Rio de Janeiro

VIOLÊNCIA DO ESTADO

Relatório aponta diversas violações policiais durante operação no Complexo do Alemão (RJ)

Documento destaca ausência de medidas para suspensão da atividade policial mesmo após pedidos ao Ministério Público

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Complexo do Alemão
Invasão de residências, danos à patrimônio e ameaças foram algumas das denúncias de moradores após operação - Fernando Frazão/Agência Brasil

A Ouvidoria Externa da Defensoria Pública do Rio e outras sete organizações de defesa dos direitos humanos divulgaram relatório no qual apontam graves violações de direitos durante a operação policial no Complexo do Alemão que deixou 18 pessoas, no dia 21 de julho.  

Além de relatos sobre as violações, o documento destaca a ausência de medidas para suspensão da atividade policial mesmo após pedidos encaminhados ao Ministério Público do estado. 

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Produzido a partir da atuação emergencial da Ouvidoria junto às Comissões de Direitos Humanos da OAB e da Alerj, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos (CEDH) e os coletivos locais Educap, Raízes em Movimento, Papo Reto e Casa Fluminense, o relatório afirma que a operação não apresentou qualquer resultado benéfico à população local.

Ao contrário: gerou prejuízos e danos incalculáveis do ponto de vista das vidas perdidas, da integridade física e psíquica das famílias e danos materiais. 

Denúncias

Entre os relatos recebidos na visita à comunidade um dia depois da operação, destacam-se as inúmeras denúncias de invasões de residências, danos ao patrimônio, ameaças, além de perfurações de bala em diversas casas, principalmente nos becos onde os conflitos foram mais intensos.

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O texto também documenta a atuação das entidades de defesa dos direitos humanos no acompanhamento das famílias nos hospitais para onde os corpos foram levados e no Instituto Médico Legal (IML).

"Esse tipo de operação não traz segurança alguma para ninguém e jamais seria tolerada nos bairros nobres da cidade. Estamos falando de operações que impedem as pessoas de estudar, trabalhar, ir a consultas médicas, abrir seus comércios. São violações em todos os níveis de vida. Isso é inaceitável", destacou o ouvidor-geral da Defensoria do estado, Guilherme Pimentel.

A Defensoria do Rio informou que vai representar na Justiça e nas esferas extrajudiciais, a família de Letícia Marinho Sales, morta durante a operação no Complexo do Alemão ao sair de uma igreja. Os três filhos e o sobrinho da vítima estiveram na DP-RJ no último dia 26 para o primeiro atendimento.

Edição: Eduardo Miranda