O compromisso fundamental para enfrentar a fome precisa ser fortalecer a agricultura camponesa
A cerca de um mês do primeiro turno das eleições 2022, é hora de ter consolidada a escolha para os candidatos e candidatas para os cinco cargos em disputa: presidente da República, governador, senador, deputados e deputados estaduais.
Um ponto importante para essa escolha é saber o que elas defendem, o que a sociedade precisa, e como tudo isso se conecta. Para ajudar nessa tomada de decisão, diversas campanhas têm sido puxadas por movimentos populares e pela sociedade civil. Neste mês, o Vozes Populares se propõe a apresentar algumas delas. Na primeira edição, traz a Campanha “Eu Voto Contra a Fome e a Sede”.
Frente Nacional Contra a Fome e a Sede
Com a volta do Brasil ao Mapa da Fome e o retrocesso nas políticas públicas de acesso à água, movimentos populares, organizações e articulações sociais viram a necessidade de se reunirem em torno da Frente Nacional Contra a Fome e a Sede. A iniciativa busca criar uma agenda coletiva e fazer incidências políticas nesse combate através da educação, formação, mobilização e organização popular.
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Com as eleições em mente, foi lançada uma campanha que coloca a questão no centro do debate político. Santiago Matos, militante do Movimento Brasil Popular (MBP), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e coordenador de políticas alimentares do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS), afirma que o primeiro objetivo da iniciativa é denunciar a situação de fome e sede no país. "O segundo objetivo é reforçar a luta dos movimentos e organizações populares", sinaliza.
Como um terceiro objetivo, o militante aponta para o fortalecimento de propostas apresentadas pela sociedade civil. Três documentos são utilizados como base: o da Agenda Betinho (2022); o Manifesto Pela Soberania Alimentar e Superação da Fome, da Conferência Popular de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional; e a Plataforma Emergencial do Campo, das Florestas e das Águas em Defesa da Vida e para o Enfrentamento da Fome.
"O quarto objetivo é fortalecer as candidaturas que defendem o enfrentamento da fome e da sede a partir de uma perspectiva popular", pontua. Foi pensando nesse objetivo que a campanha lançou um espaço em que as candidaturas podem firmar seu compromisso com essa luta. Até o momento, são mais de 40 assinaturas espalhadas por diversos estados do país.
Uma segunda ação central da campanha é a distribuição de um kit de agitação e propaganda: cartazes, lambes, faixas, adesivos e outros materiais para a população levar para as ruas e colocar o tema em destaque nas discussões.
Fortalecer a agricultura familiar como caminho para acabar com a fome
A campanha impulsiona candidaturas que apresentam uma perspectiva de participação social, reforma agrária e agroecologia / Foto: Reprodução/MST
Santiago afirma que é necessário estar atento às candidaturas que falam sobre a fome de forma vazia. "É preciso separar o joio do trigo. Tem muitas candidaturas que apresentam o combate a fome com o fortalecimento do setor do agronegócio, imaginando que é com ração humana que vai combater a fome", critica.
O militante assinala que o enfrentamento à fome passa por uma retomada de políticas públicas sociais, no sentido de produzir alimentos saudáveis no mercado interno, e pela construção de linha de crédito, para que haja trabalho e renda para a população. "Mas o compromisso fundamental precisa ser nesse bojo do fortalecer a agricultura camponesa, fortalecer as políticas públicas que venham atender a essa produção e fortalecer ainda mais um modelo fundiário brasileiro de reforma agrária que tem acesso à terra", defende. Por isso, a campanha impulsiona candidaturas do campo popular.
Santiago ainda reforça que nisso tudo é fundamental pensar em um modelo de participação social. Nesse momento, o militante aponta que uma das formas de ajudar na campanha é se organizando politicamente. Não só durante o período eleitoral, mas depois também. Defendendo, assim, os direitos que são importantes para toda a população brasileira.
Para mais informações sobre a campanha, clique aqui.
Edição: Vanessa Gonzaga