ELEIÇÕES 2022

Vozes Populares | PerifaLAB impulsiona figuras políticas periféricas para ocuparem o parlamento

A iniciativa é um laboratório de lideranças que vem das periferias de estados espalhados pelo Brasil

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O PerifaLAB segue uma agenda pautada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis da ONU, no tema das mudanças climáticas e das transições ecológicas - Foto: Arquivo Pessoal/PerifaLAB
Eu vejo as candidaturas periféricas do Nordeste como um sopro de esperança

Segundo o Instituto Locomotiva, 8% dos brasileiros vivem em periferias. No entanto, menos de 2% dos políticos eleitos vem  desses espaços. Isso implica em uma dificuldade em conseguir elaborar políticas públicas que de fato atendam a essa população. 

Nesta edição do Vozes Populares, o Brasil de Fato Pernambuco apresenta o PerifaLAB, uma rede que defende a necessidade da periferia estar estrategicamente em espaços de poder para mudar esse cenário. O coletivo tem atuado para impulsionar figuras periféricas para que elas consigam chegar nesses lugares. 

A periferia como prioridade


1º Encontro Nacional de Programas de Renovação Política do PerifaLAB / Foto: Arquivo Pessoal/PerifaLAB

Nem sempre os candidatos e candidatas lembram de trazer a periferia nos seus planos de governo. Um levantamento da Agência Mural indicou uma queda de quase 80% no uso do termo "periferia" nos planos dos presidenciáveis neste ano. A nível estadual, em Pernambuco, por exemplo, dos cinco principais candidatos ao Governo de Estado, apenas dois citam a periferia em seus planos. 

Para o PerifaLAB, não ter a periferia como prioridade nas agendas políticas é reflexo da falta histórica de figuras periféricas ocupando o parlamento. O baiano e gestor público Artur Sampaio, um dos diretores da rede, defende a necessidade de uma mudança. "O viés de periferia é central na construção de política pública. Você não consegue falar de maneira super qualificada daquilo que você nunca viveu e nunca experimentou", sinaliza.

O gestor vive atualmente no Rio de Janeiro e fala também pela vivência das favelas cariocas. "Eu sei a dificuldade da mobilidade urbana do Rio de Janeiro porque eu sei como é morar na favela e eu sei como é andar meia hora pra pegar um ônibus porque às vezes não passa porque tá tendo tiro. Quem viveu isso sabe como é que funciona, não tem como você dizer 'ah, eu entendo que é difícil você chegar no centro do Rio de Janeiro'. Não, cara, não tem como entender. Nunca desceu o morro debaixo de tiro, não sabe nem como é a sensação".

Por isso, ele afirma que as comunidades não querem salvadores, mas sim que as grandes soluções estão na periferia. "A experimentação te dá um outro pensamento e um outro entendimento das necessidades da sociedade, te dá um outro sentimento de urgência, que é o que as periferias têm. Nós periféricos temos fome… e eu não falo fome de comida. Nós estamos morrendo na bala, nós estamos morrendo na caneta. Nós precisamos resolver isso agora. Precisamos de parlamentares que entendam esse sentimento", defende. 

Como funciona o PerifaLAB

As barreiras para que figuras periféricas ocupem espaços de poder são muitas, a começar pela falta de recursos. O PerifaLAB funciona como um laboratório de lideranças, e oferece formação, mentoria, análise digital e plano de produção audiovisual para impulsionar o crescimento dessas influências, principalmente no espaço digital. Tudo isso de forma gratuita.

A turma piloto do projeto teve 50 membros e durou um ano. O projeto, que é nacional, teve a participação de pessoas nordestinas. Dos selecionados, nove eram da região. Artur afirma que o Nordeste é o coração dessa renovação política. "Eu vejo as candidaturas do nordeste como um sopro de esperança nesse processo de renovação. O Nordeste é o polo de resistência democrática desse país há muito tempo porque tem uma cultura política muito democrática, um viés muito democrático", finaliza. 

Artur ainda pontua que as candidaturas impulsionadas pelo PerifaLAB são progressistas. "A gente não subscreve barbárie, a gente não subscreve facismo, a gente não subscreve opressão contra as minorias, a gente não subscreve nada disso". No entanto, o intuito do projeto é formar lideranças - não necessariamente essas lideranças precisam seguir carreira política. 

Para conhecer mais o trabalho da rede, acesse o site clicando aqui

Edição: Vanessa Gonzaga