Ronda Política

Lira é hostilizado por bolsonaristas, Eduardo tenta se esquivar sobre ida ao Catar e mais

Apesar de ser aliado de Bolsonaro, Arthur Lira tem se aproximado de setores à esquerda no Congresso

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Lira foi chamado de "traidor da pátria" e "omisso" por um grupo de aproximadamente 10 pessoas - Sergio Lima / AFP

O presidente da Câmara, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), foi hostilizado por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) ao chegar para um jantar com o presidente e integrantes do Partido Liberal, em Brasília, nesta terça-feira (29).

Lira foi chamado de "traidor da pátria" e "omisso" por um grupo de aproximadamente 10 pessoas que se encontravam na frente do local. Diante dos xingamentos, o parlamentar apenas olhou para trás e seguiu para o jantar sem dizer nada.

Apesar de ser aliado de Bolsonaro, Arthur Lira tem se aproximado de setores à esquerda no Congresso Nacional em busca de apoio para a reeleição à Presidência da Câmara. Nesta semana, a federação que reúne PT, PV e PCdoB anunciou apoio ao parlamentar.

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Sobre isso, Lira disse aos jornalistas que "dificilmente um presidente da Câmara governa sem ter que conversar com todos os segmentos. Então é natural que faça as composições que precisa fazer".

De acordo com o PL, o jantar serviu para dar boas-vindas aos novos parlamentares: 99 deputados e 14 senadores.

Eduardo Bolsonaro tenta se esquivar de críticas sobre ida ao Catar 

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro, afirmou que viajou ao Catar para levar vídeos, em inglês e dentro de pen drives, "explicando a situação do Brasil", em vídeo publicado nas redes sociais.

A publicação foi feita depois que Eduardo foi amplamente criticado por bolsonaristas após ter aparecido, na transmissão ao vivo do streamer Casimiro Miguel, na plateia do jogo entre Brasil e Suíça, nesta segunda-feira (28), na Copa do Mundo. Nas imagens, que foram transmitidas ao vivo, Eduardo Bolsonaro aparece ao lado de sua esposa, Heloísa Bolsonaro, ambos abraçados em um homem fantasiado. A imagem vem sendo veiculada nas redes sociais ao lado de imagens de bolsonaristas protestando nas ruas, sob sol e chuva.

Em grupos nas redes sociais, bolsonaristas acusam Eduardo de abandonar a pauta antidemocrática. "Achei uma puta falta de respeito o Eduardo Bolsonaro estar no Qatar assistindo à Copa enquanto a gente fica implorando ajuda das FAA", "se o Eduardo largou de mão e foi para Copa, o problema é dele, eu vou continuar lutando pelo Brasil" e "Eduardo Bolsonaro tirando onda na Copa..." foram algumas das mensagens reunidas pela Folha de S. Paulo.

"Nesses pen drives aqui têm vídeos, em inglês, explicando a situação do Brasil. Eu espero que você não creia que aqui no Catar só se fale em Copa do Mundo. Só para lembrar para você que a Fifa tem mais membros do que as Nações Unidas. A imprensa inteira está aqui. É por isso que a esquerda faz tanto esforço e até projeto de lei para criminalizar quem fale algumas verdades na cara, né, de outros brasileiros que têm esperança de voltar às tetas da Lei Rouanet e etc.", disse o deputado.

Transição de Lula denuncia corte de 74% no orçamento de Bolsonaro para o Turismo 

O governo Bolsonaro promoveu um corte de 74% no orçamento na área de turismo para 2023 em relação a esse ano. A previsão de investimentos, segundo o grupo de trabalho responsável pela área na equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é de apenas R$ 19 milhões.

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O grupo da transição também informou que não há recursos previstos para a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) no próximo ano, de acordo com dados que foram apresentados nesta terça-feira (29).

Todos os grupos de trabalho devem apresentar os relatórios iniciais até esta quarta-feira (30). 

Exército avalia reação a militares após carta apócrifa de tom golpista 

O Alto Comando do Exército anda discutindo possíveis reações a militares que vem colhendo assinaturas para uma carta apócrifa contra o Poder Judiciário e a favor das manifestações golpistas a favor de Bolsonaro.

Segundo apuração da Folha de S. Paulo, o movimento causou desconforto entre integrantes da cúpula da corporação, segundo a qual o documento não representa a totalidade dos oficiais. O texto, intitulado "carta dos oficiais da ativa ao Comando do Exército", começou a circular em grupos de WhatsApp na segunda-feira (28).


Jair Bolsonaro / Sergio Lima / AFP

O documento afirma que militares da ativa prezam por "legalidade, liberdade e transparência" e que o Judiciário não pode se colocar "acima da lei e da ordem democrática".

Sobre as manifestações, um trecho da carta diz o seguinte: "é natural e justificável que o povo brasileiro esteja se sentindo indefeso, intimidado, de mãos atadas e busque nas FFAA [Forças Armadas], os 'reais guardiões' de nossa Constituição, o amparo para suas preocupações e solução para suas angústias".

Assembleia de SP aprova aumento de 50% do salário de Tarcísio  

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou, nesta terça-feira (29), aumento de 50% dos salários do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos), do vice Felício Ramuth (PSD) e do novo secretariado. Agora, o salário de Tarcísio não será mais de R$ 23 mil, mas de R$ 34,5 mil.

Além da equipe mais próxima do próximo chefe do estado, outros servidores serão contemplados pelo aumento que extrapola o reajuste de acordo com a inflação. A inflação acumulada de janeiro de 2019 até hoje, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é de 25,63%, e não de 50%.


Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seu vice, Felício Ramuth (PSD) / Reprodução Facebook Felício Ramuth

O projeto de lei foi aprovado com 56 votos a favor e 6 contrários, de um total de 94 deputados estaduais. Agora, a proposta segue para sanção do atual governador Rodrigo Garcia (PSDB). De acordo com o tucano, o aumento poderá gerar um gasto anual de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.

Edição: Nicolau Soares