eleição na Câmara

Em batalha inglória contra Lira, Chico Alencar critica 'força avassaladora do Centrão'

Deputado do PSOL deve ser o único oponente ao atual presidente da casa, Arthur Lira, amplo favorito no pleito

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Alencar lembra que Lira, representante do Centrão, foi articulador do bolsonarismo - Divulgação/Câmara

As eleições para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados acontecem nesta quarta-feira (1º). O pleito se assemelha a uma mera formalidade. Arthur Lira (PP), atual presidente da casa, deve ser reeleito para o biênio 2023 e 2024 com uma maioria avassaladora: ele tem o apoio de 20 partidos, incluindo PT e PL.

Em um esforço inglório contra o que chama de "força avassaladora do Centrão", o deputado Chico Alencar (PSOL) é o único candidato declarado contra Lira. O parlamentar sabe que suas chances são remotas, mas cita Darcy Ribeiro para justificar sua tentativa. "A humanidade só avançou em termos de direitos porque se ousou", disse ao Brasil de Fato. "Darcy Ribeiro perdeu na batalha pelo direito dos povos indígenas, pela educação pública, mas não queria estar no lugar de quem o derrotou. Ele dizia 'minhas derrotas são minhas vitórias'", lembra o deputado, apoiado pela federação PSOL/ Rede.

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"A nossa candidatura expressa a dimensão de um parlamento possível, necessário, superando esse parlamento de hoje, que é muito dos negócios e não das ideias", argumentou. 

Alencar lembra que Lira, representante do Centrão, foi artífice do bolsonarismo, inclusive na pauta da mineração em terras indígenas. "Quanto mais força o Centrão tiver, e Lira o representa e praticou todo o apoio ao governo bolsonarista, inclusive à mineração em terras indígenas, pior para qualquer executivo e para as propostas do governo Lula", acrescentou. A gente precisa diminuir um pouco essa força avassaladora como for possível".

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Alencar defendeu ainda a articulação imediata da esquerda em torno da pauta da reforma tributária. "Ainda não há articulação do campo da esquerda por uma reforma tributária progressiva, que taxe as grandes fortunas, que taxe o capital, e não o salário", disse. Ele acredita que é preciso mudar o panorama fiscal atual, que ele considera "muito regressivo e muito injusto".

"Essa é uma articulação imediata que temos que fazer para garantir uma reforma tributária que contribua para justiça social no Brasil, para que a gente supere o maior problema nacional que é a profunda desigualdade social".

Edição: Vivian Virissimo