"Se o campo não planta, a cidade não janta." A frase evidencia a importância da agricultura familiar e camponesa para a garantia do alimento que chega à mesa da população brasileira. Para celebrar os trabalhadores e as trabalhadoras que se ocupam desse ofício, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) instituiu, em 2014, a data de 25 de julho como Dia Internacional da Agricultura Familiar.
No Brasil, o segmento representa 77% dos estabelecimentos agrícolas, segundo o último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, ainda há pouca terra destinada à produção de alimentos por meio desse modelo conhecido pela diversificação agrícola e trabalho familiar geracional. As pequenas propriedades correspondem a apenas 23% do território. O restante está concentrado nas mãos de latifundiários e empresas do agronegócio.
Mesmo com menos espaço e políticas públicas de incentivo, a agricultura familiar é responsável pela produção de toneladas de alimentos. Ainda segundo o IBGE, o setor é responsável por mais de 80% da produção de mandioca; por 48% da produção de café; 69% de abacaxi; e 42% de feijão. Esses são apenas alguns dos indicadores que ilustram a relevância do segmento.
Concentrados principalmente nas zonas rurais, os agricultores e agricultoras familiares têm estreitado laços com a população urbana a fim de pautar o debate sobre a necessidade de políticas públicas de fomento à produção de alimentos saudáveis.
Um exemplo é a Comunidades carentes do Paraná recebem 80 toneladas de alimentos da Reforma Agrária que, desde o início da pandemia, tem realizado a partilha de sua produção com famílias da cidade em situação de vulnerabilidade.
Na última sexta-feira, MST prepara doação de mais de 50 toneladas de alimentos nesta sexta (22) no Paraná (PR). Famílias de mais de 25 bairros periféricos do município foram beneficiadas.
"É um ato muito bom, porque muita gente necessita. Então, dão graça quando acontecem esses eventos. Eu acredito que muita gente hoje está muito feliz com essa ajuda", diz o aposentado José Tadeu Rocha, que, mesmo com a renda da aposentadoria, tem enfrentado dificuldades para comprar alimentos básicos.
Entre os alimentos partilhados pelo MST estão grãos, frutas, legumes e tubérculos. Com a ação, o movimento ultrapassou a marca de mil toneladas de alimentos doados desde o ano de 2020.
Além de levar comida para quem precisa, a campanha de solidariedade também tem como objetivo chamar a atenção do povo da cidade para a luta pela reforma agrária popular.
Por meio da doação de alimentos para famílias urbanas em situação de vulnerabilidade, o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTS) leva, também, o debate sobre a reforma agrária / Brenda Balieiro/ MST
Outra iniciativa que vai ao encontro de estreitar o diálogo entre campo e cidade e fortalecer o trabalho camponês é a Rede Raízes do Campo. A empresa faz uma ponte entre quem produz e quem consome. Arroz agroecológico, suco de uva, açúcar e chocolate estão entre os produtos comercializados pela rede, todos produzidos por cooperativas da agricultura familiar espalhadas pelo país.
Em entrevista ao Bem Viver desta segunda-feira (25), a diretora de marketing da Raízes do Campo, Lilian Reis, explica que a atuação da empresa tem como premissa colocar o trabalhador como protagonista.
"A gente quer dar protagonismo pro agricultor e pra agricultora, e não é dessa forma romântica. A gente tem que olhar pro campo e entender que sem o campo não tem comida. O agricultor não planta só a comida, ele cuida do meio ambiente. Temos que olhar para tudo isso, enxergar o agricultor e a agricultora de forma mais ampla, não só como uma pessoa que vem e te entrega um produto que você consome. Tem muito mais coisa envolvida", ressalta.
A Rede Raízes do Campo é uma das parceiras da 3ª edição da Campanha Gente é Pra Brilhar, com a doação de 30 toneladas de arroz adquiridos da agricultura familiar.
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Edição: Geisa Marques
