Eleições 2022

Em Campinas, Haddad e Lula defendem reindustrialização do país e desenvolvimento do interior

Os dois e Alckmin falam sobre violência bolsonarista e defendem propostas para desenvolver a região

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Lula disse que Campinas é uma segunda capital para o estado - Ricardo Stuckert

“Quais as propostas do meu adversário? Ele já esteve aqui? Conhece a região? Estamos fazendo um debate sério, com conhecimento do estado”, disse o candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) sobre seu adversário no segundo turno, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Haddad participou hoje (8) de caminhada e comício em Campinas, interior de São Paulo, ao lado de Lula. Lá, apresentou propostas para a região e falou sobre o futuro de São Paulo e do país.

Haddad destacou que entre os eixos centrais do programa para o estado estão levar um trem de alta velocidade da capital para a região de Campinas, integrado ao Bilhete Único Metropolitano. Também está na mesa o estímulo ao ensino superior e tecnológico na região. A melhoria no financiamento da Unicamp, considerada uma das melhores universidades estaduais do país, além da oferta de cursos universitários nos aparelhos das Escolas Técnicas do Instituto Paula Souza (Etec).

“Vamos fazer o Bilhete Único Metropolitano. Faremos a reforma do ensino médio porque os indicadores estão ruins em Campinas. Vamos usar a Unicamp para reindustrializar o estado. São propostas muito objetivas para a região.”

Ainda sobre a importância das ferrovias, Haddad defendendo que o complexo rodoviário não aguenta mais o crescimento das metrópoles paulistas. “Nosso problema hoje é que nossas estradas estão entupidas porque as pessoas não têm como se transportar em São Paulo. Todo mundo com carro. Leva duas, três horas para chegar na capital; não funciona”, observou.

"Cidade atípica"

O candidato defendeu que Campinas é “uma cidade atípica”, pois é uma “segunda capital” para o estado de São Paulo. Por isso, merece atenção especial. “Vamos fazer três hospitais Dia em Campinas para zerar a fila do SUS. Vamos trazer o trem para cá junto do Bilhete Único Metropolitano para viajarmos para São Paulo sem pagar esse absurdo que temos hoje, para não falar desses pedágios que não abaixam de jeito nenhum”, disse.

Ao seu lado, o ex-governador e candidato á vice-presidência Geraldo Alckmin (PSB), saudou as propostas de Haddad para a região, assim como sua experiência como gestor público. ” Haddad foi um grande prefeito, grande ministro da Educação. Com o presidente Lula criou o Fundeb, o ProUni, expandiu os institutos federais, as universidades. Precisamos de educadores para São Paulo. Estamos juntos. Chega de sofrimento. Sofrimendo dos aposentados, quatro anos sem ganho real no salário. Sofrimento para os trabalhadores; inflação de comida mais de 30%. Falta oportunidade para os jovens. Com Lula, a economia vai bombar. O futuro começa hoje e se chama juventude. Haddad vai trazer hospitais Dia para podermos cuidar melhor das pessoas”, disse.

Lula Haddad Campinas

Caminhada de Haddad, Lula e Geraldo Alckmin em Campinas (Ricardo Stuckert)

O outro lado

Haddad questionou se Tarcísio saberia lidar com as peculiaridades de São Paulo. O candidato bolsonarista.,l escolhido pelo clã do presidente para a disputa, não é do estado.

“A proposta do meu adversário é tirar a câmera dos uniformes dos policiais militares. Isso é proposta? O projeto tem 90% de aprovação. Ele vai trazer milícia do Rio de Janeiro para São Paulo? Esse é o objetivo? Favorecer miliciano? Vou denunciar esse tipo de proposta que vai trazer prejuízo para São Paulo”, disse Haddad.

“O estímulo à intolerância à violência. A intolerância religiosa virou política de Estado. O Estado patrocinando violência religiosa, é a primeira vez que isso acontece. Isso tem repecursões. Olha as vacinas. Ninguém discutia vacinas. Agora estamos sob risco da volta da poliomelite. O Estado desmotiva as pessoas a se vacinarem. É isso que Tarcísio vai trazer para cá?”

Dia do nordestino

O ex-ministro da Edução falou sobre o Dia do Nordestino, comemorado hoje no país e alertou para ataques de Bolsonaro contra o povo da região. “Estou ao lado de um nordestino. Hoje é dia dos nordestinos. Alguém conhece ou tem na família algum nordestino? Vamos virar voto! Bolsonaro é tão ignorante que ele passou essa semana ofendendo o povo do Nordeste. Ele não tem ideia do que é feito o povo de São Paulo. Ele não sabe que São Paulo, Campinas, foram feitas com suor dos nordestinos. Quando ele chama o povo do Nordeste de analfabeto, ele não tem noção que o Lula colocou a educação com qualidade à frente em Pernambuco e Ceará”, disse Haddad no ato de Campinas, ao lado de Lula.

‘Bolsonaro canibal’

Ainda sobre o cenário nacional, Lula disse que o país passa por um segundo turno “com certa anomalia”. Isso, porque Bolsonaro e seus apoiadores utilizam de todos os métodos, como compra de votos e uso da máquina pública, para vencer a qualquer custo. “Temos um cidadão na presidência que utiliza a máquina do governo para fazer campanha. Desde Marechal Deodoro da Fonseca, até agora, todos presidentes juntos não utilizaram máquina que ele está utilizando. Quando eu fui candidato à reeleição, só saíamos para fazer campanha 18h. Durante o dia, nós presidíamos o país. Não fazíamos acordo com prefeito, não podíamos distribuir dinheiro. Ele está fazendo tudo”, disse Lula. Para o ex-presidente, Bolsonaro age como se o Brasil fosse “coisa particular”

“Ele faz o que quer na medida em que tenta ganhar voto. O DNA dele é negativista. Ele não consegue falar coisa positiva. Por isso ofende nordestinos, diz que ia comer índio. Era uma entrevista para o The New York Times. É uma insanidade. É contra esse homem que estamos disputando uma eleição totalmente anormal. Ele utiliza recursos que qualquer outro presidente seria denunciado todo santo dia pelo Tribunal de Contas, pelo Ministério Público.”

País paralisado

Lula falou dos problemas dos brasileiros sob comando de Bolsonaro. E concordou com Haddad sobre a necessidade de retomar a indústria nacional, sobretudo em regiões ativas como a de Campinas. “Esse país está paralisado. Estamos vivendo por conta da nossa agricultura que é o que temos de mais positivo. Mas o Brasil precisa voltar a se industrializar. Precisamos conversar com os empresários. Precisamos conversar com as universidades”, disse.

O candidato lembrou que o Brasil, em seu governo, era a sexta maior economia do mundo. Agora, ao fim do mandato de Bolsonaro, ocupa a 13ª. “Vamos ter que discutir a reindustrialização deste país. Vamos voltar com essa missão. Alckmin e eu estamos prontos para governar o país e para tirar o país do muro das lamentações que estamos (…) Vamos ganhar porque o povo precisa que o país volte a gerar empregos. As pessoas precisam voltar a ter esperança, sonhos. As pessoas precisam de dignidade. Ninguém quer vir aqui no Brasil, é como se fossemos segregados. Esse país não tem amigos no mundo. Esse país precisa se abrir.”

Lula insistiu na necessidade de abrir o país para o mundo para estimular novos negócios, investimentos e a geração de empregos de qualidade. “Vamos voltar a ter investimento de muitos empresários de outros países. Coisa que não temos hoje porque ninguém quer vir aqui com medo do canibal comê-los.”

"Somos civilizados"

O candidato da coligação Brasil da Esperança discursou por cerca de 15 minutos e saudou o respeito democrata da cidade de Campinas como trunfo para a campanha de Haddad no estado.

“A ordem como todos se comportam aqui é para o povo olhar e saber que somos civilizados. Sou pernambucano, vim de lá para São Paulo com 7 anos de idade. Devo minha vida ao estado de São Paulo e tenho sangue pernambucano.”

Lula lembrou que o estado de São Paulo foi importante para a fundação da a CUT e do PT. “Aqui me elegeram presidente da República. Gostaria de pedir para vocês: não aceitem provocações. Quando um não quer, dois não brigam. Precisamos mostrar para os milicianos que somos trabalhadores e queremos continuar vivos, fazendo esse país crescer e respeitando nossa família”, disse.

O presidente citou a violência do bolsonarismo como uma das razões que trará sua vitória. “Ele sabe que vai perder, por isso ele está doido. A sociedade enxerga em nós um campo democrático que envolve toda a sociedade. Todos que brigaram pela democracia estão comigo. Quem defende ditadura e tortura estão com meu adversário.”

 

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