MEIO AMBIENTE

Mapbiomas alerta sobre aumento de 66% em queimadas no Brasil

Na Caatinga, bioma presente em todo o Nordeste, outubro apresentou a maior área queimada para todo o ano 2022

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Queimadas nos biomas brasileiros tiveram um aumento considerável entre setembro e outubro deste ano - Eduardo Queiroz

As queimadas nos biomas brasileiros tiveram um aumento considerável entre setembro e outubro deste ano. Segundo dados do Monitor do Fogo, do Mapbiomas, entre o dia 1 e o dia 30 de outubro, as queimadas no Brasil cresceram 66%. Em apenas 30 dias, 3,4 milhões de hectares foram queimados; 1,3 milhão a mais do que no mesmo mês de 2021.  

Continua após publicidade

O sistema Monitor do Fogo é um mapeamento mensal de focos de incêndios para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019 e atualizados mensalmente, baseado em mosaicos mensais de imagens de satélite. O monitor revela a localização e extensão das áreas queimadas em todos os biomas brasileiros, facilitando a contabilidade da destruição decorrente do fogo.

Leia: Após eleição de Lula, queimadas disparam em redutos bolsonaristas da Amazônia

Segundo o coordenador do Mapbiomas Caatinga, Washington Rocha, questões naturais como o clima e o manejo descontrolado são fatores ocasionadores das queimadas.

“Geralmente o segundo semestre é onde apresenta o crescimento da queimada porque são as estações onde há uma redução da umidade. Como são estações mais secas e é exatamente a falta de umidade um dos componentes que propicia a apresentação dos incêndios. Além disso, a questão ligada ao manejo utilizando queimadas em algumas áreas, principalmente áreas de fronteiras agrícolas, contribuem com os números”, comenta.

Mas, para além destas questões, o coordenador afirma que ações criminosas também têm favorecido o fogo. “Outra causa crescente são as frentes de desmatamentos, na maioria das vezes ações criminosas. Indivíduos sem compromisso com a sociedade nem com o meio ambiente provocam incêndios para desmatar”, reforça Washington.

Assista à reportagem:

Queimadas na Caatinga

As queimadas descontroladas e os incêndios florestais estimulam, de forma direta, as mudanças climáticas. O fogo mata a fauna e a flora, empobrece o solo e, em inúmeros casos, causa acidentes e perdas de propriedades.

Na Caatinga, bioma presente em todo o Nordeste, o mês de outubro foi o que apresentou maior área queimada para todo o ano de 2022, com 300 mil hectares incendiados e um aumento de 134% em relação ao mês de setembro, principalmente nas áreas próximas ao bioma cerrado e no estado do Piauí.

Leia: Bahia está em terceiro lugar no número de ocorrências de conflitos com fogo, aponta estudo

Recaatingamento

Há alguns anos, o Instituto Regional da Pequena Agricultura Apropriada (IRPAA) tem realizado ações de recaatingamento do bioma junto às comunidades tradicionais.

Segundo o técnico Luís Almeida Santos, as ações de recuperação do bioma são intervenções agroecológicas criadas a partir da convivência com o Semiárido que, além de recuperar áreas degradadas, conserva áreas através do uso sustentável.

Leia: No Semiárido, comunidade quilombola alia produção agroecológica a preservação da Caatinga

“Essa conservação é um ponto importante porque através de um plano de manejo sustentável construído com metodologias participativas junto às comunidades, a gente busca a conscientização, a educação ambiental, para atingir os objetivos de melhorar a parte produtiva e consorciar isso com a conservação ambiental”, comenta.


Ações de recaatingamento buscam recuperação do bioma exclusivamente brasileiro / Associação Caatinga

A Caatinga é o bioma brasileiro de mais difícil restauração devido a irregularidade das chuvas e dos níveis de aridez do solo, por isso, reflorestar a caatinga representa um grande desafio social, científico e tecnológico.

Leia também: Saiba o que é recaatingamento e como ele é fonte de renda para famílias camponesas do Semiárido

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga