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Traidor? Bolsonaristas se dividem em ataques do presidente a Roberto Jefferson

Allan dos Santos lamenta decisão de Alexandre de Moraes: “Bolsonaro está fazendo o que você quer"

São Paulo | SP |
Desde 2020 Roberto Jefferson (PTB) e Jair Bolsonaro (PL) alimentam uma relação com elogios mútuos - Reprodução/Instagram

Os bolsonaristas estão sem bússola moral, desde que o ex-deputado federal Roberto Jefferson, aliado de primeira fileira do presidente, atacou a tiros e granadas agentes da Polícia Federal que tentavam cumprir uma ordem de prisão contra ele. Ato contínuo, seguidores do presidente Jair Bolsonaro (PL) foram às redes criticar a detenção.

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Porém, após Bolsonaro chamar Jefferson de “criminoso”, alguns de seus seguidores tentaram mudar o discurso e outros passaram a criticar a postura do presidente. Foi o caso de Allan dos Santos, figura proeminente entre os bolsonaristas.

“Parabéns Alexandre de Moraes, você conseguiu colocar patriota contra patriota. Antes eram só os delegados e só os policiais, agora até o Bolsonaro faz o que você quer. É triste, duas pessoas que admiro, Bolsonaro e Roberto Jefferson, uma colocando a outra na cadeia. Essa você venceu, Alexandre de Moraes”, disse Allan dos Santos, em vídeo que circula nas redes sociais.

Logo após Jefferson atirar nos agentes, Bolsonaro foi as redes relativizar o episódio, comparando o ataque feito pelo ex-deputado federal e o pedido de revogação de sua prisão, feita pelo ministro Alexandre de Moraes. “Repudio as falas contra a ministra Carmem Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem atuação do MP”, disse o presidente, às 13h40.

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Mais tarde no domingo, 19h12, Bolsonaro voltou às redes. Dessa vez, o tom mudou e a resposta foi dura para o ex-aliado do presidente. “Roberto Jefferson acaba de ser preso. O tratamento dispensado a quem atira em polícia é bandido. Presto minha solidariedade aos policiais feridos no episódio.”

A mudança de Bolsonaro deixou confuso alguns seguidores. Rodrigo Constantino que atacou, primeiro, a decisão de Moraes. “A polícia não pode obedecer uma ordem tão absurda! Ao fazer isso, admite que virou uma espécie de Gestapo”. Horas depois, publicou outra mensagem, com o tom modulado de acordo com o presidente. “Vendo o copo meio cheio: agora, se marginal atirar contra a polícia, é para meter bala mesmo, e a mídia vai aplaudir. Viva a polícia.”

Outros, preferiram não flexibilizar a opinião, a serviço de Bolsonaro e criticaram o presidente, por atacar Roberto Jefferson. Foi o caso de Paulo Figueiredo Filho, comentarista da Jovem Pan.

“Por que o presidente Bolsonaro está agindo de forma mais crítica ao Roberto Jefferson do que com o Alexandre de Moraes, causador de roda essa confusão lamentável e desnecessária?”, perguntou Filho. “Sim, considero o posicionamento do presidente equivocado moral e eleitoralmente.”

Após ser achacado por bolsonaristas, Filho recuou e relativizou o episódio. “É claro que as ações do Roberto Jefferson foram inconvenientes, inoportunas e inconsequentes. Ninguém aqui nunca me viu simpatizar ou promovê-lo em tempo algo. Ainda assim, tenho o dever de defendê-lo diante de tantas injustiças. Defender o Brasil e a Liberdade”, encerrou o comentarista da Jovem Pan.

Um que não teve problemas para mudar radicalmente de posição sobre Jefferson foi o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo. Tarcísio de Freitas (Republicanos) que até há pouco chamava o petebista de "amigo" e "aliado", seguiu a linha do presidente e padrinho político, descartando o ex-deputado.

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Edição: Rodrigo Durão Coelho