Em um terreno que pertence a Subprefeitura da Vila Prudente, na zona leste de São Paulo, a Prefeitura paulistana tem dispensado restos de asfalto, também conhecido como fresa, que são recolhidos nas operações de recapeamento. O acúmulo do material no local já supera a altura de diversas árvores, que foram enterradas com o material: algumas estão apenas com as copas visíveis.
O soterramento das árvores foi flagrado pela reportagem do Brasil de Fato no cruzamento da avenida Professor Ignácio Anhaia Mello com a rua Domingos da Silva Bueno.
Em resposta a um pedido de Lei de Acesso à Informação (LAI), a Subprefeitura da Vila Prudente admitiu que o espaço não pode ser utilizado para o descarte da fresa. "Não consta Termo de Compromisso Ambiental e/ou Licença Ambiental Industrial para o local."
A engenheira ambiental Paula Ciminelli alertou para possíveis riscos. "O ideal é que o material seja encaminhado para reciclagem e que, enquanto disposto temporariamente, o recomendado é que esteja bem-acondicionado, com barreiras físicas, que impeçam o carreamento para vias, córregos e áreas com vegetação."
Ainda de acordo com Ciminelli, "o ideal é que seja armazenado pelo menor tempo possível e que seja encaminhado para a destinação: reciclagem ou disposição em aterro adequado."
:: Ambientalistas alertam para risco de aprovação de "pacote da destruição" ainda em 2022 ::
Além do acúmulo do asfalto, o espaço da Subprefeitura da Vila Prudente tem sido utilizado como páteo de veículos abandonados ou apreendidos. Da rua, é possível ver as pilhas de automóveis no local.
Após ver as imagens das árvores enterradas, a vereadora Elaine Mineiro (PSOL) afirmou que irá ao local pessoalmente e que acionará a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, bem como a Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras "para cobrar providências".
"Esse caso ilustra muito bem a forma como a 'gestão' do Prefeito Ricardo Nunes trata a cidade, sobretudo as regiões periféricas. É inaceitável que um caso como esse, inclusive reconhecido pela prefeitura, não seja imediatamente investigado e, caso necessário, sejam promovidas ações que deem conta da recuperação ambiental do solo e do local", encerrou Mineiro.
Imagem mais aproximada dá a dimensão da quantidade de fresa no local / Foto: Igor Carvalho
Outro lado
Consultada, a Prefeitura de São Paulo respondeu em nota da Secretaria Municipal das Subprefeituras (Smsub), que informou que os veículos serão leiloados em dezembro deste ano.
Sobre o soterramento das árvores, foi sucinta e respondeu apenas sobre a árvore que ainda mantém sua copa visível, sem citar as que já não estão mais visíveis, cobertas pelos restos de asfalto.
"Se trata do crescimento espontâneo de uma árvore da espécie Leucena sp, uma invasora natural que se adapta a qualquer tipo de solo. Não se trata, portanto, de um exemplar arbóreo que tenha sido plantado. Um engenheiro agrônomo foi ao local e constatou que a árvore está saudável", informou.
