro. Em seu discurso de posse, Coelho agradeceu a Bolsonaro. Prometeu manter a atual política de preços da Petrobras, apontada como causadora dos aumentos.

A política atrela os preços dos combustíveis vendidos pela estatal ao valor dos produtos vendidos no mercado internacional. Após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, houve aumento principalmente do diesel no exterior. A Petrobras seguiu esses preços.

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Apesar de não ter agido efetivamente para conter a nova alta, Bolsonaro foi ao Twitter nesta manhã se dizer contra o reajuste de preços da Petrobras. Antes mesmo do aumento ser oficialmente anunciado, Bolsonaro escreveu que ele poderia “mergulhar o Brasil num caos”. 

Novos valores

Com o reajuste, o preço médio de venda da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Vale lembrar que esse não é o preço final que os consumidores encontram nas bombas. No início do ano, a gasolina vendida pela Petrobras custava R$ 3,09 por litro em refinarias.

Considerando que a gasolina vendida em postos de combustível vem misturada com 27% de etanol, a Petrobras estima que o combustível suba R$ 0,15 por litro ao consumidor final. 

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. Considerando que o diesel nos postos tem 10% de biodiesel, a Petrobras estima um aumento R$ 0,63 por litro nos postos. O diesel vendido em refinarias da Petrobras iniciou o ano com preço de R$ 3,34 por litro.

Desta vez, a Petrobras não reajustou o preço do gás de cozinha.

ICMS era o problema?

O reajuste da Petrobras acontece dias depois de o Congresso Nacional aprovar um projeto de lei para limitação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o combustível. O projeto, que aguarda sanção do presidente Bolsonaro, estabelece que estados podem cobrar uma alíquota máxima de 17% de imposto sobre gasolina e diesel, por exemplo. Hoje, há estados que cobram até 30%.

:: Câmara aprova limite do ICMS sobre combustível; projeto vai à sanção ::

A redução do imposto era uma aposta de Bolsonaro para redução do preço da gasolina durante o período eleitoral. O reajuste da Petrobras, principalmente no caso do diesel, tende a anular qualquer efeito prático dessa nova lei.

Edição: Felipe Mendes