Próximos passos

Justiça por Dom e Bruno: atos são convocados em Manaus, São Paulo e Brasília

Protestos pedem justiça também por Maxciel dos Santos, indigenista morto em 2019, e derrubada de presidente da Funai

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Servidores da Funai denunciam desmonte deliberado da política de proteção de terras indígenas pelo governo Jair Bolsonaro - Divulgação

"Só teremos paz quando as medidas necessárias forem tomadas para que tragédias como esta não se repitam jamais". A frase é de Alessandra Sampaio, esposa do jornalista britânico Dom Phillips

A declaração foi publicada nas redes sociais alguns minutos depois que a coletiva de imprensa convocada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (17) anunciou ter encontrado restos humanos que podem ser de Dom e do indigenista Bruno Pereira. Ambos desapareceram em 5 de junho, quando se deslocavam no rio Itaquaí, nos limites da Terra Indígena (TI) Vale do Javari, no Amazonas. 

Alessandra ressaltou que ainda não vieram as confirmações definitivas – a perícia em Brasília ainda não foi finalizada. Mas disse que a angústia de não saber o paradeiro da dupla chegava ao fim, dando lugar, agora, à "jornada na busca por justiça". 

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Em consonância com as palavras de Alessandra, ao menos três manifestações estão sendo convocadas: em São Paulo (SP), Brasília (DF) e Manaus (AM).   

No MASP 

Na capital paulista, o ato está marcado para este sábado (18), às 11h, em frente ao MASP, na av. Paulista. O protesto pede justiça por Bruno Pereira, Dom Phillips e também Maxciel Pereira dos Santos, indigenista e ex-servidor da Funai assassinado em 2019, em Tabatinga (AM), caso até hoje não solucionado.  

Max, como era conhecido, trabalhava junto e era próximo de Bruno. Atuava na Frente de Proteção Etnoambiental, setor responsável pela parte operacional de ações de fiscalização na região, e foi morto com dois tiros na nuca.  

A convocatória é assinada pela associação de servidores da Funai (INA – Indigenistas Associados), o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de São Paulo (Sindsef-SP) e pela Central Sindical e Popular Conlutas. 

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No Eixão Norte 

Em Brasília, a manifestação será às 9h30 do domingo (19), na altura do número 208 do Eixão Norte, próximo ao estacionamento do McDonald’s. Está sendo organizada pelo Movimento Bem Viver.  

O pajé Wrwray, da aldeia Kariri-Xocó no Distrito Federal, estará presente. Bruno e Dom, diz ele, "deram suas vidas defendendo a floresta, os povos indígenas e o futuro de toda a humanidade. Agora eles estão com o Grande Espírito e seguirão trazendo energia para quem luta em defesa da Mãe-Terra". 

O ato terá participação de servidores da Funai, que estiveram em greve durante a semana, e tem como uma das reivindicações a saída do presidente da Funai. Marcelo Xavier está à frente do órgão por indicação de Jair Bolsonaro (PL) e é apontado por dossiê feito pela INA e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC) como um dos responsáveis pelo desmonte da Funai e a adoção de uma política anti-indigenista.  

Durante o ato haverá partilha de alimentos agroecológicos plantados em mutirões em sistemas agroflorestais.  

Na UFAM 

Pedindo justiça por Bruno, Dom e Maxciel, o protesto na capital amazonense acontece na terça-feira (21) a partir das 12h. Será no Centro de Convivência da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Na manhã desta sexta-feira (17), em Atalaia do Norte (AM), servidores fizeram um "protesto relâmpago" em frente à sede da Funai. Com uma faixa com os dizeres "Vale do Javari - servidorxs: aventureirxs selvagens", ironizando fala recente de Bolsonaro, eles pediram justiça para Dom, Bruno e Maxciel e proteção para os povos indígenas. Na intervenção, os servidores estavam com os pés atados e sacos pretos na cabeça. 

Edição: Thalita Pires