Um Clube composto por produtores rurais da cidade de Lavras do Sul (RS) emitiu um comunicado oficial declarando apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Porém, o que chama atenção é o fato desse documento propagar uma informação falsa.
No dia 6 de outubro, através de documento assinado pela presidência da entidade, o Clube afirma que, desde a confirmação de segundo turno nas eleições presidenciais de 2022, "vários casos de invasões de terras já estão sendo relatados nas redes sociais".
Documento do CITE 27 afirma que vários casos de invasões de terras estão sendo relatados desde a confirmação do segundo turno nas eleições presidenciais / Reprodução
A reportagem do Brasil de Fato RS tentou confirmar a informação, que não procede, pelo menos na região Sul do Brasil. Uma pesquisa pelos termos "invasão" ou "ocupação" na internet não acusa nenhuma notícia recente.
Em contato com a assessoria de imprensa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do RS (MST/RS), foi informado que nenhuma nova ocupação de terra foi feita em 2022.
Na sexta-feira (14), o movimento já havia se manifestado em declaração à GZH de que o "MST não realizou no estado qualquer mobilização de ocupação de terras nos últimos meses, ou manifestações políticas em rodovias".
Além disso, em contato com outras fontes ligadas ao MST/RS, foi informado que "não tem ninguém em Lavras do MST, nunca houve ocupação de terras ali".
A nossa reportagem também questionou o Clube sobre a declaração, através do Whatsapp informado em sua página do Facebook. Foi perguntado quais seriam os casos que estão sendo relatados, se eles seriam na região de Lavras do Sul ou no estado do RS. A mensagem foi visualizada, mas não havia sido respondida até a publicação desta matéria.
Fazenda na cidade praticou coação eleitoral
Outro fato que chama a atenção na postagem do Instagram da carta de apoio do CITE 27 a Bolsonaro (PL) é o aplauso de um perfil ligado à uma fazenda conhecida pela prática de assédio eleitoral.
Perfil no Instagram ligado à Fazendo da Amarra aplaudiu o apoio do CITE 27 à reeleição de Bolsonaro (PL); Proprietários da empresa praticaram coação eleitoral / Reprodução
A Fazenda da Amarra, localizada em Lavras do Sul, é especializada na produção bovina da raça Braford. O proprietário da fazenda foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho e admitiu a prática de coação eleitoral, firmando o Termo de Ajuste de Conduta n° 67/2022, a partir do Inquérito Civil 000272.2022.04.004/5.
"Venho a público me retratar e pedir desculpas por ter orientado diretamente os parceiros comerciais e estagiários e indiretamente os funcionários da Fazenda da Amarra a votar em determinado candidato nas eleições gerais deste ano, sob pena de não mais prestar serviço na Fazenda", afirma a retratação pública postada no Instagram da Fazenda.
Retratação pública do proprietário da Fazendo da Amarra por ter praticado coação eleitoral contra funcionários / Reprodução
Sobre o Clube
A entidade referida é o Clube de Integração e Troca de Experiências de Lavras do Sul (CITE 27), fundado em maio de 1977, vinculado à Federação dos Clubes de Integração e Troca de Experiências (Federacite). "27" faz referência ao número do clube, que seria o vigésimo sétimo a ser fundado no estado.
Apesar do apoio de entidades na cidade, no primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, Lula (PT) ficou com mais de 60% por votos da cidade, enquanto Bolsonaro (PL) teve cerca de 30%.
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