PRÉ-CAMPANHA

Em ato em Diadema, Lula critica orçamento secreto, teto de gastos e PEC considerada eleitoreira

Petista também citou a importância das eleições legislativas e profetizou uma bancada de maioria de negros e negras

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O ex-presidente Lula em ato do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, em Diadema, São Paulo - NELSON ALMEIDA / AFP

O pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o orçamento secreto, o teto de gastos e a PEC dos Auxílios. Lula classificou o protagonismo dos deputados nas decisões orçamentárias como "a maior bandidagem" e definiu a criação dos programas sociais por meio da PEC como uma atitude eleitoreira do presidente Jair Bolsonaro (PL).  

Em outro momento, Lula afirmou que, caso eleito, irá revogar o teto de gastos, Emenda Constitucional que estabelece um limite para investimentos públicos. As falas foram feitas durante o ato do movimento Vamos Juntos pelo Brasil, neste sábado (9), em Diadema, São Paulo.

"É muito importante a gente eleger deputado. Mas é muito importante a gente saber que tipo de deputado e deputada a gente tá elegendo. Qual é o compromisso histórico dessa pessoa, no que essa pessoa acredita, porque às vezes você elege uma pessoa e escolhe a raposa para tomar conta do galinheiro. Ela vai comer as galinhas", disse o ex-presidente, para logo em seguida fazer uma crítica ao orçamento secreto. 

"É o que está acontecendo com o orçamento secreto na Câmara dos Deputados, que é a maior bandidagem. Não é possível que não estejam vendo isso", declarou. 

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O ex-presidente Lula também dirigiu críticas à PEC dos Auxílios, proposta de Emenda à Constituição que permite o reajuste do Auxílio Brasil e cria outros benefícios às vésperas da eleição. Por lei, neste contexto, o Executivo não pode criar novos programas sociais ou aumentar os já existentes. Lula definiu que a medida é de caráter eleitoreiro e estimulou que as pessoas usem os benefícios, mas votem contra o presidente. 

"Bolsonaro quer dar 600 de auxílio e mil reais para motoristas de caminhão, mas até dezembro. Ele pensa que o povo pode ser tratado igual gado? Se o dinheiro cair na conta de vocês, peguem e comprem o que comer. E na hora de votar, deem uma banana nele". 

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O evento contou com a participação do pré-candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), do pré-candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e do ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB). Prefeitos e lideranças partidárias do PV, PCdoB e Rede também marcaram presença. 


Ato com o ex-presidente Lula, na praça da Moça, em Diadema, São Paulo / Ricardo Stuckert



Luta Antirracista

Lula começou o discurso, neste sábado, comentando o impacto da escravidão na formação social do Brasil. Ele associou o alto índice de violência à desigualdade social e à falta de oportunidades, sobretudo para a população negra do país.

Uma das soluções apontadas pelo petista era apostar em candidaturas de negros e negras, e profetizou: "teremos a maior bancada da história de parlamentares negros e negras da história". 

Ao longo do evento, o ex-presidente também denunciou o aumento do desemprego, da fome e da miséria no país. Revelou que, hoje, a classe trabalhadora tem dificuldade para negociar melhores salários e condições de trabalho.

"Vamos pegar o país pior do que em 2003. A inflação e o desemprego estão maiores. As categorias estão fazendo acordos menores que a inflação. E nossa solução é colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda", declarou.

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O  aumento do custo de vida e a fome perpassaram vários trechos do discurso do ex-presidente. Nesta semana, a Organização das Nações Unidades para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgou um novo estudo que mostra o Brasil de volta ao mapa da fome, com cerca de 61 milhões de pessoas em insegurança alimentar. Lula acusou o governo Bolsonaro de ser o responsável por este cenário de crise. 

"Eu vim pra São Paulo por causa da fome. 70 anos depois, e depois do PT ter acabado com a fome no país, agora 33 milhões de brasileiros vão dormir sem ter o que comer. Como isso se explica em um país que é o terceiro produtor de alimentos no mundo?". 

Eleições em São Paulo

Este foi o primeiro ato público em que o ex-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), participou depois de retirar a pré-candidatura ao governo do estado. Ele foi bastante cumprimentado por prefeitos e lideranças partidárias que estiveram presentes no ato. Frases como "grandeza política" e "um gesto em defesa democracia" se repetiram para elogiar a decisão de apoiar Fernando Haddad (PT) para o governo do estado. 

Por sua vez, França preferiu adotar o tom de que estava seguindo o compromisso firmado tempos atrás, de que abriria mão da candidatura caso outro nome estive com mais condições de vencer a eleição. No palanque, França disse: "o combinado está aqui hoje". Ele definiu que, agora, a grande missão é eleger Lula presidente e Haddad para o governo do estado. 

Edição: Raquel Setz