CORONAVÍRUS

Taxa de testes positivos de covid em Belo Horizonte salta de 3% para quase 20%

Aumento aconteceu dentro de três semanas e indica grande tendência a uma nova onda de casos na capital mineira

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Marcelo Camargo - Agência Brasil

O último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), na quarta (16), mostra que a proporção de testes positivos para covid-19, em relação ao número total de testes feitos na cidade, cresceu de 3% para quase 20% dentro de três semanas. O crescimento coloca a cidade de Belo Horizonte no mesmo caminho de estados que já têm relatado uma nova onda de contaminação por coronavírus.

Segundo o médico infectologista Estevão Urbano, ex-integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid de Belo Horizonte, o percentual "mostra o espalhamento do vírus e uma tendência grande a uma nova onda".

"Nós temos que estar atentos para saber, inclusive, o tamanho que essa onda tomará e as consequências a nível de internação, óbito etc. Temos que ficar em alerta máximo neste momento", sustenta.

Nova variante

O aumento pode estar relacionado a uma nova cepa do coronavírus, chamada BQ.1, sub-variante da linhagem ômicron, ou à circulação de duas novas variantes do vírus Sars-Cov-2. De acordo com o infectologista, não é possível afirmar que a cepa BQ.1 seja mais letal, mas já há o consenso de que sua transmissão é mais rápida.

"Essa cepa consegue driblar os efeitos protetores da vacina e provocar casos leves, mas não consegue aumentar a mortalidade", avalia.

"Mesmo havendo esse escape aos anticorpos, as nossas defesas de infecções prévias e as vacinas suportam os indivíduos contra as infecções severas. Porém, ela se torna mais perigosa para pessoas não vacinadas, pessoas que sejam muito imunossuprimidas ou muito idosas", conclui.

Sem mudanças no controle

Questionada, a prefeitura garantiu que monitora sistematicamente os indicadores relacionados à pandemia de covid-19 e, "caso ocorram mudanças que justifiquem sua implementação", medidas de controle serão adotadas. No entanto, não informou quais medidas ou quais índices pautam essa aplicação.

A PBH dissolveu, em julho, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, formado por autoridades e especialistas que durante toda a pandemia auxiliaram o poder municipal a decidir as melhores ações de controle. Agora, a responsabilidade é da Secretaria Municipal de Saúde.

A prefeitura reforça a necessidade do teste laboratorial para pessoas com sintomas gripais e a vacinação para toda a população. A volta do uso de máscara, já orientada pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde desde domingo (13), ainda não é uma diretriz na capital.

Na mesma linha, atua o governo de Minas, que classifica o uso de máscaras como opcional para a população em geral, mas recomendável para pessoas com sintomas gripais e os grupos vulneráveis (idosos e portadores de comorbidades).

Vacinação: confira a sua faixa-etária

As pessoas não vacinadas ou que não completaram o esquema vacinal são o motivo da maior apreensão para as autoridades. Tanto a PBH quanto o governo de Minas apostam na imunização como a grande proteção contra a nova onda.

No entanto, em Minas Gerais, quatro entre 10 pessoas não tomaram a dose de reforço da vacina contra a covid, já disponível para toda a população acima de 12 anos.

A segunda dose de reforço, para pessoas acima de 40 anos, foi tomada por apenas 41% da população mineira. Das crianças entre 3 e 11 anos, mais da metade ainda não se imunizou com a segunda dose.

Saiba se você já deveria ter tomado

Segundo informações do governo de Minas Gerais, as faixas-etárias abaixo devem procurar os postos de saúde em todo o estado para completar seu esquema vacinal. O esquema primário significa duas doses ou a dose única da Janssen, com exceção das crianças de 6 meses a 2 anos com comorbidade.

Crianças de 6 meses a 2 anos com comorbidades: esquema primário (nesse caso, tem três doses)

Crianças de 3 anos a 11 anos: esquema primário

12 a 17 anos: esquema primário + primeira dose de reforço

18 a 39 anos: esquema primário + primeira dose de reforço

Trabalhadores da Saúde: esquema primário + duas doses de reforço

Pessoas imunocomprometidas: esquema primário + duas doses de reforço

40 anos ou mais: esquema primário + duas doses de reforço

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa