2º TURNO

Macron perde maioria, e esquerda conquista segunda maior bancada na França

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A nova composição da Assembleia Nacional foi considerada uma "derrota" para Macron que ficará mais dependente de acordos com a oposição para aprovar projetos e reformas - kremlin oficial/ru

O presidente da França, Emmanuel Macron, reeleito em abril, perdeu neste domingo (19) a maioria absoluta na Assembleia Nacional e terá, em seu segundo mandato, que negociar com a esquerda – que conquistou a segunda maior bancada nas eleições legislativas realizadas ontem. De acordo com o Ministério do Interior francês, a coalizão de Macron, “Juntos!”, ficou em primeiro lugar nessa segunda volta do pleito e garantiu 245 cadeiras de um total de 577 vagas no Parlamento.

No entanto, pelo sistema eleitoral do país, majoritário, a aliança centrista precisava eleger 289 deputados para garantir maioria absoluta ao chefe do Executivo. Com o resultado, Macron se tornou o primeiro presidente francês em exercício a não conquistar a maioria parlamentar desde a reforma eleitoral de 2000.

A nova composição da Assembleia Nacional foi considerada uma “derrota” para o chefe do Executivo que ficará mais dependente de acordos com a oposição para aprovar projetos e reformas. Como já era previsto nas pesquisas eleitorais, a disputa se deu principalmente entre o bloco governista com a coalizão de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), liderada pelo candidato Jean-Luc Mélenchon. Com 131 cadeiras, a Nupes conquistou a segunda maior bancada nas eleições legislativas. 

Avanço da esquerda, e da extrema direita 

O resultado foi celebrado por Mélenchon que almeja o posto de primeiro-ministro, governando em “coabitação” com Macron. À Rádio França Internacional (RFI), o líder da coalizão e do partido França Insubmissa (FI) disse que o objetivo da coalizão de esquerda é “impedir o presidente de aplicar seu programa liberal”. Entre as principais propostas de reforma, Macron quer aumentar a idade de aposentadoria dos franceses e atuar por uma agenda pró-mercado. 

“A derrota do partido presidencial é total e não aparece nenhuma maioria”, declarou Mélenchon. A unidade das esquerdas surgiu como a principal inovação desse pleito. Além da França Insubmissa, a Nupes reúne ecologistas, comunistas e socialistas. Sem o apoio dessas outras forças, Melénchon quase chegou ao segundo turno das presidenciais francesas em abril. Ele ficou com 22% dos votos dos, menos de dois pontos atrás da líder de extrema direita Marine Le Pen, derrotada por Macron na segunda volta.

O partido de Marine Le Pen, o Reunião Nacional (RI), contudo, também conquistou mais espaço no Parlamento. A extrema direita obteve 89 cadeiras, um salto de quase 10 vezes, frente aos oito assentos que a legenda tinha na composição anterior. Com isso, a extrema direita formará um grupo parlamentar, o que não acontecia na França desde 1986, e terá peso sobre as decisões legislativas do país. Houve também uma queda no número de mulheres eleitas neste pleito, que caiu para 37,3% ante 39%, em 2017, segundo a agência internacional de notícias AFP.

Revés político para Macron

Assim como na primeira volta, no início de junho, a votação neste domingo registrou recorde na abstenção, com mais da metade dos eleitores (54%) que preferiram não votar. Na imprensa francesa, os principais veículos repercutiram os resultados das eleições legislativas como “um grande revés político para Macron”, conforme manchete do jornal Le Monde, nesta segunda (20). A nova composição da Assembleia também será “ingovernável” para o presidente, segundo o diário Le Parisien. Já o Le Figaro reportou que a França “dá um salto no desconhecido” com a esquerda fortalecida e a maior bancada da extrema direita da história. 

Confira as principais notícias desta segunda (20/06), no áudio acima.

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