Paraná

Agroecologia

19ª Jornada de Agroecologia recebe mais de 20 mil pessoas, em Curitiba

Ao longo de 5 dias de feira e apresentações culturais, evento comercializou cerca de 30 toneladas de alimentos

Curitiba (PR) |
Evento aconteceu em campus da UFPR, em Curitiba, entre 22 e 26 de junho - Foto: Giorgia Prates

Reconhecido como um dos maiores eventos de promoção do tema em todo o Brasil, a 19ª Jornada de Agroecologia recebeu público expressivo de mais de 20 mil pessoas entre os dias 22 e 26 de junho, em Curitiba.

O tempo seco e calor fora de época para o junho curitibano contribuíram para o movimento acima da expectativa na feira de alimentos agroecológicos, orgânicos e da economia solidária.

Foram comercializadas mais de 30 toneladas de alimentos in natura e industrializados, vindo de acampamentos e assentamentos da reforma agrária, iniciativas da Economia Solidária, coletivos urbanos, representantes de povos indígenas e quilombolas. Ao todo, 65 empreendimentos compuseram a feira.


Foram comercializadas mais de 30 toneladas de alimentos in natura e industrializados / Foto: Giorgia Prates

O espaço da Saúde Popular atendeu 500 pessoas ao longo dos cinco dias de evento, a partir do trabalho de 23 terapeutas e cuidadores, que atuaram com 12 tipos de terapias. Mais de 4 mil pacotes de sementes e cerca de 145 variedades de sementes foram distribuídas durante a atividade. Testes de transgenia também foram realizados gratuitamente durante a Jornada.

O filósofo Leonardo Boff foi um dos destaques entre palestrantes das mais de 40 oficinas, seminários e conferências realizadas ao longo do evento.

“Em cinco anos podemos chegar a 1 grau e meio de aquecimento da Terra e isso será um desastre para a humanidade. Mas o cenário pessimista que se apresenta tem alternativa, e uma delas é o que vocês estão fazendo na luta pela agroecologia”, disse Boff para uma plateia lotada, na manhã de sábado (25).


Ao todo, 65 empreendimentos compuseram a feira / Foto: Giorgia Prates

A Carta desta 19ª edição traz a síntese coletiva das 68 entidades, movimentos populares e coletivos que compõem a realização da Jornada: “Vivenciamos um dos momentos mais severos da história brasileira, em que a crise social, política, econômica, sanitária e ecológica afeta sobretudo o povo mais pobre. Hoje, 33 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome e 11 milhões estão desempregados. Não podemos admitir que o povo tenha que se submeter a filas para doação de ossos, enquanto a riqueza dos bilionários cresce 60% durante a pandemia.”

O documento aponta a urgência da superação da pobreza e de todas as formas de violência. “Por um Brasil soberano, popular, sem fome e sem miséria. Por um Brasil que proteja os defensores da vida humana, dos povos, dos animais e de toda a natureza. Por um país livre de violência, de racismo, de machismo e de LGBTQIfobia. Pela produção agroecológica, sem transgênicos e agrotóxicos. Pela diversidade. Pela ciência e pelo respeito aos conhecimentos tradicionais. Por justiça aos que tombaram. Pela vida do povo brasileiro”.


19ª Jornada de Agroecologia recebeu mais de 20 mil pessoas entre os dias 22 e 26 de junho, em Curitiba / Foto: Juliana Barbosa

20 toneladas de alimentos doados

Frutas, verduras, legumes, grãos e pães formaram as mais de 20 toneladas de alimentos e 50 cargas de gás de cozinha doados a nove comunidades de Curitiba e região metropolitana, também no sábado.

Os alimentos foram partilhados por acampamentos e assentamentos de diferentes partes do Paraná e até de fora do estado. Os alimentos também foram doados ao coletivo Marmitas da Terra, uma iniciativa que semanalmente produz mais de 1,1 mil refeições distribuídas na capital paranaense.

A ação foi promovida pela União Solidária, uma articulação que reúne o MST, sindicatos, partidos, pastorais sociais e universidades para promover ações de combate à fome e à vulnerabilidade social nas periferias dos centros urbanos.

Além dos alimentos, uma parceria com o Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro) também contribuiu com 50 cargas de gás para serem distribuídas entre as comunidades.


Partilha de alimentos durante a 19ª Jornada de Agroecologia / Foto: Juliana Barbosa

Foram contempladas cozinhas comunitárias das comunidades Vila Formosa, Nova Primavera, Vila União, da ocupação Povo Sem Medo, acampamento Marielle Franco, e a associação de catadores de material reciclável do Parolin.

Integrante do MST e do Coletivo Marmitas da Terra, Adriana Oliveira destaca a importância desse tipo de ação que une o campo e a cidade. “No momento em que a gente está com 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil, no momento da pandemia – totalmente adverso -, nós camponeses, agricultores e agricultoras do movimento organizado, junto com muitas outras organizações, estamos dizendo que é possível, sim, solucionar a fome, a partir da organização e de processos coletivos.”

Fundamental para o planeta

Palco e espaços da feira receberam cerca de 20 apresentações artísticas, por onde passaram 108 artistas. O show do cantor e compositor pernambucano Otto reuniu público de pelo menos cinco mil pessoas na noite de sábado. O cantor enfatizou a importância da agroecologia: “Eu acho fundamental para o ser humano, fundamental para o planeta, para o Brasil, para nossa política, para nossa resistência.”

Otto se somou à plateia no coro “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”, e fez críticas ao governo Bolsonaro na presidência da república: “Vamos daqui a pouco tirar esse desgoverno e vamos colocar alguém que se enxergue e que gosta do povo.”

Edição: Lia Bianchini