Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
No Result
View All Result
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
No Result
View All Result
Brasil de Fato
Início Política

ENTREVISTA

68 anos do suicídio do ‘Pai dos Pobres’: Getúlio Vargas sempre condenou liberalismo, diz autor

Economista Pedro Cezar Dutra Fonseca escreveu a tese de doutorado “Vargas, o Capitalismo em Construção”

20.ago.2022 às 12h28
Porto Alegre (RS)
Ayrton Centeno
Getúlio Vargas tinha um projeto de intervenção do estado para o desenvolvimento da siderurgia e do petróleo

Getúlio Vargas tinha um projeto de intervenção do estado para o desenvolvimento da siderurgia e do petróleo - Biblioteca Nacional/Imagens

Gaúcho de São Borja, onde nasceu em 1954, o economista Pedro Cezar Dutra Fonseca produziu sua tese de doutorado na USP sobre seu conterrâneo Getúlio Vargas, cujo suicídio completará 68 anos na próxima quarta-feira, dia 24 de agosto. “Vargas, o Capitalismo em Construção” (Ed. Hucitec) está hoje em terceira edição.

Fonseca percorreu quase todos os postos da hierarquia universitária. Foi chefe de departamento, coordenador de pós-graduação, diretor de faculdade, vice-reitor. Também dirigiu o Centro Internacional Celso Furtado e presidiu a Sociedade Brasileira de Economia Política.

Leia também: A deposição de Vargas e as lições da História recente

Com cinco livros publicados, mais 50 capítulos elaborados para outras edições, continua lecionando na Faculdade de Economia da UFRGS. Seu maior orgulho, diz, é ter sido orientador de 50 dissertações de mestrado e 40 de doutorado, sem contar algumas dezenas de graduação e especialização.

Neste encontro com Brasil de Fato RS, Fonseca trata de Vargas, da profissão de fé capitalista, mas não liberal do caudilho e do impacto da sua presença no panorama político brasileiro.

Brasil de Fato RS – Na próxima quarta-feira, 24 de agosto, ocorre mais um aniversário do suicídio de Getúlio Vargas. Naquele momento, o gesto do presidente travou o golpe em curso. Muitos historiadores e estudiosos do Brasil contemporâneo entendem que, a grosso modo, o embate daqueles tempos se repete ao longo da história do Brasil, tendo de um lado forças de centro-esquerda e esquerda e, de outro, de centro-direita e direita. O que diria a respeito?

Pedro Cezar Dutra Fonseca – Não diria que a polarização no período do segundo governo de Vargas, que leva a seu suicídio e depois deságua em 1964, seja uma regra na história brasileira, pelo menos desde o fim do período colonial. Pelo contrário, a regra no Brasil, salientada por vários autores, era a negociação entre os atores políticos, as mudanças graduais e as transições lentas, como foram o próprio processo de independência, a abolição dos escravos e a distensão de Geisel dos anos 1970. Vejo tal polarização e radicalismo, em intensidade similar, somente nos últimos anos.


Pedro Cezar Dutra Fonseca lembra que, para Getúlio, os liberais eram avessos a qualquer alteração do status quo / Foto: Cadinho Andrade/UFRGS

Há formalmente uma semelhança entre a época de Vargas e hoje no sentido de esvaziar o centro político e a sociedade de dividir em dois blocos que se podem denominar de “esquerda” e “direita”, embora tais palavras sempre devam ser contextualizadas, pois não têm uma definição a priori. Digo também que a semelhança é formal porque nas décadas de 1950 e 1960 a polarização interna refletia a mesma divisão existente internacionalmente com a Guerra Fria: o mundo estava dividido em dois blocos, o que faz toda a diferença. O anticomunismo fazia sentido, pois era uma possibilidade, basta ver os casos da Coreia, de Cuba e do Vietnam.

Hoje, com Biden, os próprios Estados Unidos dão sinais de que não estão dispostos a apoiar desvios da ordem democrática, ao contrário do que acontecia na Guerra Fria.

Vargas chega a falar em 'imperialismo', termo que vinha da tradição marxista

BdF RS – Getúlio talvez seja o personagem mais complexo da história do Brasil. Foi revolucionário em 1930, ditador em 1937 e voltou ao poder em 1950 através do voto. Qual é o papel fundamental que Getúlio desempenha na história do Brasil?

Fonseca – Claro que é um personagem complexo, até porque teve forte participação política por mais de 50 anos, com a metade dele no centro da política brasileira. As ideias e as práticas políticas não poderiam ser iguais em cinco décadas, pois o mundo mudou e o Brasil também. Tivemos duas grandes guerras nesse período e o Brasil, inclusive pelas políticas capitaneadas por ele, fez a transição de uma sociedade mais rural, agrária, exportadora e especializada no café para outra – urbana, industrial, diversificada economicamente.

Em meus trabalhos costumo didaticamente dividir em três fases: a era positivista, na Primeira República; o que chamo de “desenvolvimentismo autoritário”, que vai de 1930 a 1945; e o trabalhismo, que começa ao final do Estado Novo, com a campanha do queremismo, e vai até 1954.

Neste último período é que Vargas tem uma determinação mais robusta de constituir um capitalismo com renda mais distribuída e incorporação dos trabalhadores, ou como se dizia à época, das “massas”. Também é a época da campanha da criação da Petrobras e do afastamento gradual da política externa com relação aos Estados Unidos. Vargas chega, então, a falar em “imperialismo”, termo que vinha da tradição marxista e não usual na política oficial latino-americana para se referir aos  países ricos até hoje. Durante a II Guerra, ao contrário, foi o grande país da América Latina a se unir a Roosevelt (Franklin, presidente dos EUA) para combater o nazifascismo.

Ele defendia o capitalismo como sistema, mas não o liberalismo

Agora, é importante salientar que, apesar das mudanças de ênfase em seu pensamento e ações, a ideologia de Vargas mostrou uma coerência ao longo de sua vida pública, desde a época de estudante. Ele nunca foi liberal. Nunca acreditou que o mercado, por si só, levaria ao desenvolvimento do país. Tanto a industrialização como as melhorias sociais não ocorreriam espontaneamente. Precisavam ser induzidas. Sempre condenou o liberalismo como a “ideologia dos poderosos” e avessos a qualquer alteração do status quo, desde época de positivista até o fim da vida. Vargas não era socialista, obviamente. Defendia o capitalismo como sistema econômico, mas não o liberalismo.

BdF RS – Algo que se diz, por exemplo, é que a opção derradeira de Getúlio adiou 1964 em dez anos…

Fonseca – Esta interpretação faz sentido, pois a divisão entre as forças defensores do projeto varguista – o qual se pode chamar, para se dar um nome, de “Nacional Desenvolvimentismo” – e a oposição, liderada pela União Democrática Nacional – UDN, é a mesma que ocorre nos anos 50 e depois se retoma quando Jânio Quadros renuncia e assume João Goulart. Mas tal interpretação tem mais respaldo quando ocorreu um fato inesperado pela UDN: o suicídio levou a grandes protestos e manifestações de rua, os principais líderes da oposição tiveram que se esconder com medo de serem linchados.

Negava-se a pedir financiamento em bancos públicos e privados para não parecer buscar privilégios

A tese udenista de acusar Vargas de corrupção e de responsabilizá-lo por atitudes tomadas por sua guarda pessoal, chefiadas por Gregório Fortunato, não encontrava evidências convincentes. Aliás, é interessante ver que Vargas saiu da política mais pobre do que entrou. Estando no Rio de Janeiro, como acompanhar os negócios de sua fazenda em São Borja? O CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas) publicou recentemente a correspondência entre Vargas e sua filha Alzira no período em que estava em São Borja, depois de ser deposto em 1945, e ficam evidentes as dificuldades financeiras da família. Não se trata de demagogia, era correspondência pessoal entre pai e filha. Negava-se a pedir financiamento em bancos públicos e privados para não parecer buscar privilégios. Para construir uma casa em Petrópolis, resolveu ir fazendo aos poucos pois não conseguia executar toda a planta de uma vez só, uma vez que a família era grande.


Pedro Fonseca discursando ao receber o título de Cidadão de Porto Alegre, em novembro de 2021 / Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA

BdF RS – O projeto desenvolvimentista de Getúlio era combatido sobretudo pela União Democrática Nacional, a UDN, que muita gente dizia que não era “união”, e muito menos “democrática” ou “nacional”. Quem faria o papel da UDN nos dias de hoje?

Fonseca – É difícil fazer tais transposições, passados quase 70 anos. Todo caso, se a polarização se dá pela velha dicotomia entre esquerda e direita, hoje a UDN seria todos os partidos que se assumem como identificados com esta última.

FHC colaborou para uma revisão (do PT) ao dizer que queria enterrar a Era Vargas

BdF RS – Nascido em berço paulista, o PT nos primeiros anos ou décadas mostrou-se muito crítico ao trabalhismo. Porém, na maturidade, aproximou-se cada vez mais da corrente de Getúlio, Jango e Brizola. É correto dizer que, hoje, o PT é herdeiro do trabalhismo dos anos 1950 no cenário político brasileiro?

Fonseca – O PT sempre se recusou a ser herdeiro do trabalhismo. Ao contrário, seguiu a lógica da “esquerda uspiana” (Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Francisco Weffort, Octavio Ianni) que identificava trabalhismo com populismo. Não diferia neste aspecto muito da visão udenista, que também identificava o varguismo como ”manipulação das massas”, demagogia, “dar anéis para não perder os dedos”, etc.

Parece que realmente com o tempo certas tendências do partido em parte revisaram tal posicionamento ou, pelo menos, passaram a não mais utilizá-lo no embate ideológico. FHC colaborou para tal revisão ao dizer que queria enterrar a “era Vargas”. Parece-me forçar um pouco se considerar o PT “herdeiro” do trabalhismo, já que nem ele se considera como tal e ainda segmentos do partido continuam com essa rotulagem de “populismo” ao se referir a Vargas e Goulart.

Brizola, depois do exílio, aproximou-se da II Internacional, o que mostra como o mundo dá voltas

Era também um embate para construção de um projeto de esquerda diferente do antigo trabalhismo. A semelhança que existe é ambos os projetos incorporarem a redistribuição de renda. Também o PT nunca se assumiu como favorável ao desenvolvimentismo – segmentos dele, inclusive, se consideravam críticos ao desenvolvimentismo, o qual considerava como um projeto burguês, muito diferente do socialismo. Também uma diferença histórica é que o PT, talvez por nascido no ABC paulista, nunca foi claramente defensor do nacionalismo – que é elemento central no varguismo – o qual muitos segmentos também viam como “ideologia burguesa”.


A promessa de retorno e a criação da Petrobras na propaganda dos anos 1950 / Reprodução

Não acompanho o partido de perto, mas me parece que tais tendências, de matiz trotskista, são cada vez mais minoritárias no PT e muitas já abandonaram o partido. Stalinismo e trotskismo são epifenômenos da construção da URSS e da Guerra Fria, não fazem o menor sentido no mundo atual; a esquerda que ficou aprisionada nessa polaridade tendeu a se isolar e perecer. Nos últimos anos, o PT parece majoritariamente se aproximar da antiga social democracia europeia. Interessante é que Brizola, depois de sair do exílio, aproximou-se da II Internacional, o que mostra como o mundo dá voltas e talvez tenha servido de inspiração à presente pergunta.

BdF RS – Até que ponto a carência de votos leva a direita a mandar às favas o respeito ao jogo democrático e apelar para a conspiração e o golpe?  É o que parece ter acontecido em entre 2016 e 2018, com o receio do retorno de Lula…

Fonseca – O que me parece é que tal tendência não é da direita como um todo, mas de parte dela, a mais radical e extremada. Uma diferença entre a direita atual e a UDN, para complementar a pergunta anterior é que, na década de 1960, em especial no governo Goulart, os diferentes setores empresariais – indústria, comércio, bancos, agricultura – convergiram em favor do rompimento da ordem constitucional, assustados com as “reformas de base”. Não é bem o que se vê atualmente, como mostra a carta da FIESP, com apoio da Febraban e de outras entidades empresariais.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

Editado por: Marcelo Ferreira
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

AGRICULTURA FAMILIAR

STF suspende despejo de 500 famílias solicitado pela Suzano no Maranhão

Segue sem acordo

Sem citar provas, Gilmar Mendes critica ONGs na retomada das audiências de conciliação sobre marco temporal

EDUCAÇÃO

Enem 2025: saiba critérios para pedir isenção da taxa de inscrição

MONITORAMENTO

Apesar da redução, desmatamento ainda ameaça futuro da Mata Atlântica

5ª edição

‘Foi gigante em todos os sentidos’: dirigente do MST comemora sucesso da Feira da Reforma Agrária em SP

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

No Result
View All Result
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Radioagência
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.