Um grupo de integrantes da Rede Sustentabilidade defende a fusão do partido a uma sigla maior, como o Partido dos Trabalhadores (PT) ou Partido Socialista Brasileiro (PSB), diante das "fragilidades orgânicas" e dificuldades do partido para continuar existindo.
Pedro Ivo de Souza Batista, fundador e antigo porta-voz da Rede, afirmou que hoje "infelizmente" o partido não caminha para se articular com expressividade entre os movimentos sociais e os estados, frente ao avanço da extrema-direita, bem como não tem robustez suficiente para emplacar sozinho pautas da esquerda.
"A extrema-direita se organizou tanto no Brasil quanto no parlamento. Vencemos por uma margem muito pequena. Houve uma tentativa de golpe. A esquerda precisa primeiro fortalecer o presidente Lula, a partir de uma frente ampla, capaz de liderar com mais base do que já tem. As federações são importantes, mas são insuficientes, porque as federações são muito mais por um aspecto eleitoral do que uma verdadeira transformação social que envolva os movimentos sociais", afirma Pedro Ivo.
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"A minha avaliação é que partidos muito pequenos, mas ideológicos, como é o caso da Rede, precisam participar da construção dessa esquerda, com maior capacidade de intervenção política na conjuntura e na luta democrática, na luta contra as desigualdades sociais, na luta de classes, trazendo a bandeira da ecologia como um elemento importante, que é o que tem a ver com a Rede. Isso é possível havendo uma fusão dos partidos pequenos com um grande partido que possa liderar tanto no apoio ao governo Lula como o apoio às lutas sociais."
A demanda dentro do partido, no entanto, é de uma minoria. Apenas 20 correligionários, até o momento, assinam o abaixo-assinado que pede a reformulação do partido. "A grande maioria quer seguir com a Rede", afirma Pedro. "Se não houver a fusão, nós pensamos em sair para fortalecer essa estratégia, mas isso não está ainda definido."
"Fragilidades orgânicas"
No abaixo-assinado, os 20 integrantes do partido destacaram as fragilidades da Rede, cujo escopo impõe a necessidade de uma mudança. "Chegamos às vésperas do nosso Congresso sem ter viabilizado a Rede como um partido orgânico e capaz de impulsionar os valores que nos propusemos a construir. A Rede não conseguiu eleger uma bancada numericamente expressiva em 2022 e tampouco conseguiu manter importantes parlamentares que passaram pelo partido desde a sua fundação", diz o texto.
Entre as fragilidades, o grupo cita a superação da cláusula de barreira, o baixo enraizamento nos estados e em movimentos sociais e as bancadas parlamentares pequenas. Na Câmara, são apenas Marina Silva (SP) e Túlio Gadêlha (PE). No Senado, somente Randolfe Rodrigues (AP). Nas eleições de 2018, a Rede não atingiu a cláusula de barreira, que só foi superada nas eleições seguintes. Ainda assim, a superação só veio graças à federação com o PSOL, da qual faz parte.
"As fragilidades orgânicas e as dificuldades" indicam a "necessidade da Rede, justamente nestes seus 10 anos de existência, como sugere seu estatuto, avaliar se deve continuar a existir como partido na próxima quadra política", afirmam os integrantes. "É preciso avaliarmos, com respeito e franqueza, se o fortalecimento das pautas e dos valores que nortearam o movimento criativo da Rede pode ter terreno mais fértil em uma fusão com outro grande partido de centro-esquerda."
Confira quem assina o documento
Senador Randolfe Rodrigues - Líder do Governo no Congresso Nacional e Executiva Nacional da REDE - (AP)
Wesley Diógenes - Porta-Voz Nacional da REDE - (CE)
Pedro Ivo de Souza Batista - Fundador e Ex- Porta-Voz Nacional da REDE - (DF)
Emílio Façanha - Executiva Nacional da REDE - (AP)
Gustavo De Biase - Coordenador de Organização da Executiva Nacional da REDE - (DF)
Bruna Paola - Executiva Nacional e Coordenadora Nacional de Juventude da REDE - (SP)
Lucas Brandão - Executiva Nacional da REDE - (SP)
Francisco Cavalcante - Executiva Nacional da REDE e Porta-Voz da REDE Pará - (PA)
Luiza Chaer - Porta-Voz da REDE Distrito Federal - (DF)
Valdinei Tavares - Elo Nacional e Executiva Estadual da REDE Espírito Santo - (ES)
Toinha Rocha - Porta-Voz da REDE Ceará e Ex-Vereadora de Fortaleza - (CE)
Ana Laíse - Conselho de Ética Nacional da REDE - (SP)
Ângelo Daré - Coordenador de Formação da REDE Distrito Federal - (DF)
Luiz Fernando Ferreira - Coordenador de Formação da REDE Distrito Federal - (DF)
Adilson Vieira - Elo Nacional da REDE - (ES)
Sila Mesquita - Ambientalista filiada à Rede Espírito Santo - (ES)
Flávia Reis - Porta-Voz da REDE Alagoas e Elo Nacional - (AL)
Fernanda Rodrigues - Ex-Coordenadora de Comunicação da REDE Ceará - (CE)
Ricardo Vasconcelos - Vereador de Aracaju - (SE)
Carlos Monteiro - Ouvidor Nacional do Nordeste (PB)
Edição: Nicolau Soares
