O Banrisul publicou, na última sexta-feira (18), no Diário Oficial gaúcho, edital de seleção de concurso público para o banco, com cerca 1.300 vagas, entre contratações diretas e cadastro reserva, para o cargo de Escriturário. Um percentual do quadro funcional será preenchido exclusivamente por indígenas, negros(as), Pessoas Com Deficiência (PCDs) e transexuais. Este é um dos primeiros concursos a ser realizado nas regras do decreto nº 56.229/2021, que determina a reserva de vagas para essas populações.
O Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) destaca que a realização deste concurso foi negociada durante a campanha salarial da categoria. Inicialmente, o banco havia proposto a realização de um Programa de Desligamentos Voluntários (PDV) sem a reposição do quadro efetivo, o que foi recusado pelos trabalhadores. O acordo somente foi firmado após o processo seletivo ter entrado na negociação como contrapartida aos desligamentos.
“A proposta inicial era absurda, resultaria em uma precarização do trabalho bancário, com mais colegas sobrecarregados dentro das agências. Felizmente, conquistamos a reposição do efetivo que sairá no PDV, através de novo processo seletivo. O concurso para o Banrisul é uma vitória do movimento sindical”, explica o diretor de Comunicação do SindBancários, Gilnei Nunes.
Representatividade no ambiente bancário
Atualmente, o Banrisul conta com mais de 9 mil funcionários e 497 agências bancárias. O último processo seletivo, realizado em setembro de 2022, abriu 274 vagas para a área de Tecnologia da Informação. Pelo decreto, 16% das vagas devem ser preenchidas por pessoas negras, 10% para pessoas com deficiência, 1% para pessoas trans e 1% para indígenas.
Para o diretor de Diversidade e Combate ao Racismo do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Sandro Rodrigues, a adoção das cotas para indígenas e transexuais dentro do processo seletivo do Banrisul é um avanço importante para tornar o ambiente bancário mais condizente com a representatividade e diversidade presentes na sociedade.
“A iniciativa do Banrisul é muito positiva, uma vez que possibilita a inclusão no mercado de trabalho de um grupo social que geralmente é marginalizado por uma grande parcela da sociedade. O lugar de um(a) trans é onde ele ou ela quiser”, destaca Rodrigues.
De acordo com uma pesquisa do SindBancários sobre diversidade e discriminação, aplicada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em uma amostra 627 bancários(as) ativos e aposentados da base do sindicato, em novembro do ano passado, somente 0,2% dos entrevistados afirmaram ser transexuais.
“O que a pesquisa indica é a dificuldade das pessoas assumirem identidade de gênero dentro do ambiente bancário. Isto pode se dar por diversos fatores, deste falta de autoconhecimento, medo do preconceito e até pela completa ausência de transexuais dentro da instituição financeira”, pontua o diretor sindical.
A prova do Banrisul acontece no domingo, 22 de janeiro de 2023. O prazo final para convocação dos aprovados é de dois anos.
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