"cidadão de bem"

Cantor baiano Netinho tem show cancelado após demonstrar apoio a golpistas bolsonaristas

Após repercussão, cantor apagou postagem em que pedia ajuda de CACs aos "patriotas" que depredaram Brasília

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Netinho, em sua foto de apresentação como candidato a deputado federal - Divulgação

O cantor Netinho (também conhecido como "Netinho da Bahia") teve um show cancelado após postagens em redes sociais em que incentivava o golpismo e a depredação no último dia 8 de janeiro, em Brasília, e convocava caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) a ajudarem "a nós, o povo patriota".

Netinho se apresentaria na festa de carnaval do Iate Clube de Aracaju (SE) no próximo dia 28 de janeiro. Diante da repercussão, o clube decidiu romper o contrato com o cantor, e anunciou que Tatau, ex-vocalista da banda Ara Ketu, será a estrela da noite.

"A Diretoria do Iate Clube de Aracaju (Icaju), em respeito à sociedade sergipana e aos sócios do clube, vem a público esclarecer que não compactua e nem apoia atos antidemocráticos e não irá permitir jamais qualquer ação dessa natureza dentro da nossa instituição", publicou a entidade no Instagram.

O cantor, que apagou a postagem que culminou com o cancelamento do show, se manifestou na rede social dizendo que se surpreendeu com a decisão do clube. Ele afirmou que já participou de outras edições do mesmo evento, "sem quaisquer discursos políticos, sem violência ou confusão de qualquer espécie".

Tentando contradizer a postagem anterior, ele afirmou que "lamenta e nega" ter incentivado atos de violência e terrorismo, e ameaçou acionar a Justiça contra quem espalhou o que ele chamou de "fake news".

No mesmo comunicado, Netinho afirmou que o show na capital sergipana seria o primeiro que faria em trio elétrico após o início da pandemia, e achou importante destacar que estava trabalhando com personal trainer para recuperar 10 quilos que teria perdido durante a campanha política.

A campanha a que ele se refere foi em busca de uma vaga como deputado federal pela Bahia. Autodeclarado "soldado de Bolsonaro", Netinho disputou a eleição pelo PL, mesmo partido do ex-presidente, e, assim como ele, ficou sem mandato: recebeu 31.448 votos.

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Conhecido pela interpretação de "Milla", sucesso dos anos 1990, Netinho teve de deixar de cantar a música depois que o autor, Manno Góes, se indignou com o uso da obra em ato bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), em maio de 2021.

Na ocasião, Góes chegou a chamar Netinho de "débil mental" por ter cantado a música em ato golpista, no qual os participantes bradavam "eu autorizo" para Bolsonaro. O compositor se desculpou pelo uso do termo ofensivo, mas manteve a postura de rechaço ao uso da música em manifestações golpistas de extrema-direita.

Edição: Nicolau Soares