FÃ OU HATER?

Garcia curte vídeo com pedido de voto em Lula e denúncia sobre imóveis da família Bolsonaro

No mesmo dia em que declarou apoio a Bolsonaro, perfil do governador interagiu com conteúdos contrários ao presidente

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Ouça o áudio:

Rodrigo Garcia e Jair Bolsonaro: aliança para enfrentar Lula e Haddad no segundo turno em SP - Reprodução

O atual governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), anunciou, na tarde dessa terça-feira (4), apoio no segundo turno a Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de estado, e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição ao Palácio do Planalto.

Em sua conta no Twitter, porém, o clima é diferente. Nas duas últimas publicações curtidas por Garcia, estão mensagens que indicam o oposto.

Em uma delas, há crítica ao ex-juiz Sergio Moro pelo apoio a Bolsonaro, com referência aos 51 imóveis em dinheiro vivo comprados pela família presidencial.

Leia mais: Quinze governadores são eleitos no 1º turno; cinco apoiam Lula, oito estão com Bolsonaro

A publicação, feita pelo jornalista Ricardo Noblat, tem a seguinte declaração, feita pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF): "Moro e Dallagnol estão com Bolsonaro, que comprou 51 imóveis com dinheiro vivo. Nunca foi contra a corrupção".

Em outra postagem curtida pela página do governador na rede social é um vídeo publicado pela deputada federal reeleita Tabata Amaral (PSB-SP)

Na peça, a congressista se dirige aos próprios eleitores que não votaram em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para recomendar voto no petista contra Bolsonaro no segundo turno – o oposto do que fez, na terça (4), o governador paulista.

Leia as publicações:


Publicação curtida pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB) na tarde de terça-feira / Reprodução/Twitter


Publicação curtida pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB) na tarde de terça-feira / Reprodução/Twitter

PSDB em crise

Após perder uma disputa eleitoral pelo governo de São Paulo pela primeira vez desde 1990, o PSDB paulista, agora, vê parte de seus integrantes demonstrarem apoio ao bolsonarismo. Segundo a Folha de S. Paulo, alguns integrantes do tucanato em São Paulo sugeriram a Garcia que ele não se manifestasse a favor de Bolsonaro na disputa nacional, especialmente pelas frequentes trocas de acusações entre o atual presidente e o ex-governador paulista João Doria (PSDB), que deixou o Palácio dos Bandeirantes para que Garcia, seu vice, assumisse.

Doria foi o padrinho de filiação de Garcia ao partido tucano. Ele formalizou a mudança de legenda em 2021, já visando a disputa pelo Governo neste ano. Na época, Doria ainda nutria esperanças de viabilizar sua própria candidatura à Presidência. O ex-governador acabou desistindo da corrida ao Planalto no último mês de maio.

Outros integrantes do partido em São Paulo já formalizaram apoio a Tarcísio e Bolsonaro no segundo turno. Um deles foi Duarte Nogueira, prefeito da cidade de Ribeirão Preto, a sétima maior do estado em população. Em nota, ele falou em "defesa do agronegócio" e "combate à corrupção" ao fazer a opção ao bolsonarismo no embate com os petistas.

O PT, porém, acredita que poderá contar com apoio de lideranças históricas do PSDB nas disputas contra Tarcísio e Bolsonaro no segundo turno. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, publicou nota defendendo um voto "pró-democracia" em setembro. Não citou nomes, mas a manifestação foi entendida como apoio velado a Lula.

Edição: Vivian Virissimo